A palavra “teologia” vem de duas palavras gregas que significam o “estudo de Deus”. Teologia cristã é apenas uma tentativa de entender Deus como revelado na Bíblia. Nenhuma teologia vai completamente explicar a Deus e Seus caminhos porque Deus é infinitivamente e eternamente maior do que somos. Portanto, qualquer tentativa de descrevê-lO por completo vai falhar (Romanos 11:33-36). No entanto, Deus quer que O conheçamos o máximo possível, e teologia é a arte e ciência de conhecer e entender o que podemos sobre Deus de uma forma organizada e compreensível. Muitas pessoas tentam evitar teologia porque acreditam que teologia traz discórdia. No entanto, quando compreendida de forma adequada, teologia une as pessoas. Teologia é organizar os ensinos da Palavra de Deus de uma forma compreensível. Teologia bíblica e própria é uma coisa boa; ela é os ensinos da Palavra de Deus (2 Timóteo 3:16-17).
O estudo da teologia, então, é nada mais do que aprofundar-se na Palavra de Deus para descobrir o que Ele tem revelado sobre Si. Quando fazemos isso, vamos conhecê-lo como o Criador de todas as coisas, o Sustentador de todas as coisas e o Juiz de todas as coisas. Ele é o Alfa e o Ômega, o início e o fim de todas as coisas. “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11:36). Quando Moisés perguntou quem o estava enviando a Faraó, Deus respondeu: “EU SOU O QUE SOU” (Êxodo 3:14). O nome EU SOU indica personalidade. Deus tem um nome, assim com Ele tem dado nomes a outras pessoas. O nome EU SOU ilustra uma personalidade livre, com propósito e auto-suficiente. Deus não é uma força celeste ou uma energia cósmica. Ele é o ser onipotente, auto-existente e auto-determinante com uma mente e vontade – o Deus “pessoal” que tem revelado a Si mesmo à humanidade através de Sua Palavra e de Seu Filho, Jesus Cristo.
Estudar teologia é conhecer a Deus para que possamos glorificá-lo através de nosso amor e obediência. Note a progressão aqui: temos que conhecê-lo antes de podermos amá-lo, e precisamos amá-lo antes que possamos desejar obedecê-lo. Como resultado, nossas vidas vão ser enriquecidas pelo conforto e esperança que Ele dá àqueles que conhecem, amam e obedecem a Ele. Teologia pobre e uma compreensão superficial e errada de Deus vão apenas piorar nossas vidas, ao invés de trazer o conforto e esperança aos quais almejamos. Dr. J.I. Packer resumiu tudo isso muito bem ao dizer: “Conhecer a Deus é de importância crucial para vivermos nossas vidas.... Somos cruéis a nós mesmos se tentamos viver nesse mundo sem conhecer o Deus que o administra e a quem o mundo pertence. O mundo se torna um lugar estranho, maluco e cheio de dor; a e vida se torna um assunto desapontante e desagradável para aqueles que não conhecem sobre Deus. Ignore o estudo de Deus, e você vai sentenciar sua vida a tropeços e erros estúpidos, como se com os olhos vendados, sem nenhum sentido de direção e sem nenhuma compreensão do que está ao seu redor. Dessa forma você pode desperdiçar sua vida e perder a sua alma.”
Todos os Cristãos devem ser consumidos com teologia – o estudo pessoal e intenso de Deus – para então poderem conhecer, amar e obedecer ao Deus com quem iremos passar toda a eternidade.
A palavra “teologia” vem de duas palavras gregas que significam “Deus” e “palavra”. Combinadas, temos a palavra “teologia”, que significa “estudo de Deus”. A palavra “sistemática” se refere a algo que colocamos em um sistema. Teologia sistemática é, então, a divisão da Teologia em sistemas que explicam suas várias áreas. Por exemplo, muitos livros da Bíblia dão informações sobre os anjos. Nenhum livro sozinho dá todas as informações sobre os anjos. A Teologia Sistemática coleta todas as informações sobre os anjos de todos os livros da Bíblia e as organiza em um sistema: Angelologia. Isto é a Teologia Sistemática: a organização de ensinamentos da Bíblia em sistemas de categorias.
Teologia Própria é o estudo de Deus o Pai. Cristologia é o estudo de Deus o Filho, o Senhor Jesus Cristo. Pneumatologia é o estudo de Deus o Espírito Santo. Bibliologia é o estudo da Bíblia. Soteriologia é o estudo da salvação. Eclesiologia é o estudo da igreja. Escatologia é o estudo do fim dos tempos. Angelologia é o estudo dos anjos. Demonologia Cristã é o estudo dos demônios sob uma perspectiva cristã. Antropologia Cristã é o estudo da humanidade. Hamartiologia é o estudo do pecado.
Teologia Bíblica é estudar um certo livro (ou livros) da Bíblia e enfatizar os diferentes aspectos da Teologia que ele focaliza. Por exemplo, o Evangelho de João é muito Cristológico, pois focaliza muito na divindade de Cristo (João 1:1,14; 8:58; 10:30; 20:28). A Teologia Histórica é o estudo das doutrinas e como elas se desenvolveram através dos séculos da igreja cristã. A Teologia Dogmática é um estudo das doutrinas de certos grupos cristãos que possuem doutrinas sistematizadas, por exemplo a Teologia Calvinista e Dispensacional. A Teologia Contemporânea é o estudo das doutrinas que se desenvolveram ou têm estado em foco recentemente. A Teologia Sistamática é uma importante ferramenta em nos ajudar a compreender e ensinar a Bíblia de uma forma organizada.
Romanos 8:29-30 nos diz: “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.” Efésios 1:5 e 11: “E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade... Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade.” Muitas pessoas têm forte hostilidade à doutrina da predestinação. Entretanto, a predestinação é uma doutrina bíblica. O segredo é compreender, biblicamente, o que significa.
As palavras traduzidas como “predestinou”/ “predestinados” nas Escrituras citadas acima vêm da palavra grega “proorizo”, que carrega o significado de “anteriormente determinado”, “predestinar”, “decidir de antemão”. Então, predestinação é Deus determinando antes, o acontecimento de certas coisas. E o que Deus determinou antes que acontecesse? De acordo com Romanos 8:29-30, Deus pré-determinou que certas pessoas estariam em conformidade com a imagem de Seu filho, sendo chamadas, justificadas e glorificadas. Essencialmente, Deus predetermina que certas pessoas sejam salvas. Várias Escrituras se referem aos crentes em Cristo como sendo escolhidos (Mateus 24:22, 31; Marcos 13:20, 27; Romanos 8:33; 9:11; 11:5-7,28; Efésios 1:11; Colossenses 3:12; I Tessalonicenses 1:4; I Timóteo 5:21; II Timóteo 2:10; Tito 1:1; I Pedro 1:1-2; 2:9; II Pedro 1:10). Predestinação é a doutrina bíblica de que Deus, em sua soberania, escolhe certas pessoas para serem salvas.
A objeção mais comum à doutrina da predestinação é que ela não é justa. Por que Deus escolheria certas pessoas e não outras? O que é importante lembrar é que ninguém merece ser salvo. Todos nós pecamos (Romanos 3:23) e todos merecemos punição eterna (Romanos 6:23). Como resultado, Deus seria perfeitamente justo em permitir que todos nós passássemos a eternidade no inferno. Entretanto, Deus escolhe salvar alguns de nós. Ele não está sendo injusto com aqueles que não forem escolhidos porque eles estão recebendo aquilo que merecem. Ao escolher ter compaixão por alguns, Deus não está sendo injusto com os outros. Ninguém merece nada de Deus: por isto, ninguém pode protestar se não receber nada de Deus. Uma ilustração seria se eu desse dinheiro a 5 pessoas em um grupo de 20. As 15 pessoas que não recebessem dinheiro ficariam aborrecidas? Provavelmente sim. Mas elas têm o direito de se aborrecerem? Não, não têm. Por quê? Porque não devia dinheiro a nenhuma delas. Eu simplesmente decidi ser generoso com algumas.
Se Deus escolhe quem é salvo, isto não enfraquece nosso livre arbítrio para escolher e crer em Cristo? A Bíblia diz que devemos escolher: tudo o que temos a fazer é crer no Senhor Jesus Cristo e seremos salvos (João 3:16; Romanos 10:9-10). A Bíblia nunca descreve a Deus rejeitando quem Nele crê ou mandando de volta alguém que O busque (Deuteronômio 4:29). De algum jeito, no mistério de Deus, a predestinação trabalha de mãos dadas com a pessoa sendo atraída por Deus (João 6:44) e crendo na salvação (Romanos 1:16). Deus predestina quem será salvo, e devemos escolher a Cristo para sermos salvos. Os dois fatos são igualmente verdadeiros. Romanos 11:33 proclama: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!”
O ponto de vista se refere a uma concepção abrangente do mundo a partir de uma perspectiva específica. O ponto de vista cristão sobre o mundo, então, é uma concepção abrangente do mundo a partir de uma perspectiva cristã. O ponto de vista de uma pessoa sobre o mundo é sua “visão geral”, uma harmonia de todas as suas crenças sobre o mundo. É sua maneira de compreender a realidade. O ponto de vista é a base de decisões diárias e é, por isto, extremamente importante.
Várias pessoas vêem uma maçã sobre uma mesa. Um botânico a vê e a classifica. Um artista a vê como uma natureza morta e a retrata. Um comerciante de armazém a vê como algo de valor e a registra em seu inventário. Uma criança vê seu almoço e a come. A forma como olhamos para qualquer situação é influenciada pela forma como olhamos o mundo em sua totalidade. Cada ponto de vista do mundo, cristão ou não-cristão, lida com pelo menos estas três questões:
1) De onde viemos? (E por que estamos aqui?)
2) O que há de errado com o mundo?
3) Como podemos consertá-lo?
Um ponto de vista comum sobre o mundo hoje em dia é o Naturalismo, que responde a estas três perguntas desta forma: 1) Somos o produto de atos do acaso da natureza, sem um propósito real. 2) Não respeitamos a natureza como deveríamos. 3) Podemos salvar o mundo através da ecologia e preservação. Um ponto de vista naturalista gera muitas filosofias relacionadas tais como relativismo moral, existencialismo, pragmatismo e utopianismo.
O ponto de vista cristão do mundo, por outro lado, responde a estas três questões biblicamente: 1) Somos criação de Deus, feitos para governar o mundo e ter comunhão com Ele (Gênesis 1:27-28; 2:15). 2) Nós pecamos contra Deus e sujeitamos todo o mundo a uma maldição (Gênesis 3). 3) O próprio Deus já redimiu o mundo através do sacrifício de Seu Filho, Jesus Cristo (Gênesis 3:15; Lucas 19:10), e um dia irá restaurar a criação a seu estado anterior de perfeição (Isaías 65:17-25). O ponto de vista cristão do mundo nos leva a crer em uma moral única e absoluta, em milagres, na dignidade humana e na possibilidade de redenção.
É importante lembrar que o ponto de vista do mundo é abrangente. Afeta cada área da vida, desde o dinheiro à moralidade, da política à arte. O verdadeiro cristianismo é mais do que um conjunto de idéias para se usar na igreja. O cristianismo, como ensinado na Bíblia, já é em si mesmo um ponto de vista do mundo. A Bíblia nunca faz distinção entre uma vida “religiosa” e “secular”; a vida cristã é a única vida que há. Jesus proclamou a Si mesmo “o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6) e o fazendo, tornou-se nosso ponto de vista do mundo.
O Calvinismo e o Arminianismo são dois sistemas teológicos que tentam explicar a relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana em relação à salvação. O Calvinismo recebeu este nome por causa de John Calvin (João Calvino), teólogo francês que viveu de 1509 a 1564. O Arminianismo recebeu este nome por causa de Jacobus Arminius, teólogo holandês que viveu de 1560 a 1609.
Os dois sistemas podem ser resumidos em cinco pontos. O Calvinismo defende a “depravação total”, enquanto o Arminianismo defende a “depravação parcial”. Segundo a “depravação total”, cada aspecto da humanidade está contaminado pelo pecado, e por isso, os seres humanos são incapazes de vir a Deus por iniciativa própria. A “depravação parcial” defende que cada aspecto da humanidade está contaminado pelo pecado, mas não ao ponto de fazer que os homens sejam incapazes de colocar sua fé em Deus por iniciativa própria.
O Calvinismo defende a “eleição incondicional”, enquanto o Arminianismo defende a “eleição condicional”. A “eleição incondicional” afirma que Deus elege pessoas para a salvação baseado inteiramente em Sua vontade, e não em nada que seja inerente à pessoa. A “eleição condicional” afirma que Deus elege pessoas para a salvação baseado em sua pré-ciência de quem crerá em Cristo para a salvação.
O Calvinismo defende a “expiação limitada”, e o Arminianismo defende a “expiação ilimitada”. Este, dos cinco pontos, é o mais polêmico. A “expiação limitada” é a crença de que Jesus morreu apenas pelos eleitos. A “expiação ilimitada” é a crença de que Jesus morreu por todos, mas que Sua morte não tem efeito enquanto a pessoa não crê.
O Calvinismo defende a “graça irresistível” e o Arminianismo, a “graça resistível”. A “graça irresistível” defende que quando Deus chama alguém para a salvação, esta pessoa inevitavelmente virá para a salvação. A “graça resistível” afirma que Deus chama a todos para a salvação, mas muitas pessoas resistem e rejeitam este chamado.
O Calvinismo defende a “perseverança dos santos”, enquanto o Arminianismo defende a “salvação condicional”. A “perseverança dos santos” se refere ao conceito de que a pessoa que é eleita por Deus irá perseverar em fé e nunca negará a Cristo ou se desviar Dele. A “salvação condicional” é a visão de que um crente em Cristo pode, por seu livre arbítrio, se desviar de Cristo e, assim, perder a salvação.
Portanto, neste debate entre Calvinismo e Arminianismo, quem está correto? É interessante notar que na diversidade do Corpo de Cristo, há toda a sorte de mistura de Calvinismo e Arminianismo. Há quem apóie cinco pontos do Calvinismo e cinco pontos do Arminianismo, e ao mesmo tempo, há quem apóie apenas três pontos do Calvinismo e dois pontos do Arminianismo. Muitos crentes chegam a um tipo de mistura das duas visões. No final, é nossa visão que os dois sistemas falham por tentar explicar o inexplicável. Os seres humanos são incapazes de compreender totalmente um conceito como este. Sim, Deus é absolutamente soberano e de tudo sabe. Sim, os seres humanos são chamados a fazer uma decisão genuína a colocar sua fé em Cristo para a salvação. Estes dois fatos parecem contraditórios para nós, mas na mente de Deus, fazem completo sentido.
O Dispensacionalismo é um sistema teológico que apresenta duas distinções básicas: (1) Uma interpretação consistentemente literal das Escrituras, em particular da profecia bíblica. (2) A distinção entre Israel e a Igreja no programa de Deus.
(1) Os Dispensacionalistas afirmam que seu princípio hermenêutico é o da interpretação literal. “Interpretação Literal” significa dar a cada palavra o significado que corriqueiramente teria no uso cotidiano. Símbolos e figuras de linguagem, neste método, são todos interpretados de forma simples e óbvia, e de forma alguma se opõem à interpretação literal. Mesmo os simbolismos e falas figurativas possuem em sua base significados literais.
Há pelo menos três razões para ser esta a melhor maneira de ver as Escrituras. Primeiro, filosoficamente, o propósito da linguagem parece exigir que nós a interpretemos literalmente. A linguagem foi dada por Deus para o propósito da capacidade de comunicação com o homem. A segunda razão é bíblica. Toda a profecia sobre Jesus Cristo no Velho Testamento foi literalmente cumprida. O nascimento, ministério, morte e ressurreição de Jesus ocorreram todos exatamente e literalmente como preditos pelo Velho Testamento. Não há nenhum cumprimento não-literal destas profecias no Novo Testamento. Isto fortemente aponta para o método literal. Se a interpretação literal não for usada no estudo das Escrituras, não haverá um padrão objetivo pelo qual se possa compreender a Bíblia. Cada pessoa seria capaz de interpretar a Bíblia do jeito que quisesse. A interpretação bíblica se degeneraria em “o que essa passagem me diz...” ao invés de “a Bíblia diz...” Infelizmente, este já é um caso comum em muito do que chamam de interpretação bíblica nos dias de hoje.
(2) A Teologia Dispensacionalista acredita que há dois povos distintos de Deus: Israel e a Igreja. Os Dispensacionalistas acreditam que a salvação foi sempre pela fé (Em Deus no Velho Testamento; especificamente em Deus o Filho no Novo Testamento). Os Dispensacionalistas afirmam que a Igreja não substituiu Israel no programa de Deus e que as promessas do Velho Testamento a Israel não foram transferidas para a Igreja. Eles crêem que as promessas que Deus fez a Israel (por terra, muitos descendentes e bênçãos) no Velho Testamento serão cumpridas no período de 1000 anos de que fala Apocalipse 20. Eles crêem que da mesma forma que Deus concentra sua atenção na igreja nesta era, Ele novamente, no futuro, concentrará Sua atenção em Israel (Romanos 9-11).
Usando como base este sistema, os Dispensacionalistas entendem que a Bíblia seja organizada em sete dispensações: Inocência (Gênesis 1:1- 3-7), Consciência (Gênesis 3:8- 8:22), Governo Humano (Gênesis 9:1 – 11:32), Promessa (Gênesis 12:1 – Êxodo 19:25), Lei (Êxodo 20:1 – Atos 2:4), Graça (Atos 2:4 – Apocalipse 20:3) e o Reino Milenar (Apocalipse 20:4 – 20:6). Mais uma vez, estas dispensações não são caminhos para a salvação, mas maneiras pelas quais Deus interage com o homem. O Dispensacionalismo, como um sistema, resulta em uma interpretação pré-milenar da Segunda Vinda de Cristo, e geralmente uma interpretação pré-tribulacional do Arrebatamento.
O pré-milenismo, ou pré-milenialismo, é a visão de que a segunda vinda de Cristo ocorrerá antes do Seu Reino Milenar e que esse reino será um período literal de 1000 anos. Para que possamos compreender e interpretar as passagens nas Escrituras que lidam com os eventos do fim dos tempos, há duas coisas que precisamos claramente entender: um método apropriado de interpretar as Escrituras e a distinção entre Israel (os judeus) e a Igreja (o corpo de todos os crentes em Jesus Cristo).
Primeiramente, um método apropriado de interpretação das Escrituras requer que estas sejam interpretadas de uma forma consistente com o seu contexto. Isto significa que a passagem deva ser interpretada de forma consistente com o público para a qual foi escrita, aqueles de quem se escreve, por quem foi escrita, etc. É de crítica importância conhecer o autor, o público alvo e o contexto histórico da passagem interpretada. O pano de fundo histórico e cultural frequentemente revela o significado real da passagem. É importante também lembrar-se de que as Escrituras interpretam as próprias Escrituras. Ou seja, frequentemente uma passagem cobrirá um tópico ou assunto que também é mencionado em outra parte da Bíblia. É importante interpretar todas estas passagens de forma consistente umas com as outras.
Finalmente, e mais importante, as passagens devem sempre ser interpretadas pelo seu significado normal, regular, simples e literal, a não ser que o contexto da passagem indique ser figurativa por natureza. Uma interpretação literal não elimina a possibilidade do uso de figuras de linguagem. Ao contrário, encoraja o intérprete a não ler uma linguagem figurativa no significado de uma passagem a não ser que seja apropriado para aquele contexto. É crucial que nunca se busque um significado “mais profundo, mais espiritual” do que o apresentado. Espiritualizar uma passagem é perigoso porque a base da interpretação exata é colocada na mente do leitor, ao invés de vir direto das próprias Escrituras. Neste caso, não haverá qualquer padrão objetivo de interpretação; pelo contrário, as Escrituras se tornam sujeitas à impressão própria de cada pessoa a respeito do que significam. II Pedro 1:20-21 nos lembra: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.”
Ao aplicar estes princípios de interpretação bíblica, deve-se ver que Israel (os descendentes físicos de Abraão) e a Igreja (todos os crentes) são dois grupos distintos. É crucial reconhecer e compreender que Israel e a Igreja sejam distintos porque, se isto for mal compreendido, a Escritura será mal interpretada. Especialmente propensas a erros de interpretação são passagens que lidam com as promessas feitas a Israel (tanto as cumpridas quanto as que ainda não foram cumpridas). Tais promessas não devem ser aplicadas à Igreja. Lembre-se de que o contexto da passagem determinará a quem se dirige e apontará à interpretação mais correta.
Tendo em mente tais conceitos, daremos uma olhada em várias passagens da Escritura que lidam com a visão pré-milenista. Gênesis 12: 1-3 diz: “Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.”
Aqui, Deus promete três coisas a Abraão: Abraão teria muitos descendentes, a sua nação teria posse e ocuparia uma certa terra, e uma bênção universal viria a toda a humanidade da linha de descendência de Abraão (os judeus). Em Gênesis 15:9-17, Deus confirma o Seu pacto com Abraão. Pela forma em que isto é feito, Deus toma sobre Si toda a responsabilidade pelo pacto. Ou seja, não há nada que Abraão pudesse ou não fazer que invalidaria o pacto feito por Deus. Também nesta passagem, as fronteiras são estabelecidas para a terra que os judeus um dia ocupariam. Para uma lista detalhada das fronteiras, veja Deuteronômio 34. Outras passagens que lidam com a promessa da terra: Deuteronômio 30:3-5 e Ezequiel 20:42-44.
Em II Samuel capítulo 7, vemos a promessa feita por Deus ao Rei Davi. Aqui Deus promete a Davi que ele teria descendentes e que destes descendentes Deus estabeleceria um reino eterno. Isto se refere ao reinado de Cristo durante o Milênio e para sempre. É importante ter em mente que esta promessa deve ser cumprida literalmente e que ainda não o foi. Alguns creem que o reinado de Salomão tenha sido o cumprimento literal desta profecia, mas há um problema com isto. O território sobre o qual Salomão reinou não pertence a Israel hoje e Salomão tampouco reina sobre Israel hoje! Lembre-se de que Deus prometeu a Abraão que sua descendência teria posse da terra para sempre. Além disso, II Samuel 7 diz que Deus estabeleceria um Rei que reinaria pela eternidade. Salomão não poderia ser um cumprimento da promessa feita a Davi. Sendo assim, esta é uma promessa que ainda não foi cumprida.
Agora, com tudo isso em mente, examine o que está registrado em Apocalipse 20:1-7. O período de mil anos que é repetidamente mencionado nesta passagem corresponde ao reinado literal de 1000 anos de Cristo sobre a terra. Lembre-se de que a promessa feita a Davi a respeito de um governante tem que ser cumprida literalmente e ainda não o foi. O pré-milenismo vê esta passagem como descrevendo o cumprimento futuro dessa promessa com Cristo no trono. Deus fez pactos incondicionais com Abraão e Davi. Nenhum destes pactos foi ainda completamente ou permanentemente cumprido. Um reinado físico e literal de Cristo é a única maneira para que os pactos sejam compridos da forma em que Deus prometeu que seriam.
A aplicação de um método literal de interpretação da Escritura resulta nas peças do quebra-cabeça se juntando. Todas as profecias do Antigo Testamento que tratavam da primeira vinda de Jesus foram literalmente cumpridas. Sendo assim, devemos esperar que as profecias a respeito de Sua segunda vinda também serão cumpridas literalmente. O pré-milenismo é o único sistema que concorda com uma interpretação literal dos pactos de Deus e profecia do fim dos tempos.
O amilenismo, ou amilenialismo, é o nome dado à crença de que não haverá um reino literal de Cristo por 1000 anos. As pessoas que defendem essa ideia são chamadas de amilenistas. O prefixo "a" em amilenismo significa "não" ou "sem". Portanto, o amilenismo significa “sem milênio”. Isso difere da opinião mais comum chamada de pré-milenialismo/pré-milenismo (a opinião de que a segunda vinda de Cristo vai acontecer antes do Seu reino milenar e que o reino de Cristo é um reino literal de 1000 anos) e da opinião menos comum chamada de pós-milenialismo/pós-milenismo (a crença de que Cristo vai retornar depois que os cristãos – não o próprio Cristo – estabelecerem o reino na terra).
No entanto, em justiça aos que são amilenistas, devemos acrescentar que eles não acreditam que não haja nenhuma forma de milênio. Eles só não acreditam em um milênio literal – um reino literal de 1000 anos de Cristo na terra. Ao invés, acreditam que Cristo esteja sentado agora mesmo no trono de Davi e que a era atual da Igreja seja o reino sobre o qual Cristo tem domínio. Não há dúvida nenhuma de que Cristo esteja agora mesmo sentado no trono, mas isso não significa que esse seja o reino ao qual a Bíblia se refere como o trono de Davi. Não há dúvida de que Cristo agora reina, pois Ele é Deus. No entanto, isso não significa que Ele esteja exercendo agora o Seu reino milenar.
Para que Deus possa cumprir as Suas promessas a Israel e Sua aliança com Davi (2 Samuel 7:8-16; 23:5; Salmos 89:3-4), tem que existir um reino literal e físico na terra. Duvidar disso é questionar o desejo de Deus e/ou a sua habilidade de cumprir as Suas promessas, e isso abre as portas para vários problemas teológicos. Por exemplo, se Deus pudesse renegar Suas promessas a Israel depois de afirmar que eram “eternas”, como poderíamos ter certeza de quaisquer de Suas promessas, inclusive das promessas de Salvação aos que creem no Senhor Jesus? A única solução é acreditar na Sua Palavra e compreender que as Suas promessas serão cumpridas literalmente.
Indicações bíblicas claras de que o reino será um reino literal aqui na terra são:
1) Os pés de Cristo tocam no Monte das Oliveiras antes do Seu reino ser estabelecido (Zacarias 14:4,9);
2) Durante o reino, o Messias vai executar justiça e julgamento na terra (Jeremias 23:5-8);
3) O reino é descrito como sendo debaixo do céu (Daniel 7:13-14,27).
4) Os profetas profetizaram de mudanças terrenas dramáticas durante o reino (Atos 3:21; Isaías 35:1-2; 11:6-9; 29:18; 65:20-22; Ezequiel 47:1-12; Amós 9:11-15); e
5) A ordem cronológica dos eventos de Apocalipse indica a existência de um reino milenar antes da conclusão da história mundial (Apocalipse 20).
A opinião amilenista surge do uso de um método de interpretação para profecias ainda não cumpridas e de um outro método para as Escrituras não-proféticas e profecias cumpridas. Escrituras não-proféticas e profecias cumpridas são interpretadas literalmente e normalmente. Entretanto, de acordo com o amilenista, profecia não cumprida é para ser interpretada espiritualmente, ou de forma não literal. Aqueles que defendem o amilenismo acreditam que uma leitura "espiritual" das profecias não cumpridas seja a leitura apropriada daqueles textos. Isso se chama de dupla hermenêutica. Por hermenêutica entende-se o estudo dos princípios de interpretação. O amilenista acredita que a maioria, se não todas, das profecias não cumpridas são escritas em linguagem simbólica, figurativa e espiritual. Portanto, os amilenistas dão um sentido diferente àquelas partes da Bíblia do que o significado normal e contextual de suas palavras.
O problema de interpretar profecias não cumpridas dessa forma é que abre as portas para uma grande quantidade de significados. A menos que se interprete a Bíblia no sentido normal, não haverá apenas um significado. Ao mesmo tempo, Deus, o grande Autor de todas as Escrituras, teve apenas um significado em mente quando inspirou os autores humanos a escreverem. Embora possamos tirar muitas aplicações para as nossas vidas de uma só passagem da Bíblia, há apenas um significado e esse significado é o que Deus quis transmitir. Além disso, o fato de que profecias cumpridas foram cumpridas literalmente é o melhor motivo para acreditarmos que as profecias ainda não cumpridas serão cumpridas literalmente. As profecias sobre a primeira vinda de Cristo foram todas cumpridas literalmente. Portanto, deve-se esperar que as profecias sobre a segunda vinda de Cristo também serão cumpridas literalmente. Por esses motivos, uma interpretação alegórica de profecias não cumpridas deve ser rejeitada e uma interpretação literal ou normal dessas profecias deve ser adotada. O amilenismo falha por utilizar uma hermenêutica inconsistente, ou seja, a interpretação da profecia não cumprida de forma diferente da profecia cumprida.
O pós-milenismo é uma interpretação de Apocalipse, capítulo 20, que vê a segunda vinda de Cristo como ocorrendo após o "milênio", uma era dourada da prosperidade e dominância cristã. O termo inclui várias opiniões semelhantes do fim dos tempos e existe em contraste ao pré-milenismo (a visão de que a segunda vinda de Cristo ocorrerá antes do Seu reino milenar e que o reino milenar é um reino de 1000 anos literais) e, em menor contraste, ao amilenismo (sem milênio literal).
O pós-milenismo é a crença de que Cristo vai retornar depois de um período de tempo, mas não necessariamente 1000 anos. Aqueles que defendem essa opinião não interpretam literalmente as profecias ainda não cumpridas. Eles acreditam que Apocalipse 20:4-6 não deva ser interpretado literalmente e que 1000 anos simplesmente significa “um longo período de tempo”. Além disso, o prefixo “pós” em pós-milenismo denota que Cristo vai retornar depois que os cristãos (não o próprio Cristo) estabelecerem o reino na terra.
Aqueles que defendem o pós-milenismo acreditam que o mundo vai ficar melhor e melhor – apesar de toda a evidência de que o contrário esteja acontecendo - com o mundo inteiro eventualmente se tornando “Cristianizado”. Depois que isso acontecer, Cristo vai retornar. No entanto, essa não é a visão do mundo no fim dos tempos que a Bíblia apresenta. No livro de Apocalipse, é fácil ver que o mundo será um lugar horrível durante aquele tempo futuro. Além disso, em 2 Timóteo 3:1-7 Paulo descreve os últimos dias como “tempos terríveis”.
Aqueles que defendem o pós-milenismo usam um método não literal de interpretar profecias ainda não cumpridas, acrescentando o seu próprio significado às palavras. O problema com isso é que quando se começa a dar significados diferentes a palavras além do seu sentido normal, uma pessoa pode decidir que uma palavra, frase ou sentença significa qualquer coisa que queira que signifique. Toda a objetividade em relação ao sentido das palavras é perdido. Quando as palavras perdem o seu significado, a comunicação cessa. No entanto, não foi assim que Deus quis que a linguagem e comunicação fossem. Deus se comunica conosco através de Sua palavra escrita, dando um significado objetivo às palavras para que as ideias e pensamentos possam ser comunicados.
Uma interpretação normal e literal das Escrituras rejeita o pós-milenismo e defende uma interpretação normal de todas as Escrituras, inclusive das profecias ainda não cumpridas. Temos centenas de exemplos nas Escrituras de profecias sendo cumpridas. Tomemos, por exemplo, as profecias sobre Cristo no Antigo Testamento. Aquelas profecias foram cumpridas literalmente. Considere o nascimento virgem de Cristo (Isaías 7:14; Mateus 1:23). Considere a Sua morte pelos nossos pecados (Isaías 53:4-9; 1 Pedro 2:24). Essas profecias foram cumpridas literalmente e isso é motivo suficiente para acreditarmos que Deus continuará cumprindo a Sua Palavra literalmente. O pós-milenismo falha por interpretar a profecia bíblica subjetivamente e afirmar que o reino milenar será estabelecido pela Igreja, e não pelo próprio Cristo.
Trinitarianismo é o ensino de que Deus é triúno, que Ele tem Se revelado em três Pessoas co-iguais e co-eternas. Para uma apresentação bíblica e detalhada da Trindade, por favor leia nosso artigo sobre o que a Bíblia ensina sobre a Trindade. O propósito desse artigo é apenas discutir a importância do Trinitarianismo em relação à salvação e vida Cristã.
Frequentemente recebemos a pergunta: "tenho que acreditar na Trindade para ser salvo?" A resposta é – sim e não. Tem uma pessoa que compreender totalmente e concordar com todos os aspectos do Trinitarianismo para ser salvo? Não. Há certos aspectos do Trinitarianismo que fazem um papel importante em salvação? Sim. Por exemplo, a divindade de Cristo é de importância crucial à doutrina da salvação. Se Jesus não fosse Deus, Sua morte não poderia ter pago a penalidade infinita do pecado. Só Deus é infinito – Ele não teve um começo e não tem um fim. Todas as outras criaturas, incluindo os anjos, são finitos – eles são todos seres criados. Apenas a morte de um Ser infinito poderia expiar pelo pecado da humanidade por toda a eternidade. Se Jesus não fosse Deus, Ele não poderia ser o Salvador, o Messias, o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo (João 1:29). Uma opinião não bíblica da natureza divina de Jesus resulta em uma opinião errada sobre salvação. Toda seita "Cristã" que nega a divindade verdadeira de Cristo também ensina que precisamos adicionar nossas obras à morte de Cristo para podermos ser salvos. A verdadeira e completa divindade de Cristo, um aspecto do Trinitarianismo, refuta esse conceito.
Ao mesmo tempo, reconhecemos que há seguidores genuínos de Jesus Cristo que não defendem o Trinitarianismo por completo. Enquanto rejeitamos Modalismo, não negamos que uma pessoa pode ser salva e acreditar que Deus não é três Pessoas, mas simplesmente Se revelou de três “modos”. A Trindade é um mistério que nenhum ser humano finito pode completamente e perfeitamente compreender. Para salvação ser recebida, Deus exige que confiemos em Jesus Cristo, Deus encarnado, como Salvador. Para salvação ser recebida, Deus não exige aderência completa a todo preceito de teologia Bíblica como a Bíblia ensina. Não, entendimento completo e concordar completamente com todos os aspectos do Trinitarianismo não são necessários para salvação.
Defendemos fortemente que Trinitarianismo é um doutrina baseada no que a Bíblia ensina. Proclamamos de forma dogmática que compreender e acreditar no Trinitarianismo bíblico é crucialmente importante para a compreensão de Deus, salvação, e o trabalho contínuo de Deus na vida dos seguidores de Cristo. Ao mesmo tempo, têm existido homens que amam a Deus, seguidores genuínos de Jesus Cristo, que têm tido certos desacordos com aspectos do Trinitarianismo. É importante lembrar que não somos salvos por ter uma doutrina perfeita. Somos salvos ao confiar no nosso perfeito Salvador (João 3:16). Temos que acreditar em certos aspectos do Trinitarianismo para sermos salvos? Sim! Temos que concordar totalmente com todas as áreas do Trinitarianismo para sermos salvos? Não!
Por todo o curso da história da igreja, várias opiniões ou teorias diferentes sobre a expiação têm sido propostas por indivíduos ou organizações diferentes, algumas delas sendo verdadeiras, outras sendo falsas. Um dos motivos para isso é que o Velho e o Novo Testamento revelam muitas verdades sobre a expiação de Cristo, então é difícil, se não impossível, achar apenas uma “teoria” que engloba ou explica a riqueza dessa doutrina por completo. Ao contrário, o que descobrimos à medida que estudamos as Escrituras, é um retrato rico e de muitas faces sobre a redenção que Cristo tem executado. Um outro fator que contribui à existência de tantas teorias sobre a expiação é que muito do que podemos aprender sobre a expiação precisa ser compreendido da experiência e perspectiva do povo de Deus sob o sistema de sacrifícios do Velho Testamento. Já que ter uma opinião correta da expiação de Cristo é fundamental para entender a Bíblia como um todo, até mesmo uma análise das teorias diferentes pode nos ser útil.
A expiação de Cristo (seu propósito e o que cumpriu) é tão rica que muito tem sido escrito sobre esse assunto. O propósito desse artigo é providenciar um simples resumo das muitas teorias que têm sido propostas durante o percurso da história da igreja. Ao estudar as opiniões diferentes sobre a expiação, não devemos nunca esquecer do fato de que qualquer opinião que não reconhece o pecado do homem e o aspecto substitucionário da expiação é deficiente e herege.
Teoria do Resgate pago a Satanás: Essa opinião enxerga a expiação de Cristo como um resgate que foi pago a Satanás para comprar a liberdade do homem depois de ter sido seu escravo. Ela é baseada na crença de que a condição espiritual do homem é como um escravo de Satanás e que o significado da morte de Cristo foi para assegurar a vitória de Deus contra Satanás. Essa teoria tem pouco sustento bíblico (se é que tem qualquer sustento) e poucas pessoas defenderam essa opinião durante o curso da história da igreja. É herege porque acha que Satanás, e não Deus, foi quem exigiu o pagamento pelo pecado e completamente ignora as exigências da justiça de Deus como vemos nas Escrituras. Também tem uma opinião de Satanás ocupando uma posição mais alta do que a realidade e tendo mais poder do que ele realmente tem. Não há nenhum sustento bíblico para a idéia de que pecadores devem qualquer coisa a Satanás, e ao ler a Bíblia podemos ver que Deus é quem exige um pagamento pelo pecado.
Teoria da Recapitulação: Essa opinião enxerga a expiação de Cristo como uma ação para reverter o percurso da humanidade de desobediência a obediência. Ela acredita que a vida de Cristo resumiu todos os estágios da vida humana e ao fazer isso reverteu o percurso de desobediência iniciado por Adão. Essa teoria não tem nenhum sustento bíblico.
Teoria Dramática: Essa teoria enxerga a expiação de Cristo como tendo dois propósitos: assegurar a vitória em um conflito divino entre o bem e o mal, e ganhar a liberação do homem de sua escravidão a Satanás. O significado da morte de Cristo foi para assegurar a vitória de Deus contra Satanás e providenciar um caminho para redimir o mundo de sua escravidão ao mal.
Teoria Mística: Essa opinião enxerga a expiação de Cristo como um triunfo de Cristo contra a Sua própria natureza pecaminosa através do poder do Espírito Santo. Aqueles que defendem essa opinião acreditam que conhecimento dessa vitória vai influenciar o homem de uma forma mística e despertar sua “consciência de deus”. Eles também acreditam que a condição espiritual do homem não é o resultado do pecado, mas simplesmente uma falta de “consciência de Deus”. Claramente essa é umas das teorias mais hereges de todas, porque acreditar nessa teoria significa acreditar que Cristo tinha uma natureza pecaminosa. As Escrituras são bem claras ao declarar que Cristo era o perfeito Deus-homem e sem pecado em todo aspecto da Sua natureza (Hebreus 4:15).
Teoria de Exemplo: Essa opinião enxerga a expiação de Cristo como um exemplo de fé e obediência para encorajar o homem a ser obediente a Deus. Aqueles que defendem essa opinião acreditam que o homem é espiritualmente vivo e que a vida de Cristo e a Sua expiação foram simplesmente um exemplo de fé verdadeira e obediência e deve servir como inspiração aos homens a viver uma vida semelhante de fé e obediência. Essa e a teoria da influência moral são semelhantes, pois ambas negam que a justiça de Deus exige um pagamento pelo pecado e que a morte de Cristo na cruz foi o pagamento. A diferença principal entre a teoria da influência moral e a teoria de exemplo é que a primeira diz que a morte de Cristo nos ensina o quanto Deus nos ama e a segunda diz que a morte de Cristo nos ensina a viver. Claro que Cristo com certeza é um exemplo que devemos seguir, até mesmo em Sua morte, mas a teoria do exemplo deixa de reconhecer a verdadeira condição espiritual do homem- morto em delitos e pecado (Efésios 2:1) – e que a justiça de Deus exige pagamento pelo pecado, o qual o homem não é capaz de pagar de forma alguma.
Teoria de Influência Moral: Essa teoria enxerga a expiação de Cristo como uma demonstração do amor de Deus que causa o coração do homem a abrandar e arrepender-se. Aqueles que defendem essa teoria acreditam que o homem é espiritualmente doente e precisa de ajuda e que o homem é levado a aceitar o perdão de Deus ao ver o amor de Deus pelos homens. Eles acreditam que o propósito e significado da morte de Cristo foi demonstrar o amor de Deus pelos homens. Enquanto é verdade que a expiação de Cristo foi o exemplo supremo do amor de Deus, essa opinião também é herege porque nega a verdadeira condição espiritual do homem e nega que Deus realmente exige um pagamento pelo pecado. Essa teoria da expiação de Cristo deixa a humanidade sem um sacrifício verdadeiro e sem o pagamento pelo pecado.
Teoria Comercial: Essa teoria enxerga a expiação de Cristo como algo que traz honra infinita a Deus. Isso fez com que Deus desse a Cristo uma recompensa da qual Ele não precisava, e Cristo deu essa recompensa ao homem. Aqueles que defendem essa teoria acreditam que a condição espiritual do homem é uma que desonra a Deus e a morte de Cristo, a qual trouxe honra infinita a Deus, pode ser usada pelos pecadores para obter salvação. Essa teoria, como muitas outras, nega o verdadeiro estado dos pecadores não regenerados e sua necessidade de uma natureza completamente nova, disponível apenas em Cristo (2 Coríntios 5:17).
Teoria Governamental: Essa teoria enxerga a expiação de Cristo como demonstrando o quanto Deus valoriza Sua lei e como Ele encara o pecado. É através da morte de Cristo que Deus tem um motivo para perdoar os pecados daqueles que se arrependem e aceitam a morte substitucionária de Cristo. Aqueles que defendem essa opinião acreditam que a condição espiritual do homem é uma de quem tem violado a lei moral de Deus e que o significado da morte de Cristo foi para ser um substituto pela penalidade do pecado. Porque Cristo pegou a penalidade do pecado, é possível que Deus perdoe legalmente aqueles que aceitam Cristo como seu substituto. Essa teoria falha em não ensinar que Cristo realmente pagou pela penalidade dos pecados reais de qualquer povo, e mostra ao invés disso que Seu sofrimento apenas mostrou à humanidade que as leis de Deus foram quebradas e que algum tipo de penalidade foi paga.
Teoria da Substituição Penal: Essa teoria enxerga a expiação de Cristo como sendo um sacrifício substitucionário que satisfez as exigências da justiça Deus sobre o pecado. Ao fazer isso, Cristo pagou a penalidade pelo pecado dos homens por trazer perdão, por imputar justiça e por reconciliar o homem a Deus. Aqueles que defendem essa teoria acreditam que todos os aspectos do homem - sua mente, vontade e emoções- têm sido contaminados pelo pecado. Também acreditam que o homem é espiritualmente depravado e morto. Essa teoria acredita que a morte de Cristo pagou a penalidade do pecado por aqueles que Deus elegeu e escolheu salvar, e que através de arrependimento o homem pode aceitar a substituição de Cristo como pagamento pelo seu pecado. Essa teoria se alinha com a Bíblia de uma forma mais correta em sua opinião do pecado, da natureza do homem e sobre os resultados da morte de Cristo na cruz.
A palavra "apologia" vem de uma palavra grega que significa "dar uma defesa". Apologética Cristã, então, é a ciência de dar uma defesa da fé Cristã. Há muitos céticos que duvidam da existência de Deus e/ou atacam a crença no Deus da Bíblia. Há muitos críticos que atacam a inspiração e inerrância da Bíblia. Há muitos falsos professores que promovem doutrinas falsas e negam as verdades básicas da fé Cristã. A missão da apologética Cristã é combater esses movimentos e promover o Deus Cristão e a verdade Cristã.
O versículo chave para a apologética Cristã é provavelmente 1 Pedro 3:15-16: "antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor..." Não há nenhuma desculpa para um Cristão ser completamente incapaz de defender sua fé. Todo Cristão deve ser capaz de pelo menos dar uma apresentação razoável de sua fé em Cristo. Não, nem todo Cristão precisa ser um especialista em apologética. Todo Cristão, no entanto, deve saber o que acredita, por que acredita, como compartilhar sua fé com outras pessoas, e como defendê-la contra mentiras e ataques.
Um segundo aspecto de apologética Cristã que é ignorado com frequência é a primeira parte de 1 Pedro 3:16: "fazendo-o, todavia, com mansidão e temor..." Defender a fé Cristã com apologética nunca deve envolver ser rude, furioso ou desrespeitoso. Enquando praticando apologética Cristã, devemos tentar ser fortes em nossa defesa e ao mesmo tempo imitar a humildade de Cristo em nossa apresentação. Se ao ganharmos um debate levamos uma pessoa ainda mais longe de Cristo pela nossa atitude, perdemos o verdadeiro propósito da apologética Cristã.
Há dois aspectos / métodos básicos de apologética Cristã. O primeiro, conhecido como apologética clássica, envolve compartilhar provas e evidências de que a mensagem Cristã é verdade. O segundo, conhecido como apologética presuposicional, envolve confrontar as pressuposições (idéias pré-concebidas, suposições) por trás das posições anti-Cristãs. Proponentes dos dois métodos de apologética Cristã geralmente discutem entre si sobre qual método é mais eficiente. Aparentaria ser bem mais produtivo usar os dois métodos, dependendo da pessoa e da situação.
Apologética Cristã é simplesmente apresentar uma defesa básica da fé Cristã e da verdade Cristã àqueles que delas discordam. Apologética Cristã é um aspecto necessário da vida Cristã. Somos todos comandados a estarmos prontos e equipados a proclamar o Evangelho e defender nossa fé (Mateus 28:18-20; 1 Pedro 3:15). Essa é a essência da apologética Cristã.
"Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória. Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, o afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; Pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência" (Colossenses 3:1-6).
Mais do que uma simples lista de “faça” ou “não faça”, a Bíblia nos dá instruções detalhadas de como um Cristão deve viver. A Bíblia é tudo que precisamos para saber como viver a vida Cristã. No entanto, a Bíblia não se dirige diretamente a exatamente todas as situações que vamos ter que encarar em nossas vidas. Como então ela é suficiente? Em situações assim é que temos que aplicar a Ética Cristã.
A ciência define a ética como: “um grupo de princípios morais, o estudo da moralidade”. Portanto, Ética Cristã pode ser definida como os princípios que são derivados da fé Cristã e pelos quais agimos. Enquanto a Palavra de Deus talvez não cobre cada situação que temos que encarar em nossas vidas, seus princípios nos dão os padrões pelos quais devemos agir nas situações onde não temos instruções explícitas. Por exemplo, a Bíblia não diz nada diretamente sobre o uso ilegal de drogas, no entanto, baseado nos princípios que aprendemos das Escrituras, podemos saber que é errado.
A Bíblia nos diz que nosso corpo é o templo do Espírito Santo e que devemos usá-lo para honrar a Deus (1 Coríntios 6:19-20). Por saber o que o uso de drogas causa ao nosso corpo – o dano que causa a vários órgãos – sabemos que usar drogas iria destruir o templo do Espírito Santo. Com certeza isso não iria honrar a Deus. A Bíblia também nos diz que devemos seguir as autoridades que Deus tem estabelecido (Romanos 13:1). Dada a natureza ilegal das drogas, ao usá-las não estaríamos nos submetendo às autoridades, pelo contrário, estaríamos nos rebelando contra elas. Isso significa que se drogas ilegais se tornassem legais, então não teria problema? Não sem violar o primeiro princípio.
Ao usar os princípios que achamos nas Escrituras, os Cristãos podem determinar seu caminho em qualquer situação. Em alguns casos, vai ser bem simples, tais como as regras para a vida Cristã que encontramos em Colossenses 3. Em outros casos, no entanto, temos que cavar mais fundo. A melhor forma de fazer isso é orar e estudar a Palavra de Deus. O Espírito Santo habita em cada Cristão, e parte do seu papel é nos ensinar como viver: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (João 14:26). “E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis” (1 João 2:27). Então, ao meditarmos na Palavra de Deus e orarmos, o Espírito vai nos guiar e nos ensinar. Ele vai nos mostrar o princípio no qual precisamos nos apoiar para aquela situação.
Enquanto é verdade que a Palavra de Deus não se refere diretamente a toda situação que teremos que encarar em nossas vidas, ela ainda é completamente suficiente para vivermos a vida Cristã. Na maioria das situações, podemos ver claramente o que a Bíblia diz e seguir o percurso apropriado baseado nisso. Nos casos onde as Escrituras não nos dão instruções explícitas, precisamos procurar por princípios bíblicos que se aplicam a tal situação. Novamente, na maioria dos casos isso vai ser fácil de fazer. A maioria dos princípios que os Cristãos seguem são suficientes para a maioria das situações. No raro caso onde não há uma passagem bíblica nem um princípio aparentemente claro, precisamos depender de Deus. Precisamos orar, meditar em Sua Palavra e abrir-nos ao Espírito Santo. O Espírito vai usar a Bíblia para nos ensinar e guiar ao princípio que precisamos honrar para que possamos andar e viver como um Cristão deve.
Teologia do Pacto é baseada na teoria de que Deus tem apenas um pacto com os homens (aliança / pacto da graça) e apenas um povo, representados pelos santos do Velho e do Novo Testamento – um povo, uma igreja e um plano para todos. Essas crenças exigem que aqueles que defendem a Teologia do Pacto interpretem profecias de uma forma não literal. Dispensacionalismo, por outro lado, é um sistema de teologia com duas características principais: (1) uma interpretação literal das Escrituras, principalmente profecia bíblica, e (2) uma distinção entre Israel e a Igreja no programa de Deus.
Aqueles que defendem a Teologia do Pacto acreditam que existe, e sempre tem existido, apenas um povo de Deus. Eles acreditam que Israel era a Igreja do Velho Testamento, e a Igreja é Israel no Novo Testamento. As promessas de terra, muitos descendentes e benção feitas a Israel no Velho Testamento têm sido “espiritualizadas” e aplicadas à Igreja no Novo Testamento por causa da descrença de Israel e da sua rejeição do Messias. Aqueles que defendem a Teologia do Pacto não interpretam profecia no seu sentido natural. Por exemplo, em Apocalipse 20, o reino milenar de Cristo é descrito. A Teologia do Pacto diria que o número 1000 é simbólico e não significa realmente 1000 anos. Eles diriam que estamos no milênio agora, que o reino de Cristo com os santos está acontecendo agora mesmo no céu, e que o reino de 1000 anos é simbólico, começando com a primeira vinda de Cristo e terminando quando Ele retornar.
De acordo com as Escrituras, a Teologia do Pacto está errada em como a nação de Israel é vista e como profecia é interpretada. O método adequado de interpretar as Escrituras é interpretá-la no seu sentido normal. A menos que o texto indique que está usando linguagem figurativa, o texto deve ser entendido literalmente. Quando as Escrituras falam de Israel, não está se referindo à Igreja, e quando está falando da Igreja, não está se referindo a Israel. Deus tem um plano para Israel e um outro plano para a Igreja. Além disso, em referência à profecia, todas as profecias cumpridas até agora foram cumpridas literalmente, não figurativamente. Cristo cumpriu literalmente as profecias do Velho Testamento sobre o Messias quando Ele veio uns 2000 mil anos atrás. Não há nenhum motivo para acharmos que as profecias ainda não cumpridas devem ser entendidas de uma forma figurativa. Assim como aquelas no passado, profecia futura vai ser realizada literalmente no futuro.
Em Romanos 11:1, Paulo faz uma pergunta sobre o futuro de Israel e responde definitivamente: “Pergunto, pois: terá Deus, porventura, rejeitado o seu povo? De modo nenhum!” O resto do capítulo deixa bem claro que Israel passou por um “endurecimento”, ou seja, foi temporariamente colocada de lado “até que haja entrado a plenitude dos gentios” (Romanos 11:25). Israel não se tornou a Igreja, ao contrário, a Igreja foi “enxertada” (v.17) à raiz da família de Deus, criando um só corpo da união dos dois, permanecendo distintas quanto à origem, mas unidas em fé. Se a Igreja era para substituir Israel, a ilustração seria de uma árvore (Israel) sendo arrancada e substituída por uma outra (a Igreja). Mas a ilustração de um galho sendo enxertado em uma árvore é bem clara. Esse é o “mistério” do qual Paulo fala no versículo 25. Um mistério no Novo Testamento se refere a algo previamente não revelado, e a idéia de um outro grupo de pessoas fazendo parte do povo escolhido de Deus era novidade para os judeus daquela época.
Vai Deus desamparar Seu povo Israel? Não, Deus não vai desamparar o Seu povo. Pelo contrário, a passagem a partir do versículo 26 diz: “todo o Israel será salvo”. No futuro, “Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades.” Aqui está a promessa de Deus ao Seu povo escolhido para a sua futura restauração. Que plano glorioso! Não é de espantar que ao contemplar tal plano, Paulo exclamou: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!” Deus é fiel, misericordioso e Seus planos são sempre perfeitos; um dia os judeus e gentios vão louvar ao Senhor Jesus Cristo como um só corpo.
Providência Divina é o meio pelo qual Deus governa todas as coisas no universo. A doutrina da providência divina afirma que Deus tem controle completo de todas as coisas. Isso inclui o universo como um todo (Salmos 103:19), o mundo físico (Mateus 5:45), as transações das nações (Salmos 66:7), nascimento e destino humanos (Gálatas 1:15), sucessos e fracassos humanos (Lucas 1:52), e a proteção do seu povo (Salmos 4:8). Essa doutrina se mantém em direto contraste à idéia de que o universo é governado por sorte ou acaso.
O propósito, ou objetivo, da providência divina é realizar a vontade de Deus. Para garantir que seus propósitos vão ser cumpridos, Deus governa os negócios dos homens e trabalha através da ordem natural das coisas. As leis da natureza são nada mais do que uma descrição de Deus trabalhando no universo. As leis da natureza não têm nenhum poder em si mesmas, nem trabalham independentemente; elas são regras e princípios que Deus estabeleceu para governar como as coisas funcionam.
O mesmo princípio se aplica à escolha humana. De uma forma real não somos livres para escolher ou agir separados da vontade de Deus. Tudo que fazemos e tudo que escolhemos está completamente de acordo com a vontade de Deus – até mesmo nossas escolhas pecaminosas (Gênesis 50:20). No fim das contas, Deus é quem controla nossas escolhas e ações (Gênesis 45:5; Deuteronômio 8:18; Provérbios 21:1), ao mesmo tempo, Ele faz isso de tal forma que não viola nossa responsabilidade como agentes morais e livres, nem nega a realidade de nossa escolha.
A Confissão De Fé De Westminster afirma a doutrina de providência divina de uma forma sucinta e que ao mesmo tempo captura todos os elementos da doutrina: “Desde toda eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou, livre e inalteravelmente, tudo quanto acontece; porém, de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias antes estabelecidas (CFW, 3.1)”. O meio principal pelo qual Deus executa Sua vontade é através de causas secundárias (ex: leis da natureza, escolha humana). Em outras palavras, Deus trabalha indiretamente através dessas causas secundárias para realizar a Sua vontade. A Confissão de Fé de Westminster também diz: “Posto que, em relação à presciência e ao decreto de Deus, que é a causa primária, todas as coisas acontecem imutável e infalivelmente, contudo, pela mesma providência, Deus ordena que elas sucedam, necessária, livre ou contingentemente, conforme a natureza das coisas secundárias” (CFW, 5.2).
Deus às vezes trabalha diretamente para realizar a Sua vontade. Isso é o que chamamos de milagres (quer dizer, supernatural no lugar do natural). Um milagre é Deus é alterando, por um curto período de tempo, a ordem natural das coisas para realizar Sua vontade e propósitos. Dois exemplos do livro de Atos devem servir para demonstrar Deus trabalhando diretamente e indiretamente para realizar a Sua vontade. Em Atos 9 vemos a conversão de Saulo de Tarso. Com uma luz do céu e uma voz que apenas Saulo/Paulo escutava, Deus mudou sua vida para sempre. Era da vontade de Deus usar Paulo para realizar Sua vontade, e Deus usou meios diretos para converter Paulo. Fale com qualquer pessoa que você conhece que se converteu ao Cristianismo, e provavelmente você nunca vai escutar uma história como essa. A maioria de nós vem a Cristo através de um sermão, ou de um livro, ou o testemunho persistente da um amigo ou parente. Além disso, geralmente há circunstâncias da vida que preparam o caminho – perda de um emprego, perda de um ente querido, casamento fracassado, vício a drogas. A conversão de Paulo foi direta e supernatural.
Em Atos 16:6-10 vemos Deus realizando Sua vontade indiretamente. Isso acontece durante a segunda viagem missionária de Paulo. Deus queria que Paulo e seu grupo fossem a Trôade, mas quando Paulo saiu de Antioquia da Pisídia, ele queria ir leste em direção à Ásia. A Bíblia diz que o Espírito Santo os proibiu de pregar na Ásia. Então eles queriam ir para Bitínia, mas o Espírito de Cristo os impediu, e eles acabaram indo para Trôade. Isso foi escrito retrospectivamente, mas naquele tempo provavelmente eles tinham explicações lógicas de por que não podiam ir àquelas regiões. No entanto, depois do fato, eles perceberam que Deus estava dirigindo-lhes aonde queria que fossem – isso é providência. O meu versículo favorito se dirige a essa doutrina, Provérbios 16:9 diz: “O coração do homem traça o seu caminho, mas o SENHOR lhe dirige os passos.”
Por outro lado, algumas pessoas acreditam que o conceito de Deus diretamente ou indiretamente orquestrando todas as coisas destrói a possibilidade de livre arbítrio. Se Deus tem controle completo, como podemos ser realmente livres nas decisões que fazemos? Em outras palavras, para livre arbítrio fazer sentido, deve haver algumas coisas que estão fora do controle soberano de Deus, ex: a contingência da escolha humana. Vamos dizer que isso é verdade, só por uma questão de argumentação. E agora? Se Deus não está em controle de todas as contingências, então como Ele pode garantir salvação? Paulo diz em Filipenses 1:6: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” Se Deus não está em controle de todas as coisas, então essa promessa (e outras promessas bíblicas) é inválida. Não podemos ter segurança completa de que o trabalho de salvação que foi começado em nós vai ser completado.
Além disso, se Deus não está em controle de todas as coisas, então Ele não é soberano, e se Ele não é soberano, então Ele não é Deus. O preço de manter contingências fora do controle de Deus resulta em um Deus que não é realmente Deus. E se nosso “livre” arbítrio pode substituir providência divina, então quem é Deus no fim das contas? Nós somos. Isso é, obviamente, inaceitável para qualquer pessoa com um ponto de vista Cristão e bíblico do mundo. Providência divina não destrói nossa liberdade. Ao contrário, providência divina é o que nos capacita a utilizar nossa liberdade de forma adequada.
A revelação geral e a revelação especial são as duas formas que Deus tem escolhido para Se revelar à humanidade. A revelação geral se refere às verdades gerais que podemos aprender sobre Deus através da natureza. A revelação especial se refere às verdades mais específicas que podemos aprender sobre Deus através do supernatural.
Em relação à revelação geral, Salmos 19:1-4 declara: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo.” De acordo com essa passagem, a existência e o poder de Deus podem ser vistos claramente através da observação do universo. A ordem, detalhes e maravilha da criação falam da existência de um Criador poderoso e glorioso.
A revelação geral também é ensinada em Romanos 1:20: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”. Semelhante ao Salmo 19, Romanos 1:20 ensina que o poder eterno e a natureza divina de Deus “claramente se conhecem” e são “percebidos” pelo que foi criado, e não há nenhuma desculpa para negar esses fatos. Com essas Escrituras em mente, talvez uma definição de revelação geral seria: “A revelação de Deus a todas as pessoas, em todos os momentos e em todos os lugares que prova que Deus existe e que Ele é inteligente, poderoso e transcendente.”
A revelação especial é como Deus escolheu Se revelar através de meios milagrosos. Ela inclui aparições físicas de Deus, sonhos, visões, a Palavra escrita de Deus e mais importante – Jesus Cristo. A Bíblia registra Deus aparecendo de forma física várias vezes (alguns exemplos: Gênesis 3:8; 18:1; Êxodo 3:1-4; 34:5-7). A Bíblia registra Deus falando a pessoas através de sonhos (Gênesis 28:12; 37:5; 1 Reis 3:5; Daniel capítulo 2) e visões (Gênesis 15:1; Ezequiel 8:3-4; Daniel capítulo 7; 2 Coríntios 12:1-7).
Uma parte importante da revelação de Deus é a Sua Palavra, a Bíblia, a qual também é uma forma de revelação especial. Deus de forma milagrosa guiou os autores das Escrituras a registrarem corretamente a Sua mensagem à humanidade, ao mesmo tempo usando os seus estilos e personalidades. A palavra de Deus é viva e ativa (Hebreus 4:12). A Palavra de Deus é inspirada, útil e suficiente (2 Timóteo 3:16-17). Deus determinou que a verdade sobre Si mesmo seria registrada na forma escrita porque sabia da imperfeição e falta de confiabilidade da tradição oral. Ele também sabia que os sonhos e visões dos homens poderiam ser mal interpretados e as lembranças desses sonhos distorcidas. Deus decidiu revelar através da Bíblia tudo que a humanidade precisava saber sobre Ele, o que Ele quer e o que tem feito por nós. Ele também tem prometido sustentá-la e preservá-la por todos os tempos.
A forma suprema da revelação especial é a pessoa de Jesus Cristo. Deus se tornou um ser humano (João 1:1,14). Hebreus 1:1-3 resume muito bem: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser.” Deus se tornou um ser humano na pessoa de Jesus Cristo para se identificar conosco, para ser um exemplo para nós, para nos ensinar, para Se revelar a nós e, mais importante, para nos providenciar salvação ao Se humilhar com morte na cruz (Filipenses 2:6-8). Jesus Cristo é a “revelação especial” mais suprema de Deus.
De uma forma geral, Teologia Reformada inclui qualquer sistema de crença que traça suas raízes à Reforma Protestante do século 16. Claro que os Reformadores basearam sua doutrina nas Escrituras, como indicado no credo de “sola scriptura”, então teologia Reformada não é um “novo” sistema de crença mas um que procura dar continuação à doutrina apostólica.
Geralmente, teologia Reformada defende a autoridade das Escrituras, a soberania de Deus, salvação pela graça através de Cristo e a necessidade de evangelismo. Às vezes é chamada de Teologia do Pacto por causa da ênfase dada à aliança que Deus fez com Adão e a nova aliança que veio através de Jesus Cristo (Lucas 22:20).
Autoridade das Escrituras. Teologia Reformada ensina que a Bíblia é a inspirada e confiável Palavra de Deus, suficiente para todos os assuntos de fé e prática.
Soberania de Deus. Teologia Reformada ensina que Deus reina com controle absoluto sobre toda a criação. Ele predeterminou todos os eventos e, portanto, nunca se frustra com as circunstâncias. Isso não limita a vontade da criatura, nem faz de Deus o autor do pecado.
Salvação pela graça. Teologia reformada ensina que Deus em Sua graça e misericórdia escolheu redimir um povo para Si mesmo, livrando-os do pecado e morte. A doutrina de salvação reformada é também conhecida como os cinco pontos do Calvinisno (ou pelo acróstico TULIP, referente às iniciais dos pontos em inglês):
T- Depravação Total do Homem (Total depravity).O homem é completamente fraco em seu estado de pecado, está sob a ira de Deus e de forma alguma pode agradar a Deus. Depravidade total também significa que o homem não vai naturalmente procurar conhecer a Deus, até que Deus graciosamente o encoraje a assim agir. (Gênesis 6:5; Jeremias 17:9; Romanos 3:10-18).
U – Eleição incondicional (Unconditional election). Deus, da eternidade passada, escolheu salvar uma grande multidão de pecadores, a qual nenhum homem pode numerar (Romanos 8:29-30; 9:11; Efésios 1:4-6:11-12).
L- Expiação limitada (Limited Atonement). Também chamada de “redenção particular”. Cristo tomou sobre Si o julgamento do pecado dos eleitos e, portanto, pagou por suas vidas com a Sua morte. Em outras palavras, Ele não só tornou salvação “possível”, Ele na verdade a obteve por aqueles que Ele tinha escolhido (Mateus 1:21; João 10:11; 17:9; Atos 20:28; Romanos 8:32; Efésios 5:25).
I - Graça irresistível (Irresistible Grace). Em seu estado depois da Queda ao pecado, o homem resiste ao amor de Deus, mas a graça de Deus trabalhando em seu coração faz com que tal homem deseje o que ele tinha previamente resistido. Quer dizer, a graça de Deus não vai falhar em realizar o seu trabalho de salvação na vida dos eleitos (João 6:37,44; 10:16).
P – Perseverança dos santos (Perseverance of the saints). Deus protege Seus santos de se desviar totalmente; por isso salvação é eterna (João 10:27-29; Romanos 8:29-30; Efésios 1:3-14).
A necessidade de evangelismo. Teologia reformada ensina que Cristãos estão nesse mundo para fazer a diferença, espiritualmente através de evangelismo e socialmente através de uma vida santa e de humanitarismo.
Outras características da teologia Reformada geralmente incluem a observância de dois sacramentos (batismo e comunhão), uma opinião de que certos dons espirituais cessaram (esses dons não foram mais passados à igreja), e uma opinião não dispensacionalista das Escrituras. As igrejas reformadas dão grande valor ao ensino de João Calvino, John Knox, Ulrico Zuínglio e Martinho Lutero. A Confissão de Fé de Westminster incorpora a teologia da tradição Reformada. Igrejas modernas na tradição reformada incluem a Prebisteriana, Congregacionalista e algumas Batistas.
A teologia da substituição (também conhecida como supersessionismo) essencialmente ensina que a Igreja substituiu Israel no plano de Deus. Os aderentes à teologia de substituição acreditam que os judeus não sejam mais o povo escolhido de Deus e que Deus não tenha planos futuros específicos para a nação de Israel. Todas as opiniões diferentes do relacionamento entre a Igreja e Israel podem ser divididas em duas áreas: ou a Igreja é a continuação de Israel (Teologia da Substituição / Teologia do Pacto), ou a Igreja é completamente diferente e distinta de Israel (Dispensacionalismo / Pré-milenismo).
A teologia da substituição ensina que a Igreja é a substituição de Israel e que muitas promessas feitas a Israel na Bíblia são cumpridas na Igreja cristã, não em Israel. Sendo assim, as profecias nas Escrituras sobre bênção e restauração de Israel à Terra Prometida são "espiritualizadas" ou “alegorizadas” em promessas das bênçãos de Deus para a Igreja. Há grandes problemas com essa opinião, tais como a existência contínua do povo judeu durante os séculos e especialmente com a revivificação do estado moderno de Israel. Se Israel tem sido condenada por Deus, e não há nenhum futuro para a nação judaica, como podemos explicar a sobrevivência sobrenatural do povo judeu durante os últimos 2000 anos apesar de muitas tentativas de destruir essa nação? Como podemos explicar por que e como Israel reapareceu como uma nação no século 20 depois de não existir por 1900 anos?
A visão de que Israel e a Igreja são diferentes é ensinada claramente no Novo Testamento. Biblicamente falando, a Igreja é completamente diferente e distinta de Israel e as duas nunca devem ser confundidas ou mencionadas como se fossem a mesma coisa. As Escrituras nos ensinam que a Igreja é uma criação completamente nova que passou a existir no Dia de Pentecostes e continuará até ser levada ao céu no arrebatamento (Efésios 1:9-11; 1 Tessalonicenses 4:13-17). A Igreja não tem nenhum relacionamento com as maldições e bênçãos para Israel. As alianças, promessas e advertências são válidas apenas para Israel. Israel tem sido temporariamente colocada de lado no programa de Deus durante esses últimos 2000 anos de dispersão.
Depois do arrebatamento (1 Tessalonicenses 4:13-18), Deus vai restaurar Israel como o foco principal do Seu plano. O primeiro evento durante esse tempo vai ser a Grande Tribulação (Apocalipse 6-19). O mundo será julgado por rejeitar a Cristo, enquanto Israel é preparada através das provações da Grande Tribulação para a Segunda Vinda do Messias. Portanto, quando Cristo retornar à terra no final da Tribulação, Israel estará pronta para recebê-lo. O restante de Israel que sobreviver à Tribulação será salva e o Senhor estabelecerá o Seu reino na terra com Jerusalém como a sua capital. Com Cristo reinando como Rei, Israel será a nação principal, e representantes de todas as nações irão a Jerusalém honrar e louvar o Rei – Jesus Cristo. A Igreja retornará com Cristo e reinará com Ele por um período literal de 1000 anos (Apocalipse 20:1-5).
O Antigo e o Novo Testamento sustentam uma compreensão pré-milenar e dispensacionalista do plano de Deus para Israel. Mesmo assim, o suporte mais forte para o pré-milenismo é encontrado no ensino de Apocalipse 20:1-7, onde diz, seis vezes, que o reino de Cristo vai durar 1000 anos. Depois da Tribulação, o Senhor vai retornar e estabelecer o Seu reino com a nação de Israel, Cristo vai reinar sobre toda a terra e Israel vai ser o líder das nações. A Igreja reinará com Ele por 1000 anos. A Igreja não substituiu Israel no plano de Deus. Embora Deus esteja focalizando a Sua atenção essencialmente na Igreja nessa dispensação da graça, Deus não se esqueceu de Israel e um dia restaurará Israel ao Seu papel como a Sua nação escolhida (Romanos 11).
A palavra antinomianismo vem de duas palavras gregas, anti, que significa "contra", e nomos, que significa "lei". Sendo assim, antinomianismo significa “contra a lei.” Teologicamente, o antinomianismo é a crença de que não há leis morais que Deus espera que os cristãos obedeçam. O antinomianismo leva um ensinamento bíblico a uma conclusão antibíblica. O ensinamento bíblico é o de que os cristãos não são obrigados a observarem a lei do Antigo Testamento como um meio de salvação. Quando Jesus Cristo morreu na cruz, Ele cumpriu a Lei do Antigo Testamento (Romanos 10:4, Gálatas 3:23-25, Efésios 2:15). A conclusão antibíblica é a de que não há nenhuma lei moral que Deus espera que os cristãos obedeçam.
O apóstolo Paulo tratou da questão do antinomianismo em Romanos 6:1-2: "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele?" O ataque mais frequente sobre a doutrina da salvação pela graça é que ela encoraja o pecado. As pessoas podem se perguntar: "Se sou salvo pela graça e todos os meus pecados são perdoados, por que não pecar o quanto quiser?" Esse pensamento não é o resultado de uma verdadeira conversão porque a verdadeira conversão produz um maior, não menor, desejo de obedecer. O desejo de Deus – e o nosso desejo quando somos regenerados por Seu Espírito - é que nos esforcemos a não pecar. Como gratidão por Sua graça e perdão, queremos agradá-Lo. Deus nos deu o Seu dom infinitamente misericordioso através da salvação em Jesus (João 3:16; Romanos 5:8). Nossa resposta é consagrar nossa vida a Ele como uma forma de amor, adoração e gratidão pelo que Ele fez por nós (Romanos 12:1-2). O antinomianismo é antibíblico por aplicar de forma errada o significado do favor gracioso de Deus.
A segunda razão por que o antinomianismo é antibíblico é que existe uma lei moral que Deus espera que obedeçamos. Primeiro João 5:3 nos diz: "Porque este é o amor de Deus, que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são penosos." O que é essa lei que Deus espera que obedeçamos? É a lei de Cristo - "Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas" (Mateus 22:37-40). Não, não estamos sob a Lei do Antigo Testamento. Sim, estamos sob a lei de Cristo. A lei de Cristo não é uma extensa lista de códigos legais. É uma lei de amor. Se amarmos a Deus com todo nosso coração, alma, mente e força, não faremos nada que o desagrade. Se amarmos o nosso próximo como a nós mesmos, não faremos nada para prejudicá-los. A obediência à lei de Cristo não é um requisito para ganhar ou manter a salvação. A lei de Cristo é o que Deus espera de um cristão.
O antinomismo é contrário a tudo o que a Bíblia ensina. Deus espera que vivamos uma vida de moralidade, amor e integridade. Jesus Cristo nos libertou dos comandos pesados da Lei do Antigo Testamento, mas isso não é uma licença para pecar e sim um pacto de graça. Devemos lutar para vencer o pecado e cultivar a justiça, dependendo do Espírito Santo para nos ajudar. O fato de que somos graciosamente livres das exigências da Lei do Antigo Testamento deve resultar em nós vivendo em obediência à lei de Cristo. Primeiro João 2:3-6 declara: "E nisto sabemos que o conhecemos; se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade; mas qualquer que guarda a sua palavra, nele realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus. E nisto sabemos que estamos nele; aquele que diz estar nele, também deve andar como ele andou."
O Arminianismo é um sistema de crença que tenta explicar a relação entre a soberania de Deus e o livre-arbítrio da humanidade, especialmente em relação à salvação. O Arminianismo recebe esse nome devido a Jacó Armínio (1560-1609), um teólogo holandês. Enquanto o Calvinismo enfatiza a soberania de Deus, o Arminianismo enfatiza a responsabilidade do homem. Se o Arminianismo for dividido em cinco pontos, semelhantes aos cinco pontos do Calvinismo, estes seriam os cinco pontos:
(1) Depravação Parcial - a humanidade é corrompida pelo pecado, mas não ao ponto de não podermos escolher nos aproximar de Deus por nossa conta. Somos capazes de escolher aceitar ou rejeitar a salvação sem qualquer influência de Deus. Observação: o Arminianismo clássico rejeita a "depravação parcial" e tem uma visão muito perto da calvinista quanto à "depravação total". (2) Eleição Condicional - Deus escolheu quem seria salvo com base no saber de antemão quem iria acreditar. Deus escolhe os que Ele já sabe que vão acreditar. (3) Expiação Ilimitada - Jesus morreu por todos, mesmo aqueles que não são escolhidos e não vão acreditar. A morte de Jesus foi por toda a humanidade, e qualquer um pode ser salvo pela fé nEle. (4) Graça Resistível - o chamado de Deus para ser salvo pode ser resistido e / ou rejeitado. Podemos resistir o chamado de Deus à salvação, se quisermos. (5) Salvação Condicional - os cristãos podem perder a salvação se continuarem em uma vida de pecado e / ou se afastarem de Deus. A manutenção da salvação é necessária a fim de retê-la. Observação: muitos arminianos negam a "salvação condicional" e creem na "segurança eterna".
O único ponto do Arminianismo que os calvinistas “de quatro pontos” acreditam ser bíblico é o ponto # 3 - Expiação Ilimitada. Primeiro João 2:2 diz: "E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo." Segundo Pedro 2:1 nos diz que Jesus até comprou os falsos profetas que estão condenados: "Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição." A salvação de Jesus definitivamente está disponível a qualquer um que crer nEle. Jesus não apenas morreu por aqueles que serão salvos.
O Calvinismo de quatro pontos (a posição oficial do Ministério Got Questions) acredita que os outros quatro pontos do Arminianismo são antibíblicos em graus variados. Romanos 3:10-18 fortemente defende a depravação total. A eleição condicional subestima a soberania de Deus (Romanos 8:28-30). A graça resistível subestima a força e determinação de Deus. A salvação condicional torna a salvação um pagamento às obras em vez de um dom da graça (Efésios 2:8-10). Embora haja problemas com ambos os sistemas, o Calvinismo é muito mais baseado na Bíblia do que o Arminianismo. No entanto, nenhum dos sistemas consegue explicar adequadamente a relação entre a soberania de Deus e o livre-arbítrio da humanidade - devido ao fato de que é impossível que uma finita mente humana discirna um conceito que apenas Deus pode entender completamente.
A Bíblia fala de sete alianças diferentes, das quais quatro (Abraâmica, Mosaica, Palestina ou Palestiniana, Davídica) Deus fez com a nação de Israel e são incondicionais em sua natureza. Ou seja, independentemente da obediência ou desobediência de Israel, Deus ainda vai cumprir essas alianças com Israel. Uma das alianças, a Aliança Mosaica, é de natureza condicional. Ou seja, esta aliança vai trazer uma bênção ou maldição, dependendo da obediência ou desobediência de Israel. Três das alianças (Adâmica, Noética, Nova) são feitas entre Deus e os homens em geral, e não se limitam à nação de Israel.
Pode-se dividir a Aliança Adâmica em duas partes: a Aliança Edênica (inocência) e a Aliança Adâmica (graça) (Gênesis 3:16-19). A Aliança Edênica é encontrada em Gênesis 1:26-30; 2:16-17. Ela delineia a responsabilidade do homem para com a criação e a direção de Deus a respeito da árvore do conhecimento do bem e do mal. A Aliança Adâmica incluía as maldições proferidas contra a humanidade por causa do pecado de Adão e Eva, assim como a provisão de Deus para esse pecado (Gênesis 3:15).
A Aliança Noética foi uma aliança incondicional entre Deus e Noé (especificamente) e Deus e a humanidade (em geral). Depois do dilúvio, Deus prometeu à humanidade que nunca mais destruiria toda a vida na Terra com um dilúvio (ver Gênesis capítulo 9). Deus deu o arco-íris como sinal da aliança, a promessa de que toda a terra nunca mais teria um dilúvio e um lembrete de que Deus pode e vai julgar o pecado (2 Pedro 2:5).
Aliança Abraâmica (Gênesis 12:1-3, 6-7; 13:14-17, 15, 17:1-14; 22:15-18). Neste pacto, Deus prometeu muitas coisas para Abraão. Ele pessoalmente prometeu que faria o nome de Abraão grande (Gênesis 12:2), que Abraão teria inúmeros descendentes físicos (Gênesis 13:16), e que ele seria o pai de uma multidão de nações (Gênesis 17:4-5 ). Deus também fez promessas a respeito de uma nação chamada Israel. Na verdade, os limites geográficos da aliança com Abraão são mencionados em mais de uma ocasião no livro de Gênesis (12:7; 13:14-15; 15:18-21). Uma outra provisão na Aliança Abraâmica é que as famílias do mundo seriam abençoadas através da linhagem física de Abraão (Gênesis 12:3; 22:18). Esta é uma referência ao Messias, que viria da linhagem de Abraão.
Aliança Palestiniana/Palestina (Deuteronômio 30:1-10). A Aliança Palestina amplia o aspecto de terra detalhado na Aliança Abraâmica. De acordo com os termos deste pacto, se o povo desobedecesse, Deus faria com que fossem espalhados pelo mundo (Deuteronômio 30:3-4), mas Ele acabaria restaurando-os em uma nação (v. 5). Quando a nação for restaurada, então eles vão obedecê-lo perfeitamente (versículo 8), e Deus fará com que prosperem (v. 9).
Aliança Mosaica (Deuteronômio 11; et al.). A Aliança Mosaica era uma aliança condicional que ou trazia bênção direta de Deus pela obediência ou maldição direta de Deus pela desobediência sobre a nação de Israel. Uma parte da Aliança Mosaica (Êxodo 20) eram os Dez Mandamentos e o resto da Lei, que continha mais de 600 comandos, cerca de 300 negativos e 300 positivos. Os livros de história do Antigo Testamento detalham (Josué-Ester) como Israel sucedeu ou fracassou miseravelmente em obediência à Lei. Deuteronômio 11:26-28 detalha o tema de bênção/maldição.
Aliança Davídica (2 Samuel 7:8-16). A Aliança Davídica amplifica o aspecto da "semente" na Aliança Abraâmica. As promessas feitas a Davi nesta passagem são significativas. Deus prometeu que a linhagem de Davi duraria para sempre e que o seu reino jamais deixaria de existir permanentemente (versículo 16). Obviamente, o trono de Davi não tem estado em vigor em todos os momentos. Haverá um tempo, no entanto, quando alguém da linhagem de Davi vai novamente sentar-se no trono e governar como rei. Este futuro rei é Jesus (Lucas 1:32-33).
Nova Aliança (Jeremias 31:31-34). A Nova Aliança é um pacto feito primeiro com a nação de Israel e, no fim das contas, com toda a humanidade. Na Nova Aliança, Deus promete perdoar os pecados, e haverá um conhecimento universal do Senhor. Jesus Cristo veio para cumprir a Lei de Moisés (Mateus 5:17) e criar uma nova aliança entre Deus e Seu povo. Agora que estamos sob a Nova Aliança, tanto os judeus quanto os gentios podem ser livres da penalidade da Lei. Temos agora a oportunidade de receber a salvação como um dom gratuito (Efésios 2:8-9).
Dentro da discussão sobre as alianças bíblicas, há algumas questões sobre as quais os cristãos discordam entre si. Primeiro, alguns cristãos pensam que todas as alianças são de natureza condicional. Se as alianças são condicionais, então Israel falhou miseravelmente em cumpri-las. Outros acreditam que as alianças incondicionais ainda tenham de ser totalmente cumpridas e, independentemente da desobediência de Israel, serão concretizadas em algum momento no futuro. Segundo, como a igreja de Jesus Cristo se relaciona com as alianças? Alguns acreditam que a igreja as cumpre e que Deus nunca irá lidar com Israel novamente. Isso é conhecido como a teologia da substituição e tem pouca evidência bíblica. Outros acreditam que a igreja inicialmente ou parcialmente cumprirá essas alianças. Embora muitas das promessas para com Israel ainda estejam no futuro, muitos acreditam que a igreja faça parte de alguma forma. Outros acreditam que as alianças sejam apenas para Israel e que a Igreja não tem nenhuma parte nelas.
A teologia da libertação negra é um ramo da teologia da libertação sul-americana, a qual é em grande parte humanista, tentando aplicar a teologia cristã à situação dos pobres. A teologia da libertação negra se concentra nos africanos em geral, e nos afro-americanos em particular, sendo libertos de todas as formas de escravidão e da injustiça, reais ou percebidas, sejam elas sociais, políticas, econômicas ou religiosas.
O objetivo da teologia da libertação negra é "tornar verdadeiro o Cristianismo para os negros". O erro primário na teologia da libertação negra é o seu foco. A teologia da libertação negra tenta focalizar o Cristianismo na libertação da injustiça social no aqui e agora, e não na vida após a morte. Jesus ensinou exatamente o oposto: "O meu reino não é deste mundo" (João 18:36). Têm os negros/africanos e especialmente os afro-americanos sido tratados injustamente e maldosamente na história recente? Absolutamente! Deve um dos resultados do evangelho ser o fim do racismo, da discriminação, da desigualdade e do preconceito? Mais uma vez, sim, absolutamente (Gálatas 3:28)! É a libertação da injustiça social um princípio fundamental do evangelho? Não.
A mensagem do evangelho é esta: somos todos infectados com o pecado (Romanos 3:23). Somos todos dignos da separação eterna de Deus (Romanos 6:23). Jesus morreu na cruz, tomando sobre Si o castigo que nós merecemos (1 Coríntios 5:21, 1 João 2:2) e fornecendo um meio para a nossa salvação. Jesus então ressuscitou, demonstrando que a Sua morte foi realmente um pagamento suficiente para a pena do pecado (1 Coríntios 15:1-4). Se colocarmos a nossa confiança em Jesus como Salvador, todos os nossos pecados são perdoados e seremos concedidos a entrada no céu após a morte (João 3:16). Esse é o evangelho. Esse deve ser o nosso foco. Essa é a cura para o que verdadeiramente assola a humanidade.
Quando uma pessoa recebe Jesus como Salvador, ela é uma nova criatura (2 Coríntios 5:17), e o Espírito Santo que habita em nós inicia o processo de conformá-la à imagem de Cristo (Romanos 12:1-2). Só por essa transformação espiritual pode o racismo realmente ser vencido. A teologia da libertação negra falha porque ataca os sintomas, sem tratar realmente da doença. O pecado/ a queda é a doença; o racismo é apenas um dos muitos sintomas. A mensagem do evangelho é o sacrifício expiatório de Jesus por nossos pecados e a salvação que é, portanto, disponível através da fé. O fim do racismo seria um resultado de pessoas verdadeiramente recebendo a Jesus como Salvador, mas o racismo não é especificamente mencionado no próprio evangelho.
Por causa de sua ênfase exagerada nas questões raciais, um resultado negativo da teologia da libertação negra é que tende a separar as comunidades cristãs pretas e brancas, e isso é completamente antibíblico. Cristo veio à terra para unir todos os que nEle creem em uma Igreja universal, Seu corpo, do qual Ele é o cabeça (Efésios 1:22-23). Os membros do Corpo de Cristo compartilham uma ligação comum com todos os outros cristãos, independentemente de raça, origem ou nacionalidade. "para que não haja divisão no corpo, mas que os membros tenham igual cuidado uns dos outros"(1 Coríntios 12:25). Devemos ter a mesma mente, a mente de Cristo, e um objetivo, glorificando a Deus, cumprindo o mandato de Cristo de "ir por todo o mundo", contando aos outros sobre Ele, pregando as boas novas do evangelho e ensinando aos outros a observar os Seus mandamentos (Mateus 28:19-20). Jesus nos lembra que os dois maiores mandamentos são amar a Deus e amar aos outros como a nós mesmos, independentemente de raça (Mateus 22:36-40).
Os cinco pontos do Calvinismo podem ser resumidos pelo acrônimo TULIP, referente às iniciais dos pontos em inglês. Eles são a depravação total, a eleição incondicional, a expiação limitada, a graça irresistível e a perseverança dos santos. Aqui estão as definições e referências bíblicas que os calvinistas usam para defender as suas crenças:
Depravação Total - Como resultado da queda de Adão, toda a raça humana é afetada; toda a humanidade encontra-se morta em delitos e pecados. O homem é incapaz de salvar a si mesmo (Gênesis 6:5; Jeremias 17:9, Romanos 3:10-18).
Eleição Incondicional - Porque o homem é morto no pecado, ele é incapaz de iniciar uma resposta a Deus, portanto, na eternidade passada Deus elegeu certas pessoas para a salvação. A eleição e predestinação são incondicionais, ou seja, não se baseiam na resposta do homem (Romanos 8:29-30; 9:11, Efésios 1:4-6, 11-12) porque o homem é incapaz de responder e nem quer.
Expiação Limitada - Porque Deus determinou que certas pessoas seriam salvas como resultado da eleição incondicional de Deus, Ele determinou que Cristo morreria apenas pelos eleitos. Todos a quem Deus elegeu e por quem Cristo morreu serão salvos (Mateus 1:21, João 10:11; 17:09, Atos 20:28, Romanos 8:32, Efésios 5:25).
Graça Irresistível - Aqueles a quem Deus elegeu Ele chama a si mesmo através da graça irresistível. Deus torna o homem disposto a se aproximar dEle. Quando Deus chama, o homem responde (João 6:37, 44; 10:16).
Perseverança dos Santos – Aqueles exatamente a quem Deus elegeu e atraiu a Sim mesmo através do Espírito Santo irão perseverar na fé. Nenhum dos que Deus escolheu serão perdidos; estão eternamente seguros (João 10:27-29, Romanos 8:29-30, Efésios 1:3-14).
Embora todas essas doutrinas tenham uma base bíblica, muitas pessoas rejeitam todas ou algumas delas. Os chamados "calvinistas de quatro pontos" aceitam a depravação total, eleição incondicional, graça irresistível e perseverança dos santos como doutrinas bíblicas. O homem é pecador e definitivamente incapaz de acreditar em Deus por conta própria. Deus elege pessoas com base apenas na Sua vontade - a eleição não é baseada em qualquer mérito na pessoa escolhida. Todos aqueles a quem Deus escolheu virão à fé. Todos aqueles que são verdadeiramente nascidos de novo irão perseverar na fé. Quanto à expiação, no entanto, os calvinistas de quatro pontos creem que a expiação seja ilimitada, argumentando que Jesus morreu pelos pecados de todo o mundo, não só pelos pecados dos eleitos. "E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo" (1 João 2:2). Outros versículos em oposição à expiação limitada são João 1:29, 3:16, 1 Timóteo 2:6 e 2 Pedro 2:1.
Os calvinistas de cinco pontos, no entanto, têm problemas com o Calvinismo de quatro pontos. Primeiro, eles argumentam que se a depravação total for verdadeira, então a expiação ilimitada não pode ser verdade porque, se Jesus morreu pelos pecados de cada pessoa, então se ou não a Sua morte é aplicável a um indivíduo depende em se essa pessoa "aceita" a Cristo ou não. Entretanto, com base na descrição acima da depravação total, o homem em seu estado natural não tem nenhuma capacidade de escolher a Deus, e nem quer. Além disso, se a expiação ilimitada for verdadeira, então o inferno está cheio de pessoas por quem Cristo morreu. Ele derramou o Seu sangue em vão por elas. Para o calvinista de cinco pontos, isso é impensável. Atenção: este artigo é apenas um breve resumo dos cinco pontos do calvinismo. Para uma análise mais aprofundada, por favor visite as seguintes páginas: depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e perseverança dos santos.
O compatibilismo é uma tentativa de conciliar a proposição teológica de que cada evento é causalmente determinado, ordenado e/ou decretado por Deus (ou seja, determinismo, para não ser confundido com o fatalismo) com o livre-arbítrio do homem. Promulgada inicialmente a partir de um ponto de vista filosófico pelos estoicos gregos e mais tarde por vários filósofos como Thomas Hobbes e David Hume, e de um ponto de vista teológico por teólogos como Agostinho de Hipona e João Calvino, o conceito do livre-arbítrio compatibilista afirma que, embora o livre-arbítrio do homem pareça inconciliável com a proposição do determinismo, ambos existem e são "compatíveis" um com o outro.
A base do conceito compatibilista do livre-arbítrio é o meio pelo qual o "arbítrio" será definido. Do ponto de vista teológico, a definição do arbítrio é visto à luz das verdades bíblicas reveladas sobre o pecado original e a depravação espiritual do homem. Estas duas verdades definem o "arbítrio" em relação ao homem caído como sendo enlaçado "de iniquidade" (Atos 8:23), um "escravo do pecado" (João 8:34, Romanos 6:16-17) e sujeito apenas ao seu "mestre", que é o pecado (Romanos 6:14). Como tal, apesar do arbítrio do homem ser "livre" para fazer o que quiser, ele deseja agir de acordo com a sua natureza, e já que a natureza do arbítrio caído é pecaminosa, cada intenção dos pensamentos do coração do homem caído é "má continuamente" (Gênesis 6:5, cf. Gênesis 8:21). Ele, sendo naturalmente rebelde ao que é espiritualmente bom (Romanos 8:7-8, 1 Coríntios 2:14), "não busca senão o mal" (Provérbios 17:11). Essencialmente, o homem é "livre" para fazer o que quiser, e faz exatamente isso, mas o homem simplesmente não pode fazer o que é contrário à sua natureza. O que o homem "deseja" fazer está sujeito e determinado unicamente pela sua natureza.
Aqui é onde o compatibilismo faz a distinção entre o homem tendo um livre-arbítrio e sendo um "agente livre." O homem é "livre" para escolher o que é determinado pela sua natureza ou pelas leis da natureza. Para ilustrar, as leis da natureza proíbem o homem de ser capaz de voar, mas isso não significa que o homem não seja livre. O agente, o homem, só é livre para fazer o que a sua natureza ou as leis da natureza permitem que faça. Teologicamente falando, embora o homem natural seja incapaz de submeter-se à lei de Deus (Romanos 8:7-8) e incapaz de vir a Cristo se o Pai não o trouxer a Ele (João 6:44), o homem natural ainda atua livremente no que diz respeito à sua natureza. Ele livremente e ativamente suprime a verdade em injustiça (Romanos 1:18) porque a sua natureza torna-o incapaz de fazer o contrário (Jó 15:14-16, Salmo 14:1-3; 53:1-3, Jeremias 13:23; Romanos 3:10-11). Dois bons exemplos da confirmação de Jesus deste conceito podem ser encontrados em Mateus 7:16-27 e Mateus 12:34-37.
Com a distinção entre o livre-arbítrio e livre agência definida, o compatibilismo então aborda a natureza da livre agência do homem em relação à proposição teológica conhecida como determinismo e / ou à verdade bíblica da natureza onisciente de Deus. A questão fundamental é como o homem pode ser responsabilizado por seus atos se suas ações sempre iriam ocorrer (ou seja, o futuro não está sujeito a alterações) e não poderia ter sido qualquer coisa diferente do que ocorreu. Embora existam numerosas passagens da Escritura que se referem a este problema, há três principais passagens para examinar.
A história de José e seus irmãos
A primeira é a história de José e seus irmãos (Gênesis 37). José foi odiado por seus irmãos porque seu pai, Jacó, amava a José mais do que qualquer de seus outros filhos (Gênesis 37:3) e por causa dos sonhos de José e sua interpretação (Gênesis 37:5-11). Em um momento oportuno, os irmãos de José o venderam como escravo para mercadores midianitas viajantes. Em seguida, eles mergulharam a sua túnica no sangue de um bode morto para enganar seu pai a pensar que José havia sido atacado por um animal (Gênesis 37:18-33). Depois de muitos anos, durante os quais José foi abençoado pelo Senhor, os irmãos de José conheceram-no no Egito e José se revela a eles (Gênesis 45:3-4). É a discussão de José com seus irmãos que é mais pertinente para a questão:
“Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como governador sobre toda a terra do Egito” (Gênesis 45:8).
O que torna esta afirmação surpreendente é que José havia dito anteriormente que seus irmãos tinham, de fato, vendido-o no Egito (Gênesis 45:4-5). Alguns capítulos depois, o conceito do compatibilismo é apresentado:
"Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; Deus, porém, o intentou para o bem, para fazer o que se vê neste dia, isto é, conservar muita gente com vida" (Gênesis 50:20).
A história de Gênesis nos conta que, de fato, os irmãos venderam José para o Egito. No entanto, José deixa claro que Deus é quem o tinha feito. Aqueles que rejeitam o conceito de compatibilismo diriam que este versículo está simplesmente afirmando que Deus "usou" as ações dos irmãos de José para o bem. No entanto, isso não é o que diz o texto. De Gênesis 45-50, somos informados de que (1) os irmãos de José enviaram José para o Egito, (2) Deus enviou a José para o Egito, (3) os irmãos de José tinham más intenções em enviar José para o Egito, e (4) Deus tinha boas intenções em enviar José para o Egito. Então, a pergunta fica: quem enviou José para o Egito? A resposta desconcertante é que ambos (os irmãos de José e Deus) o fizeram. Foi uma só ação sendo realizada por duas entidades, os irmãos e Deus, simultaneamente.
A comissão da Assíria
A segunda passagem que revela o compatibilismo é encontrada em Isaías 10, uma passagem profética de advertência ao povo de Deus. Assim como divinamente prometido em Deuteronômio 28-29, Deus está enviando uma nação para punir o seu povo dos seus pecados. Isaías 10:6 diz que a Assíria é a vara da ira de Deus, "enviada" contra o Seu povo para "tomar o despojo, para arrebatar a presa, e para os pisar aos pés, como a lama das ruas." Note, no entanto, o que Deus diz sobre a Assíria:
“Todavia ela [Assíria] não entende assim, nem o seu coração assim o imagina; antes no seu coração intenta destruir e desarraigar não poucas nações” (Isaías 10:7).
A intenção de Deus na invasão assíria é infligir o Seu julgamento justo contra o pecado, e a intenção dos assírios é "destruir e desarraigar muitas nações". Dois propósitos diferentes, duas entidades diferentes agindo para realizar esse efeito com uma única ação. Como lemos ainda, Deus revela que, embora essa destruição seja determinada e decretada por Ele (Isaías 10:23), Ele ainda vai punir os assírios por causa da "arrogância do seu coração e a pomba da altivez dos seus olhos" (Isaías 10:12, cf. Isaías 10:15). Embora o próprio Deus tivesse infalivelmente determinado o julgamento de um povo rebelde, Ele enxerga aqueles que trouxeram o julgamento como os responsáveis por suas próprias ações.
A crucificação de Jesus Cristo
A terceira passagem da Escritura que fala do compatibilismo é encontrada em Atos 4:23-28. Como revelado em Atos 2:23-25, a morte de Cristo na cruz foi realizada pelo "determinado conselho e presciência de Deus". Atos 4:27-28 revela ainda que as ações de Herodes, de Pôncio Pilatos, dos gentios e do povo de Israel tinham sido determinadas e decretadas pelo próprio Deus a ocorrerem quando "ajuntaram-se contra o Senhor" Jesus e fizeram "tudo o que a tua mão e o teu conselho predeterminaram que se fizesse." Embora Deus tivesse determinado que Cristo havia de morrer, os responsáveis por sua morte ainda eram culpados por suas ações. Cristo foi condenado à morte por homens maus, mas "foi da vontade do Senhor esmagá-lo" (Isaías 53:10). Mais uma vez, a resposta para a pergunta "quem colocou Jesus à morte?" é Deus e as pessoas ímpias - dois propósitos realizados por duas entidades dentro de uma única ação.
Há outras passagens da Escritura que dizem respeito ao conceito de compatibilismo, como Deus endurecendo os corações dos indivíduos (por exemplo, Êxodo 4:21, Josué 11:20, Isaías 63:17). Embora o compatibilismo pareça desconcertante para nós (Jó 9:10, Isaías 55:8-11, Romanos 11:33), esta verdade foi revelada pelo próprio Deus como o meio pelo qual Seu decreto soberano se reconcilia com a vontade do homem. Deus é soberano sobre todas as coisas (Salmo 115:3, Daniel 4:35, Mateus 10:29-30), Deus sabe todas as coisas (Jó 37:16, Salmo 147:5, 1 João 3:19-20), e o homem é responsável pelo que faz (Gênesis 18:25; Atos 17:31; Judas 1:15). Verdadeiramente, os Seus caminhos são insondáveis (Jó 9:10, Romanos 11:33), e por isso devemos confiar no Senhor de todo o coração e não nos apoiar em nosso próprio entendimento (Provérbios 3:5-6).
O argumento cosmológico tenta provar a existência de Deus através da observação do mundo que nos rodeia (o cosmos). Ele começa com o que é mais evidente na realidade: as coisas existem. Argumenta-se então que a causa da existência dessas coisas tinha que ser uma coisa "como Deus". Pode-se traçar estes tipos de argumentos de volta a Platão, os quais têm sido usados por filósofos e teólogos notáveis desde então. A ciência finalmente alcançou os teólogos do século 20, quando foi confirmado que o universo deve ter tido um começo. Sendo assim, hoje os argumentos cosmológicos são poderosos até para os não-filósofos. Há duas formas básicas de tais argumentos, e a maneira mais fácil de pensar neles pode ser a maneira "vertical" e "horizontal". Esses nomes indicam a direção de onde vêm as causas. Na forma vertical, argumenta-se que cada coisa criada esteja sendo causada agora (imagine uma linha do tempo com uma seta apontando para cima, começando do universo até Deus). A versão horizontal mostra que a criação teve que ter uma causa no início (imagine essa mesma linha de tempo apenas com uma seta apontando para trás, para um ponto de partida no tempo).
O horizontal é um pouco mais fácil de entender porque não exige muito filosofar. O argumento básico é que todas as coisas que têm um início têm que ter uma causa. O universo teve um começo, por isso, o universo teve uma causa. Essa causa, estando fora de todo o universo, é Deus. Alguém pode dizer que algumas coisas são causadas por outras coisas, mas isso não resolve o problema. Isto é porque essas outras coisas tinham que ter causas também, e isso não pode durar para sempre. Vamos dar um exemplo simples: árvores. Todas as árvores começaram a existir em algum ponto (já que não têm sempre existido). Cada árvore teve seu início em uma semente (a "causa" da árvore). Mas toda semente teve o seu início ("causa") em outra árvore. Não pode haver uma série infinita de árvore-semente-árvore-semente, porque nenhuma série é infinita - não pode continuar para sempre. Todas as séries são finitas (limitadas) por definição. Não há tal coisa como um número infinito porque até mesmo a série de números é limitada (embora seja sempre possível adicionar mais um, você está sempre em um número finito). Se existe um fim, não é infinito. Na verdade, todas as séries têm dois finais - no final e no início (tente imaginar uma vara de um só fim!). Mas se não houvesse a primeira causa, a cadeia de causas nunca teria começado. Portanto, há, pelo menos no começo, uma primeira causa – uma que não teve início. Essa primeira causa é Deus.
A forma vertical é um pouco mais difícil de entender, mas é mais poderosa porque não só mostra que Deus tinha que causar a "cadeia de causas" no princípio, mas que Ele ainda deve estar causando a existência das coisas agora. Mais uma vez, começamos ao constatar que as coisas existem. Em seguida, embora muitas vezes tendemos a pensar na existência como uma propriedade que as coisas meio que "possuem" - uma vez que algo é criado, a existência é apenas parte do que é - este não é o caso. Considere o triângulo. Podemos definir a natureza de um triângulo como "a figura plana formada ao se conectar três pontos não em linha reta por segmentos de uma linha reta." Observe o que não faz parte desta definição: a existência.
Esta definição de um triângulo seria verdadeira mesmo se nenhum triângulo existisse. Portanto, a natureza de um triângulo - o que é - não garante que um exista (como os unicórnios - todos sabemos o que são, mas isso não faz com que existam). Porque existir não faz parte da natureza de um triângulo, os triângulos devem ser causados a existir por outra coisa que já existe (alguém deve desenhar um em um pedaço de papel). O triângulo é causado por outra coisa – o qual também deve ter uma causa. Isso não pode continuar para sempre (nenhuma série infinita). Portanto, algo que não precisa receber a existência deve existir para dar existência a tudo mais.
Agora, aplique este exemplo a tudo no universo. Será que alguma parte existe por conta própria? Não. Então, não só o universo teve que ter uma primeira causa para começar, mas precisa de algo para dar-lhe existência agora. A única coisa que não teria de ser dada a existência é uma coisa que existe em sua própria natureza, algo que É existência. Esse algo sempre existiria, não teria uma causa, não teria um começo, não teria limite, estaria fora do tempo e seria infinito. Esse algo é Deus!
Simplificando, os "eleitos de Deus" são aqueles que Deus predestinou para a salvação. Eles são chamados de "eleitos" porque essa palavra denota o conceito de escolher. A cada quatro anos, nós "elegemos" um presidente - ou seja, escolhemos quem ocupará esse cargo. O mesmo vale para Deus e aqueles que serão salvos; Deus escolhe aqueles que serão salvos. Estes são os eleitos de Deus.
Na verdade, o conceito de Deus eleger aqueles que serão salvos não é controverso. O que é controverso é como e de que maneira Deus escolhe quem será salvo. Ao longo da história da Igreja, tem existido dois principais pontos de vista sobre a doutrina da eleição (ou predestinação). Um ponto de vista, que vamos chamar de visão presciente ou de presciência, ensina que Deus, através de sua onisciência, sabe quem vai no curso do tempo escolher de própria vontade colocar a sua fé e confiança em Jesus Cristo para a sua salvação. Com base nesta presciência divina, Deus elegeu estes indivíduos "antes da fundação do mundo" (Efésios 1:4). Essa é a visão da maioria dos evangélicos americanos.
A segunda visão principal é a visão agostiniana, que basicamente ensina que Deus não só divinamente elege aqueles que terão fé em Jesus Cristo, mas também divinamente elege conceder a esses indivíduos a fé para crer em Cristo. Em outras palavras, a eleição de Deus para a salvação não é baseada em um conhecimento prévio da fé de um indivíduo, mas é baseado na graça livre e soberana do Deus Todo-Poderoso. Deus elege pessoas para a salvação, e com o tempo, essas pessoas virão à fé em Cristo porque Deus as elegeu.
A diferença se resume a isto: quem tem a escolha final na salvação - Deus ou o homem? Na primeira visão (a visão presciente), o homem tem controle; o seu livre-arbítrio é soberano e se torna o fator determinante na eleição de Deus. Deus pode fornecer o caminho da salvação através de Jesus Cristo, mas o homem deve escolher seguir a Cristo por si mesmo a fim de tornar real a salvação. Em última instância, este ponto de vista faz de Deus impotente e o despoja da sua soberania. Essa visão coloca o Criador à mercê da criatura; se Deus quiser pessoas no céu, Ele tem que esperar que o homem escolha livremente o seu caminho da salvação. Na realidade, a visão presciente da eleição não tem nada a ver com a eleição porque Deus não está escolhendo - Ele está apenas confirmando. O homem é quem faz a decisão final.
Na visão agostiniana, Deus tem o controle; Ele é o único que, de Sua soberana vontade, livremente escolhe aqueles a quem salvará. Ele não só elege aqueles a quem salvará, mas de fato realiza a sua salvação. Em vez de simplesmente tornar a salvação possível, Deus escolhe aqueles a quem salvará e então os salva. Essa visão coloca Deus em seu devido lugar como Criador e Soberano.
A visão agostiniana também tem seus próprios problemas. Os críticos afirmam que essa visão rouba o homem do seu livre-arbítrio. Se Deus escolhe os que serão salvos, então que diferença faz se o homem acredita? Por que pregar o evangelho? Além disso, se Deus elege de acordo com a Sua soberana vontade, então como podemos ser responsáveis por nossas ações? Estas são todas boas e justas perguntas que precisam ser respondidas. Uma boa passagem para responder a estas perguntas é Romanos 9, a passagem mais detalhada em lidar com a soberania de Deus na eleição.
O contexto da passagem flui de Romanos 8, que termina com um grande clímax de louvor: "Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Romanos 8:38-39). Isto leva Paulo a considerar como um judeu poderia responder a essa afirmação. Embora Jesus tenha vindo aos filhos perdidos de Israel e embora a igreja primitiva tenha sido em grande parte judaica, o evangelho estava se espalhando entre os gentios muito mais rápido do que entre os judeus. Na verdade, a maioria dos judeus enxergava o evangelho como uma pedra de tropeço (1 Coríntios 1:23) e rejeitou Jesus. Isso levaria o judeu comum a se perguntar se o plano de Deus de eleição falhou, uma vez que a maioria dos judeus rejeita a mensagem do evangelho.
Ao longo de Romanos 9, Paulo sistematicamente mostra que a eleição soberana de Deus tem estado em vigor desde o início. Ele começa com uma declaração crucial: "Porque nem todos os que são de Israel são israelitas" (Romanos 9:6). Isso significa que nem todas as pessoas etnicamente de Israel (isto é, aqueles descendentes de Abraão, Isaque e Jacó) pertencem ao verdadeiro Israel (os eleitos de Deus). Revendo a história de Israel, Paulo mostra que Deus escolheu Isaque a Ismael e Jacó a Esaú. Caso alguém achasse que Deus estava escolhendo estes indivíduos com base em sua fé ou boas obras que fariam no futuro, ele acrescenta: "pois não tendo os gêmeos ainda nascido, nem tendo praticado bem ou mal, para que o propósito de Deus segundo a eleição permanecesse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama" (Romanos 9:11).
Neste ponto, pode-se ser tentado a acusar Deus de agir injustamente. Paulo antecipa essa acusação no versículo 14, afirmando claramente que Deus não é injusto de qualquer forma. "Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão" (Romanos 9:15). Deus é soberano sobre a Sua criação. Ele é livre para escolher aqueles a quem vai escolher e é livre para passar por quem quiser. A criatura não tem o direito de acusar o Criador de ser injusto. A própria ideia de que a criatura pode julgar o Criador é um absurdo para Paulo, e deve ser assim para todos os cristãos também. O equilíbrio de Romanos 9 substancia este ponto.
Como já mencionado, há outras passagens que falam em menor medida sobre o tema dos eleitos de Deus (João 6:37-45 e Efésios 1:3-14, para citar algumas). O ponto é que Deus decidiu resgatar um resquício da humanidade para a salvação. Esses indivíduos eleitos foram escolhidos antes da criação do mundo, e a sua salvação está completa em Cristo. Como Paulo diz: "Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou" (Romanos 8:29-30).
Vamos começar com algumas definições gerais:
Determinismo: A visão de que todo evento tem uma causa e de que tudo no universo é absolutamente dependente e regido por leis causais. Já que os deterministas acreditam que todos os eventos, incluindo as ações humanas, são predeterminados, o determinismo é tipicamente considerado incompatível com o livre-arbítrio.
Fatalismo: A crença de que "o que será será", já que todos os eventos passados, presentes e futuros já foram predeterminados por Deus ou outra força poderosa. Na religião, esta visão pode ser chamada de predestinação; ela sustenta que se as nossas almas vão para o céu ou inferno é determinado antes de nascer e é independente de nossas escolhas.
Livre-arbítrio: A teoria de que os seres humanos têm liberdade de escolha ou de auto-determinação; isto é, dada a situação, uma pessoa poderia ter feito diferente do que fez. Os filósofos têm argumentado que o livre-arbítrio é incompatível com o determinismo.
Indeterminismo: A visão de que existem eventos que não têm qualquer causa; muitos defensores do livre-arbítrio acreditam que os atos de escolha são capazes de não serem determinados por qualquer causa fisiológica ou psicológica.
O fatalismo teológico é uma tentativa de demonstrar uma contradição lógica entre um Deus onisciente e o livre-arbítrio, onde o livre-arbítrio é definido como a capacidade de escolher entre alternativas. Nesse aspecto, é semelhante em propósito ao enigma "Pode um Deus onipotente fazer uma pedra tão pesada que nem mesmo Ele é capaz de levantá-la?"
As premissas do fatalismo teológico são demonstradas a seguir: Deus é onisciente. Já que Deus é onisciente, a sua presciência é infalível. Se Deus tem presciência infalível de que amanhã você vai participar de um evento (cortar a grama), então esse invariavelmente será o caso (de cortar a grama).
Portanto, o livre-arbítrio não é possível já que você não tem outra alternativa a não ser participar no evento (cortar a grama). Caso você não cumpra a tarefa, então Deus não é onisciente. Alternativamente, se você se envolver no evento, então você não tem livre-arbítrio por conta de sua incapacidade de escolher uma alternativa.
Um argumento contrário pode afirmar que Deus é onisciente. Já que Deus é onisciente, Ele também é infalível. Se Deus tem a presciência infalível de que amanhã você vai participar de um evento, então você vai escolher livremente isso com base em seu livre-arbítrio, não por obrigação ou falta de opção sobre o evento. Você ainda tem o livre-arbítrio para participar do evento; Deus apenas conhece a sua escolha antes de você fazê-la. Você não é obrigado a fazer a escolha 'A' (cortar a grama) mais do que qualquer escolha 'B' (jogar tênis). Se você fosse mudar de ideia, Deus teria visto isso também, então você ainda tem livre-arbítrio total em todos os assuntos. Além disso, você ainda vai faz as mesmas escolhas (com livre-arbítrio), mesmo se Deus escolhesse não ver o futuro. Deus vendo ou não o futuro não altera o seu livre-arbítrio.
A presciência passiva, se fosse mantida escondida, não invalidaria o livre-arbítrio de qualquer forma lógica ou racional. O indivíduo escolhendo o evento 'A' estaria fazendo as mesmas escolhas, independentemente de se Deus sabia de antemão quais escolhas faria. Deus conhecendo ou não o futuro (passivamente) não alteraria o livre-arbítrio dos indivíduos de forma alguma. O livre-arbítrio só seria destruído se Deus tornasse público o Seu conhecimento a respeito da escolha de livre-arbítrio dos indivíduos; isso alteraria o futuro livre-arbítrio e o tornaria uma obrigação. Um exemplo simples é uma pessoa psíquica prevendo alguém do outro lado do mundo tropeçando e quebrando a perna enquanto corria para pegar um ônibus. O psíquico não estaria alterando a realidade ao prever este evento porque ele aconteceria independentemente de se alguém o tivesse visto ou não. O mesmo se aplica à onisciência de Deus: contanto que seja passiva e não interfira com a realidade ou com o conhecimento que outra pessoa tenha dela, então não está violando o livre-arbítrio dos seres humanos.
No entanto, se Deus criou tudo o que existe, então isso é um problema para qualquer conhecimento passivo da parte de Deus. Um entendimento da onisciência deve ser associado com uma compreensão da onipresença de Deus no tempo. Se Deus conhece todos os eventos -passados, futuros e presentes - então Ele conhece todos os eventos e decisões que um indivíduo faria, embora do ponto de vista do indivíduo, esses eventos e decisões ainda não ocorreram. Isso poderia implicar uma anulação do livre-arbítrio para qualquer pessoa, embora nenhum mecanismo para a aparente presciência de Deus restringindo a liberdade de agir seja posto pelo princípio do fatalismo teológico. Já que, de acordo com a teologia cristã, Deus é atemporal (existente fora de tempo), Deus conhece desde a criação todo o curso da vida de alguém e até mesmo se esse indivíduo vai aceitar a Sua autoridade divina. Com estas pré-condições, apenas uma posição teológica nitidamente fatalista parece imaginável para alguns.
Para ir mais adiante, aqui estão algumas outras implicações: há uma grande diferença entre fatalismo, predestinação e acaso (ou fortuna).
Os fatalistas ensinam que há uma força cega e impessoal sobre a qual ninguém tem controle - nem mesmo Deus - e que os eventos são arrastados por este poder cego e sem propósito. Isso é fatalismo.
O acaso (ou fortuna) é uma força caprichosa que supostamente faz com que as coisas aconteçam "por sorte", sem qualquer controle ou direção de Deus. Em um mundo governado pelo acaso, Deus pode prever o que vai acontecer, mas só isso. Tudo depende de mera sorte. E se o advogado do Acaso for perguntado por que ou como as coisas acontecem, ele não tem resposta, exceto dizer que "simplesmente aconteceu."
A predestinação, a doutrina da Bíblia, diz que Deus tem um propósito e que Ele está trabalhando todas as coisas de acordo com a Sua própria vontade e propósito (Efésios 1:11, Daniel 4:35, Isaías 14:24 e 46:10). A predestinação ensina que Deus não faz nem permite qualquer coisa, exceto o que serve o seu propósito (Salmo 33:11). Isto significa que Deus é o soberano do mundo, aquele que faz todas as coisas como quer.
Aqueles que acreditam cegamente "o que será será" são tão errados quanto os defensores do acaso. É verdade que os eventos são certos, mas só por causa do Deus soberano que cumpre os Seus próprios decretos.
Os estudantes sérios da Bíblia não acreditam que as coisas "só acontecem". Eles entendem que um Deus sábio, santo, bom e soberano tem o controle de todos os detalhes da vida (Mateus 10:29-30). O homem que realmente não quer que Deus tenha esse controle, ou que despreza a verdade da soberania de Deus, é a pessoa que não ama a Deus e não quer Deus em sua vida. Ele quer o seu próprio caminho. Ele, como os demônios do passado, diria: "Que temos nós contigo?"(Marcos 1:24) Mas não é assim, Deus é soberano e não pode negar a Si mesmo.
A palavra fundamental pode descrever qualquer impulso religioso que adira aos seus princípios básicos. O Fundamentalismo, para efeitos do presente artigo, é um movimento dentro da igreja que mantém os pontos essenciais da fé cristã. Nos tempos modernos, a palavra fundamentalista é frequentemente usada em um sentido depreciativo.
O movimento fundamentalista tem suas raízes no Seminário Teológico de Princeton por causa de sua associação com os graduados daquela instituição. Dois ricos leigos da igreja comissionaram 97 líderes de igrejas conservadoras de todo o mundo ocidental a escrever 12 volumes sobre os princípios básicos da fé cristã. Eles então publicaram esses escritos e distribuíram mais de 300.000 cópias gratuitamente para ministros e outros envolvidos na liderança da igreja. Os livros foram intitulados Os Fundamentos, e ainda existem hoje como um conjunto de dois volumes.
O Fundamentalismo foi formalizado no final do século 19 e início do século 20 por cristãos conservadores - John Nelson Darby, Dwight L. Moody, BB Warfield, Billy Sunday e outros - que estavam preocupados com o fato de que os valores morais estavam sendo corroídos pelo Modernismo - uma crença de que os seres humanos (ao invés de Deus) criam, melhoram e remodelam o seu ambiente com a ajuda do conhecimento científico, tecnologia e experimentação prática. Além de lutar contra a influência do Modernismo, a igreja estava lutando contra o movimento alemão de alta crítica, o qual buscou negar a inerrância das Escrituras.
O Fundamentalismo é construído em cinco princípios da fé cristã, embora haja muito mais para o movimento do que a adesão a estes princípios:
1) A Bíblia é literalmente verdadeira. Associada a este princípio é a crença de que a Bíblia é infalível, isto é, sem erro e livre de contradições.
2) O nascimento virginal e a divindade de Cristo. Os fundamentalistas acreditam que Jesus nasceu da Virgem Maria, foi concebido pelo Espírito Santo e era e é o Filho de Deus, plenamente humano e divino.
3) A expiação substitutiva de Jesus Cristo na cruz. O Fundamentalismo ensina que a salvação é obtida somente através da graça de Deus e a fé humana na crucificação de Cristo para os pecados da humanidade.
4) A ressurreição corporal de Jesus. No terceiro dia após a sua crucificação, Jesus ressuscitou dos mortos e agora está assentado à direita de Deus Pai.
5) A autenticidade dos milagres de Jesus como registrados nas Escrituras e a literal e pré-milenar segunda vinda de Cristo à Terra.
Outros pontos doutrinários defendidos pelos fundamentalistas são de que Moisés escreveu os primeiros cinco livros da Bíblia e que a Igreja será arrebatada antes da tribulação do fim dos tempos. A maioria dos fundamentalistas também é dispensacionalista.
O movimento fundamentalista tem muitas vezes adotado uma certa militância pela verdade, e isso causou algumas lutas internas. Muitas novas denominações e congregações apareceram na medida em que muitas pessoas deixaram suas igrejas em nome da pureza doutrinária. Uma das características definidoras do Fundamentalismo tem sido a de ver-se como o guardião da verdade, normalmente à exclusão da interpretação bíblica dos outros. Na época da ascensão do Fundamentalismo, o mundo estava adotando o Modernismo, Liberalismo e o Darwinismo, e a própria igreja estava sendo invadida por falsos mestres. O Fundamentalismo foi uma reação contra a perda do ensino bíblico.
O movimento sofreu um grande golpe em 1925 pela cobertura da imprensa liberal do lendário julgamento de Scopes. Embora os fundamentalistas tenham ganho o caso, eles foram ridicularizados publicamente. Depois, o Fundamentalismo começou a se fragmentar e reorientar. O grupo mais proeminente e vocal nos EUA tem sido a Direita Cristã. Este grupo de auto-denominados fundamentalistas tem sido mais envolvido em movimentos políticos que a maioria dos outros grupos religiosos. Na década de 1990, grupos como a Coalizão Cristã e Conselho de Pesquisa da Família têm influenciado a política e questões culturais. Hoje, o Fundamentalismo vive em vários grupos evangélicos, como a Convenção Batista do Sul. Juntos, esses grupos afirmam ter mais de 30 milhões de seguidores.
Como todos os movimentos, o Fundamentalismo tem desfrutado de sucessos e fracassos. O maior fracasso talvez tenha sido permitir que os detratores do Fundamentalismo definam o que significa ser um fundamentalista. Como resultado, muitas pessoas hoje veem os fundamentalistas como extremistas radicais que querem estabelecer uma religião do Estado e forçar suas crenças sobre outras pessoas. Isso está longe da verdade. Os fundamentalistas procuram guardar a verdade das Escrituras e defender a fé cristã, que "de uma vez para sempre foi entregue aos santos" (Judas 1:3).
A igreja de hoje está sofrendo na cultura pós-moderna e secular e precisa de pessoas que não tenham vergonha de proclamar o evangelho de Cristo. A verdade não muda, e adesão à doutrina dos princípios fundamentais é necessária. Estes princípios são a base sobre a qual o Cristianismo é firmado e, como Jesus ensinou, a casa construída sobre a Rocha vai resistir à qualquer tempestade (Mateus 7:24-25).
A definição é simples: o hipercalvinismo é a crença de que Deus salva os eleitos através de Sua soberana vontade com pouco ou nenhum uso dos métodos de causar a salvação (como evangelismo, pregação e oração pelos perdidos). A um grau antibíblico, o hipercalvinista superenfatiza a soberania de Deus e não enfatiza o suficiente a responsabilidade do homem na obra da salvação.
Uma ramificação óbvia do hipercalvinismo é que suprime qualquer desejo de evangelizar os perdidos. A maioria das igrejas ou denominações que mantêm uma teologia hipercalvinista é marcada pelo fatalismo, frieza e falta de certeza da fé. Há pouca ênfase no amor de Deus pelos perdidos e Seu próprio povo, mas sim uma preocupação antibíblica com a soberania de Deus, Sua eleição dos salvos e Sua ira pelos perdidos. O evangelho do hipercalvinista é uma declaração da salvação de Deus dos eleitos e Sua condenação dos perdidos.
A Bíblia ensina claramente que Deus é soberano sobre todo o universo (Daniel 4:34-35), incluindo a salvação dos homens (Efésios 1:3-12). Mas com a soberania de Deus, a Bíblia também ensina que a Sua motivação para salvar os perdidos é amor (Efésios 1:4-5, João 3:16, 1 João 4:9-10) e que o meio de Deus para salvar os perdidos é a proclamação de Sua Palavra (Romanos 10:14-15). A Bíblia também declara que o cristão dever ser apaixonado e determinado em compartilhar o Evangelho com os incrédulos; como embaixadores de Cristo, devemos "implorar" as pessoas a se reconciliarem com Deus (2 Coríntios 5:20-21).
O hipercalvinismo toma uma doutrina bíblica, a soberania de Deus, e empurra-a a um extremo antibíblico. Ao fazer isso, o hipercalvinista minimiza o amor de Deus e a necessidade de evangelismo.
Este tópico é um dos mais controversos na Igreja hoje em dia, e tem implicações significativas sobre a forma de interpretar as Escrituras, especialmente quanto ao fim dos tempos. Mais importante, ele tem um grande significado por afetar a maneira como entendemos a natureza e o caráter do próprio Deus.
Romanos 11:16-36 registra a ilustração da oliveira. Esta passagem fala de Israel (os ramos "naturais") sendo quebrados da oliveira, e a Igreja (ramos ou brotos "selvagens") sendo enxertados na oliveira. Já que Israel é chamado de ramos, bem como a Igreja, é lógico concluir que nenhum grupo é a "árvore inteira", por assim dizer, ao invés, toda a árvore representa Deus se relacionando com a humanidade como um todo. Portanto, o programa de Deus com Israel e o programa de Deus com a Igreja são uma parte da realização do Seu propósito entre os homens em geral. Claro que isto não significa que um programa ou o outro seja de pouca importância. Como muitos comentaristas notaram, mais espaço é dado na Bíblia aos programas de Deus com Israel e com a Igreja do que qualquer outro relacionamento!
Em Gênesis 12, Deus prometeu a Abraão que ele seria pai de uma grande nação (os judeus), que os judeus possuiriam uma terra, que essa nação seria abençoada acima de todas as outras nações e que todas as outras nações seriam abençoadas por Israel. Assim, desde o início Deus revelou que Israel seria o Seu povo escolhido na terra, mas que Sua bênção não seria limitada a eles exclusivamente. Gálatas 3:14 identifica a natureza da bênção que viria a todas as outras nações: "para que aos gentios viesse a bênção de Abraão em Jesus Cristo, a fim de que nós recebêssemos pela fé a promessa do Espírito." Todas as nações do mundo foram abençoadas por Israel, através de quem o Salvador do mundo veio.
O plano de redenção de Deus é construído sobre a obra consumada de Jesus Cristo, um descendente de Davi e Abraão. Mas a morte de Cristo na cruz é suficiente pelos pecados do mundo inteiro, não apenas dos judeus! Gálatas 3:6-8 declara: "Assim como Abraão creu a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Sabei, pois, que os que são da fé, esses são filhos de Abraão. Ora, a Escritura, prevendo que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou previamente a boa nova a Abraão, dizendo: Em ti serão abençoadas todas as nações." Finalmente, Gálatas 3:29 diz: "E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa." Em outras palavras, em Cristo, os crentes são considerados justos pela fé, da mesma forma que Abraão era (Gálatas 3:6-8). Se estamos em Cristo, então somos participantes da bênção de Israel e de todas as nações da obra redentora de Cristo. Os crentes se tornam os descendentes espirituais de Abraão. Eles não se tornam os judeus físicos, mas podem desfrutar do mesmo tipo de bênçãos e privilégios que os judeus.
É bom ressaltar que isso não contradiz ou anula a revelação dada no Antigo Testamento. As promessas de Deus no Antigo Testamento ainda são válidas, e a relação de Deus com Israel como um povo escolhido aponta para a obra de Cristo como Redentor do mundo todo. A Lei Mosaica é ainda obrigatória a todos os judeus que ainda não aceitaram a Cristo como o seu Messias. Jesus fez o que eles não podiam fazer - cumprir a Lei em todos os seus detalhes (Mateus 5:17). Como crentes do Novo Testamento, não estamos mais sob a maldição da lei (Gálatas 3:13) porque Cristo tomou sobre si a maldição na cruz. A Lei serviu dois propósitos: revelar o pecado e a incapacidade da humanidade (em seu próprio mérito) de fazer qualquer coisa sobre isso; e apontar-nos a Cristo, o qual cumpre a Lei. A Sua morte na cruz satisfaz completamente a justa exigência de perfeição por parte de Deus.
As promessas incondicionais de Deus não são invalidadas pela infidelidade do homem. Nada que façamos será jamais uma surpresa para Deus, e Ele não precisa ajustar os Seus planos de acordo com a forma como nos comportamos. Não, Deus é soberano sobre todas as coisas - passado, presente e futuro – e o que Ele preordenou tanto para Israel quanto para a Igreja vai acontecer, independentemente das circunstâncias. Romanos 3:3-4 explica que a incredulidade de Israel não anularia as Suas promessas a respeito deles: "Pois quê? Se alguns foram infiéis, porventura a sua infidelidade anulará a fidelidade de Deus? De modo nenhum; antes seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fores julgado."
As promessas feitas a Israel ainda serão mantidas no futuro. Podemos ter certeza de que tudo o que Deus disse é verdade e acontecerá por causa do Seu caráter e consistência. A Igreja não substitui Israel e não deve esperar uma realização simbólica das promessas da Antiga Aliança. Ao ler as Escrituras, é necessário manter Israel e a Igreja separados.
Enquanto alguns acreditam que o Reino de Deus e Reino dos Céus estejam se referindo a coisas diferentes, é claro que ambas as frases estão se referindo à mesma coisa. A frase "o reino de Deus" ocorre 68 vezes em 10 diferentes livros do Novo Testamento, enquanto que o "reino dos céus" ocorre apenas 32 vezes, e só no Evangelho de Mateus. Com base no uso exclusivo de Mateus da frase e na natureza judaica de seu Evangelho, alguns intérpretes concluíram que Mateus estava escrevendo a respeito do reino milenar, enquanto que os outros autores do Novo Testamento estavam se referindo ao reino universal. No entanto, um estudo mais profundo da utilização da frase revela que esta interpretação não é correta.
Por exemplo, falando com o jovem rico, Cristo usa os termos "reino dos céus" e "reino de Deus" alternadamente. "Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus" (Mateus 19:23). No versículo seguinte, Cristo proclama: "E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus" (v. 24). Jesus não faz distinção entre os dois termos, mas parece considerá-los sinônimos.
Marcos e Lucas usaram "reino de Deus" onde Mateus usou "reino dos céus" frequentemente em narrativas paralelas da mesma parábola. Compare Mateus 11:11-12 com Lucas 7:28; Mateus 13:11 com Marcos 4:11 e Lucas 8:10; Mateus 13:24 com Marcos 4:26; Mateus 13:31 com Marcos 4:30 e Lucas 13:18; Mateus 13:33 com Lucas 13:20; Mateus 18:3 com Marcos 10:14 e Lucas 18:16; e Mateus 22:2 com Lucas 13:29. Em cada caso, Mateus usou a expressão "reino dos céus", enquanto Marcos e/ou Lucas usaram "reino de Deus." Claramente, as duas frases referem-se à mesma coisa.
Em termos simples, a Teologia da Libertação é uma tentativa de interpretar a Escritura através do sofrimento dos pobres. É em grande parte uma doutrina humanista. Tudo começou na América do Sul, na turbulenta década de 1950, quando o marxismo estava fazendo grandes ganhos entre os pobres por causa de sua ênfase na redistribuição da riqueza, permitindo que os camponeses pobres participassem da riqueza da elite colonial e, assim, melhorasse a sua situação econômica na vida. Como uma teologia, tem raízes católicas romanas muito fortes.
A Teologia da Libertação foi reforçada em 1968 na Segunda Conferência dos Bispos da América Latina, a qual se reuniu em Medellín, na Colômbia. A ideia era estudar a Bíblia e lutar por justiça social nas comunidades cristãs (católicas). Já que o único modelo governamental para a redistribuição da riqueza em um país da América do Sul era um modelo marxista, a redistribuição da riqueza para elevar os padrões econômicos dos pobres na América do Sul assumiu um sabor definitivamente marxista. Já que aqueles que tinham dinheiro eram muito relutantes em separar-se dele em qualquer modelo de redistribuição de riqueza, o uso de uma revolta populista (ou seja, dos pobres) foi incentivada por aqueles que trabalhavam mais perto dos pobres. Como resultado, o modelo de Teologia da Libertação estava atolada no dogma marxista e em causas revolucionárias.
Como resultado de suas tendências marxistas, a Teologia da Libertação, como praticada pelos bispos e sacerdotes da América do Sul, foi criticada em 1980 pela hierarquia católica, do Papa João Paulo pra baixo. A hierarquia mais alta da Igreja Católica acusou os teólogos da libertação de apoiar revoluções violentas e luta de classes definitivamente marxista. Esta perversão é geralmente o resultado de uma visão humanista do homem sendo codificada na Doutrina da Igreja por sacerdotes e bispos zelosos e explica por que a hierarquia católica agora quer se separar da doutrina e revolução marxista.
No entanto, a Teologia da Libertação se mudou dos camponeses pobres da América do Sul aos negros pobres na América do Norte. Temos agora a Teologia da Libertação Negra sendo pregada na comunidade negra. É a mesma filosofia humanista, marxista e revolucionária encontrada na Teologia da Libertação sul-americana e não tem mais base bíblica que o modelo sul-americano. A falsa doutrina ainda é falsa, não importa qual nome esteja ligado a ela. Da mesma forma que o fervor revolucionário foi agitado na América do Sul, a Teologia da Libertação está agora tentando agitar um fervor revolucionário entre os negros na América. Se a Igreja na América reconhecer a falsidade da Teologia da Libertação Negra como a Igreja Católica fez no modelo sul-americano, a Teologia da Libertação Negra irá sofrer o mesmo destino que a Teologia da Libertação na América do Sul, ou seja, será vista como uma doutrina falsa e humanista vestida com termos teológicos.
Este tópico tem sido debatido na Igreja durante séculos. Não é exagero dizer que este debate diz respeito ao coração do próprio evangelho. Primeiro, vamos definir os dois termos. Quando falamos sobre Monergismo vs Sinergismo, teologicamente falando, estamos falando de quem realiza a nossa salvação. O Monergismo, que vem de uma palavra composta grega que significa "trabalhar sozinho", é a visão de que só Deus realiza a nossa salvação. Este ponto de vista é defendido principalmente pelas tradições calvinistas e reformadas e está intimamente ligado ao que é conhecido como as "doutrinas da graça". O Sinergismo, que também vem de uma palavra composta grega que significa "trabalhar juntos", é a visão de que Deus trabalha conosco na realização da salvação. Enquanto o Monergismo é intimamente associado com João Calvino, o Sinergismo é associado com Jacó Armínio, e suas visões têm grandemente influenciado a moderna paisagem evangélica. Calvino e Armínio não são os criadores destes pontos de vista, mas são os defensores mais conhecidos do Calvinismo e Arminianismo.
Estes dois pontos de vista foram fortemente debatidos no início do século 17 quando os seguidores de Armínio publicaram Os Cinco Artigos da Remonstrância, um documento declarando como a sua teologia difere da de Calvino e seus seguidores. O ponto central neste debate é entre a doutrina calvinista da eleição incondicional contra a doutrina arminiana da eleição condicional. Se alguém acredita que a eleição é incondicional, então a tendência é uma visão monergista da salvação. Por outro lado, se alguém acredita que a eleição se baseia na presciência de Deus de quem iria acreditar nele, então a tendência é aderir à visão sinérgica.
O ponto de vista da eleição incondicional é declarado na Confissão de Fé de Westminster: "Segundo o seu eterno e imutável propósito e segundo o santo conselho e beneplácito da sua vontade, Deus, antes que fosse o mundo criado, escolheu em Cristo para a glória eterna os homens que são predestinados para a vida; para o louvor da sua gloriosa graça, ele os escolheu de sua mera e livre graça e amor, e não por previsão de fé, ou de boas obras e perseverança nelas, ou de qualquer outra coisa na criatura que a isso o movesse, como condição ou causa" (WCF III.5, ênfase adicionada). Como podemos ver, a eleição incondicional ensina que a escolha de Deus dos eleitos é baseada no beneplácito de sua vontade e nada mais. Além disso, a Sua escolha na eleição não se baseia em Sua previsão da fé ou boas obras de uma pessoa, muito menos na perseverança daquela pessoa na fé ou boas obras.
Duas clássicas passagens bíblicas apoiam esta doutrina. A primeira é Efésios 1:4-5: "Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade". De acordo com esta passagem, fomos escolhidos por Deus para sermos em Cristo -santos e irrepreensíveis - antes do mundo ser criado, e esta escolha foi baseada no "beneplácito de sua vontade." A outra passagem encontra-se em Romanos 9:16: "Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que usa de misericórdia". A escolha de Deus não é dependente de qualquer coisa que façamos ou em que acreditemos, mas é feita exclusivamente a critério da misericórdia de Deus.
A essência do Calvinismo e do argumento monergístico é que Deus tem o propósito de realmente salvar as pessoas e não apenas fazê-las capazes de serem salvas. Porque todas as pessoas nascem em pecado e por causa de sua natureza caída (depravação total), sempre rejeitarão a Deus; portanto, Deus deve agir em salvar os eleitos sem qualquer pré-condição (como a fé) da sua parte. A fim de conceder as bênçãos da salvação e vida eterna aos eleitos, Deus deve primeiro expiar os seus pecados (expiação limitada). Esta graça e salvação devem então ser aplicadas aos eleitos e, portanto, o Espírito Santo aplica-lhes os efeitos da salvação, regenerando os seus espíritos e atraindo-os para a salvação (graça irresistível). Finalmente, aqueles a quem Deus salvou Ele vai preservar até o fim (perseverança dos santos). Do início ao fim, a salvação (em todos os seus aspectos) é uma obra de Deus, e somente Deus - Monergismo! O que importa é que pessoas estão realmente sendo salvas – os eleitos. Considere Romanos 8:28-30. Nesta passagem podemos ver que há um grupo de pessoas a quem Deus "chama segundo o seu propósito." Essas pessoas são identificadas como "aqueles que amam a Deus." Essas pessoas são também aquelas que nos versículos 29-30 são pré-conhecidas, predestinadas, chamadas, justificadas e glorificadas. Deus é o único que está movendo esse grupo de pessoas (aqueles que amam a Deus, os eleitos) da presciência à glorificação, e nenhuma é perdida ao longo do caminho.
Em apoio ao argumento sinérgico, vamos voltar nossa atenção aos Cinco Artigos da Remonstrância: "Que Deus, por um eterno e imutável plano em Jesus Cristo, seu Filho, antes que fossem postos os fundamentos do mundo, determinou salvar, de entre a raça humana que tinha caído no pecado – em Cristo, por causa de Cristo e através de Cristo – aqueles que, pela graça do Santo Espírito, crerem neste seu Filho e que, pela mesma graça, perseverarem na mesma fé e obediência de fé até o fim; e, por outro lado, deixar sob o pecado e a ira os incorrigíveis e descrentes, condenando-os como alheios a Cristo, segundo a palavra do Evangelho de João 3.36 e outras passagens da Escritura" (Artigo I, ênfase adicionada). Aqui vemos que a salvação é condicional à fé e perseverança do indivíduo. O que a eleição condicional faz é colocar o fator determinante da nossa salvação diretamente em nós, em nossa capacidade de escolher Jesus e permanecer nEle. Sendo assim, os arminianos vão alegar que a nossa capacidade de escolher Jesus é o resultado de uma graça universal que Deus primeiro dá a todas as pessoas para compensar pelos efeitos da queda e permitir ao homem escolher aceitar ou rejeitar a Cristo. Em outras palavras, Deus tem que fazer algo para fazer a escolha de salvação possível, mas, no final, é a nossa escolha que nos salva. A referência bíblica que o artigo I fornece certamente afirma que aqueles que acreditam têm a vida eterna, e que aqueles que rejeitam não têm a vida eterna, por isso parece que há algum apoio bíblico para esta doutrina. Assim, o argumento sinérgico afirma que Deus faz a salvação possível, mas é a nossa escolha que torna a salvação real.
Assim, enquanto o Monergismo reivindica que Deus é uma condição tanto necessária quanto suficiente para a nossa salvação, o Sinergismo concorda que Deus é uma condição necessária, mas nega a Sua suficiência. O nosso livre-arbítrio e a vontade de Deus são o que o torna suficiente. Logicamente falando, devemos ser capazes de ver a falha no argumento sinérgico - que Deus realmente não salva ninguém. Isso coloca a responsabilidade para a salvação em nós porque nós é que temos que tornar verdadeira a salvação ao colocar a nossa fé em Cristo. Se Deus realmente não salva ninguém, então é possível que ninguém será salvo. Se Deus realmente não salva ninguém, como explicar passagens fortes como Romanos 8:28-30? Todos os verbos gregos nessa passagem são aoristos/ indicativos, o que significa que a ação descrita é completa, não há uma potencialidade implícita nessa passagem. Da perspectiva de Deus, a salvação tem sido efetuada. Além disso, o artigo IV da Remonstrância diz que a graça de Deus é resistível, e o artigo V afirma que aqueles que escolheram a graça de Deus também podem se separar dessa graça e "abraçar o presente mundo", então "negligenciando a graça". Este ponto de vista contradiz o ensino claro da Escritura a respeito da segurança eterna do crente.
Se for esse o caso, então como é que respondemos ao apoio bíblico para a eleição condicional (cf. João 3:36)? Não há como negar que a fé é necessária para tornar a salvação um "acordo fechado" em nossas vidas, mas em que lugar ela se encontra na ordem da salvação (Ordo Salutis)? Mais uma vez, se considerarmos Romanos 8:29-30, vemos uma progressão lógica da salvação. A justificação, que normalmente está em vista quando se considera a salvação pela fé, é a quarta na lista, sendo precedida por presciência, predestinação e chamado. Esse chamado pode ser dividido em o seguinte: a regeneração, o evangelismo, a fé e o arrependimento. Em outras palavras, o "chamado" (conhecido como "vocação eficaz" por teólogos reformados) primeiro deve envolver nascer de novo pelo poder do Espírito Santo (João 3:3). Em seguida, vem a pregação do evangelho (Romanos 10:14-17), seguido pela fé e arrependimento. No entanto, antes de que qualquer coisa possa ocorrer, a presciência e predestinação devem preceder.
Isto leva-nos à questão da presciência. Os arminianos vão alegar que a presciência se refere a Deus conhecendo de antemão a fé dos eleitos. Se for esse o caso, então Deus nos elegendo não é mais baseado no "bom propósito da sua vontade", mas sim em nosso poder de escolhê-lo, apesar da nossa condição caída, que, de acordo com Romanos 8:7, é inimiga de Deus e incapaz de o fazer. A visão arminiana da presciência também contradiz o ensino claro das passagens mencionadas acima em apoio à eleição incondicional (Efésios 1:4-5 e Romanos 9:16). Este ponto de vista essencialmente rouba Deus de sua soberania e coloca a responsabilidade para a salvação sobre os ombros de criaturas que são totalmente incapazes de salvar a si mesmas.
Em conclusão, o peso da evidência lógica e o peso da evidência bíblica apoiam a visão monergista da salvação - Deus é o autor e consumador da nossa salvação (Hebreus 12:2). Aquele que começou a boa obra em nós vai completá-la no dia de Cristo Jesus (Filipenses 1:6). O Monergismo não apenas tem um impacto profundo sobre como se enxerga a salvação, mas como se enxerga o evangelismo também. Se a salvação for baseada exclusivamente na graça salvadora de Deus, então não há espaço para nos orgulhar, e toda a glória vai para Ele (Efésios 2:8-9). Além disso, se Deus realmente salva as pessoas, então nossos esforços evangelísticos devem dar frutos porque Deus prometeu salvar os eleitos. O Monergismo resulta em maior glória a Deus!
A teologia moral é um termo usado pela Igreja Católica Romana para descrever o estudo de Deus a partir de uma perspectiva de como o homem deve viver para alcançar a presença ou favor de Deus. Embora a teologia dogmática lide com o ensino ou doutrina oficial da Igreja Católica Romana, a teologia moral lida com a meta da vida e como é obtida. Assim, o objetivo ou propósito da teologia moral é simplesmente determinar como o homem deve viver.
A teologia moral examina coisas como liberdade, consciência, amor, responsabilidade e lei. A teologia moral procura expor os princípios gerais para ajudar as pessoas a tomarem as decisões certas e lidarem com os detalhes da vida cotidiana de uma forma que esteja de acordo com a teologia dogmática da Igreja. A teologia moral é essencialmente o equivalente da Igreja Católica Romana ao que os protestantes normalmente chamam de Ética Cristã. A teologia moral lida com as grandes questões da vida e tenta definir o que significa viver como um católico romano cristão. A teologia moral aborda os diferentes métodos de discernimento moral, as definições de certo e errado, bem e mal, pecado e virtude, etc.
O movimento "Só Jesus", também conhecido como pentecostalismo unicista ou teologia da unidade, ensina que há um só Deus, mas nega a tri-unidade de Deus. Em outras palavras, a teologia da unidade não reconhece as pessoas distintas da Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Ela tem várias formas – alguns enxergam Jesus Cristo como o único Deus que às vezes se manifesta como o Pai ou o Espírito Santo. A doutrina central do pentecostalismo unicista é que Jesus é o Pai e Jesus é o Espírito. Há um Deus que se revela em diferentes "modos".
Este ensinamento tem existido por séculos, de uma forma ou de outra, como modalismo. O modalismo ensina que Deus operou em formas ou modos diferentes em diferentes momentos - às vezes como o Pai, outras como o Filho e, às vezes, como o Espírito Santo. No entanto, passagens como Mateus 3:16-17, onde duas ou três pessoas da Trindade estão presentes, contradizem a visão modalista. O modalismo foi condenado como herético já no século II DC. A igreja primitiva fortemente rejeitou a visão de que Deus é estritamente uma única pessoa que agiu em formas diferentes em momentos diferentes. Eles argumentaram, com base nas Escrituras, que a tri-unidade de Deus é evidente na medida em que mais de uma pessoa da Trindade é vista frequentemente ao mesmo tempo, e muitas vezes interage uma com a outra (exemplos: Gênesis 1:26; 3:22; 11:7; Salmo 2:7; 104:30; 110:1, Mateus 28:19, João 14:16). O pentecostalismo unicista é antibíblico.
O conceito da tri-unidade de deus, por outro lado, está presente em toda a Escritura. Não é um conceito facilmente compreendido pela mente finita. E porque o homem gosta de que tudo faça sentido em sua teologia, movimentos como esse – como também o das Testemunhas de Jeová - regularmente surgem para tentar explicar a natureza de Deus. É claro que isso simplesmente não pode ser feito sem transgredir o texto bíblico. Os cristãos têm chegado a aceitar que a natureza de Deus não está sujeita às limitações que gostamos de colocar nEle. Simplesmente acreditamos quando Ele diz: "Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos" (Isaías 55:8-9). Se não pudermos entender os Seus pensamentos e caminhos, então devemos aceitar que não podemos compreender plenamente a Sua natureza.
O argumento ontológico é um argumento baseado não na observação do mundo (como os argumentos cosmológico e teleológico), mas apenas na razão. Especificamente, o argumento ontológico raciocina com base no estudo da existência (ontologia). A primeira e mais popular forma deste argumento remonta a Santo Anselmo no século 11 DC. Ele começa afirmando que o conceito de Deus é "um ser do qual nada maior pode ser concebido." Já que a existência é possível, e existir é maior do que não existir, então Deus deve existir (se Deus não existisse, então um ser maior poderia ser concebido, mas essa ideia derrota a si mesma-- você não pode ter algo maior do que algo do qual nada maior pode ser concebido!). Portanto, Deus tem de existir. Descartes fez a mesma coisa, mas dessa vez raciocinando a ideia de um ser perfeito.
O ateu Bertrand Russell disse que é muito mais fácil dizer que o argumento ontológico não é bom do que dizer exatamente o que ele tem de errado! No entanto, os argumentos ontológicos não são muito populares na maioria dos círculos cristãos nos dias de hoje. Primeiro, eles parecem implorar a questão de saber como é Deus. Segundo, o apelo subjetivo é inferior aos descrentes, já que estes argumentos tendem faltar o apoio objetivo. Terceiro, é difícil afirmar simplesmente que algo deve existir por definição. Sem uma boa sustentação filosófica quanto a por que uma coisa tenha de existir, simplesmente definir alguma coisa à existência não é uma boa filosofia (como afirmar que os unicórnios são cavalos mágicos de um só chifre que existem). Mesmo com esses problemas, vários proeminentes filósofos de hoje continuam trabalhando nesta forma mais incomum do argumento teológico.
O termo "revelação progressiva" refere-se à ideia e ensino de que Deus revelou vários aspectos da Sua vontade e plano geral para a humanidade em diferentes períodos de tempo – conhecidos como "dispensações" por alguns teólogos. Para os dispensacionalistas, uma dispensação é uma economia distinguível (ou seja, uma condição ordenada das coisas) na realização do propósito de Deus. Embora os dispensacionalistas debatam o número de dispensações que ocorreram ao longo da história, todos acreditam que Deus revelou apenas certos aspectos de Si mesmo e Seu plano de salvação em cada dispensação, com cada uma se desenvolvendo sobre a anterior.
Embora os dispensacionalistas acreditem na revelação progressiva, é importante ressaltar que não é necessário ser um dispensacionalista para adotar a revelação progressiva. Quase todos os estudantes da Bíblia reconhecem o fato de que certas verdades contidas nas Escrituras não foram totalmente reveladas por Deus para as gerações anteriores. Qualquer pessoa hoje que não sacrifique um animal quando pretende aproximar-se de Deus ou que adore a Deus no primeiro dia da semana ao invés de no último entende que tais distinções na prática e conhecimento têm sido progressivamente reveladas e aplicadas ao longo da história.
Além disso, há questões mais importantes sobre o conceito da revelação progressiva. Um exemplo é o nascimento e a composição da Igreja, de que Paulo fala: "Por esta razão eu, Paulo, o prisioneiro de Cristo Jesus por amor de vós gentios... Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; como pela revelação me foi manifestado o mistério, conforme acima em poucas palavras vos escrevi, pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual em outras gerações não foi manifestado aos filhos dos homens, como se revelou agora no Espírito aos seus santos apóstolos e profetas, a saber, que os gentios são co-herdeiros e membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho" (Efésios 3:1-6).
Paulo afirma quase a mesma coisa em Romanos: “Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar, segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio desde os tempos eternos, mas agora manifesto e, por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus, eterno, dado a conhecer a todas as nações para obediência da fé” (Romanos 16:25-26).
Em discussões sobre a revelação progressiva, uma das primeiras perguntas que as pessoas têm é como se aplica à salvação. Foram aqueles que viveram antes do primeiro advento de Cristo salvos de uma maneira diferente do que as pessoas são salvas hoje? Na era do Novo Testamento, as pessoas devem colocar a sua fé na obra consumada de Jesus Cristo, crer que Deus o ressuscitou dentre os mortos, e serão salvos (Romanos 10:9-10, Atos 16:31). No entanto, Allen Ross, um especialista do Antigo Testamento, observa: "É muito improvável que todos os que acreditavam para obter a salvação [no Antigo Testamento] conscientemente acreditavam na morte de Jesus Cristo, o Filho de Deus." John Feinberg acrescenta: "As pessoas da era do Antigo Testamento não sabiam que Jesus era o Messias, que Jesus iria morrer, e que a sua morte seria a base da salvação." Se Ross e Feinberg estão corretos, então o que exatamente Deus revelou aos que viveram antes de Cristo, e como eram os santos do Antigo Testamento salvos? O que, se alguma coisa, mudou na salvação do Antigo Testamento para a salvação do Novo Testamento?
Revelação Progressiva - Dois Caminhos ou Um Caminho de Salvação?
Alguns afirmam que aqueles que defendem a revelação progressiva acreditam em dois métodos diferentes de salvação – um que estava em vigor antes da primeira vinda de Cristo, e outro que surgiu depois da sua morte e ressurreição. Tal afirmação é refutada por LS Chafer, que escreve: "Há duas maneiras pelas quais um pode ser salvo? Em resposta a esta pergunta pode-se afirmar que a salvação de qualquer criatura é sempre a obra de Deus em favor do homem e nunca uma obra do homem em nome de Deus. . . . Há, portanto, apenas uma maneira de ser salvo e isso é pelo poder de Deus tornado possível pelo sacrifício de Cristo. "
Se isso for verdade, então como podem as revelações no Antigo e Novo Testamento a respeito da salvação se reconciliar? Charles Ryrie resume a questão de forma sucinta desta forma: "A base da salvação em qualquer época é a morte de Cristo; o requisito para a salvação em qualquer época é a fé; o objeto da fé em qualquer época é Deus; o conteúdo da fé muda nas diferentes épocas." Em outras palavras, não importa quando uma pessoa tenha vivido, a sua salvação, em última análise, depende da obra de Cristo e de uma fé colocada em Deus, mas a quantidade de conhecimento que uma pessoa tinha sobre os detalhes do plano de Deus tem aumentado durante os séculos através da revelação progressiva de Deus.
Quanto aos santos do Antigo Testamento, Norman Geisler oferece o seguinte: "Em suma, parece que os requisitos para a salvação no Antigo Testamento no máximo (em termos de crença explícita) foram (1) a fé na unidade de Deus, (2) o reconhecimento da pecaminosidade humana, (3) aceitação da graça necessária de Deus e, possivelmente, (4) o entendimento de que o Messias estava por vir."
Há evidência nas Escrituras para apoiar a reivindicação de Geisler? Considere esta passagem no Evangelho de Lucas, a qual contém os primeiros três requisitos:
"Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano. O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda com este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho. Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: ó Deus, sê propício a mim, o pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será exaltado" (Lucas 18:10-14).
Este evento ocorreu antes da morte e ressurreição de Cristo, por isso envolve claramente uma pessoa que não tem conhecimento da mensagem do evangelho como articulada hoje no Novo Testamento. Na declaração simples do coletor de impostos ("Deus, sê propício a mim, o pecador!"), encontramos (1) uma fé em Deus, (2) um reconhecimento do pecado, e (3) uma aceitação da misericórdia. Então Jesus faz uma declaração muito interessante: Ele diz que o homem foi para casa “justificado.” Este é o termo exato usado por Paulo para descrever a posição de um santo do Novo Testamento que acreditou na mensagem do evangelho e colocou a sua confiança em Cristo: "Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo" (Romanos 5:1).
O quarto na lista de Geisler está em falta na narrativa de Lucas - a compreensão de um Messias que estava por vir. No entanto, outras passagens do Novo Testamento indicam que este pode ter sido um ensino comum. Por exemplo, no relato de João sobre Jesus e a mulher samaritana no poço, a mulher diz: "Eu sei que vem o Messias {que se chama o Cristo}; quando ele vier há de nos anunciar todas as coisas" (João 4:25). No entanto, como o próprio Geisler reconheceu, a fé no Messias não foi era algo que "tinham que ter" para a salvação no Antigo Testamento.
Revelação Progressiva - Mais Evidência das Escrituras
Uma rápida pesquisa das Escrituras revela os seguintes versículos tanto no Antigo quanto no Novo Testamento que suportam o fato de que a fé em Deus sempre foi o caminho da salvação:
• “E creu Abrão no Senhor, e o Senhor imputou-lhe isto como justiça” (Gênesis 15:6).
• “E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Joel 2:32).
• “porque é impossível que o sangue de touros e de bodes tire pecados” (Hebreus 10:4).
• “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem. Porque por ela os antigos alcançaram bom testemunho” (Hebreus 11:1-2).
• “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11:6).
As Escrituras dizem claramente que a fé é a chave para a salvação para todos os povos ao longo da história, mas como poderia Deus salvar as pessoas sem conhecimento do sacrifício de Cristo a seu favor? A resposta é que Deus as salvou com base em sua resposta ao conhecimento que tinham. Sua fé aguardava algo que não podiam ver, enquanto que hoje, os crentes olham para trás em eventos que podem ver. O gráfico a seguir ilustra esse entendimento:
A Bíblia ensina que Deus tem sempre dado às pessoas revelação suficiente para exercer fé. Agora que a obra de Cristo tem sido concretizada, a exigência mudou; os "tempos da ignorância" acabaram:
• "o qual nos tempos passados permitiu que todas as nações andassem nos seus próprios caminhos. Contudo não deixou de dar testemunho de si mesmo" (Atos 14:16)
• "Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todo lugar se arrependam" (Atos 17:30)
• "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue, para demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos" (Romanos 3:25).
Antes da vinda de Cristo, Deus estava prenunciando a morte de Jesus através do sistema de sacrifício e condicionando o Seu povo a compreender que o pecado leva à morte. A Lei foi dada para ser um tutor e levar as pessoas ao entendimento de que eram pecadoras necessitadas da graça de Deus (Gálatas 3:24). Mas a lei não revogou a anterior aliança com Abraão, a qual era baseada na fé; é a aliança de Abraão que é o padrão para a salvação hoje (Romanos 4). Mas, como Ryrie afirmou acima, o conteúdo detalhado da nossa fé - o tanto de revelação dada - tem aumentado ao longo dos tempos ao ponto que as pessoas hoje têm uma compreensão mais direta do que Deus requer deles.
Revelação Progressiva - Conclusões
Referindo-se à revelação progressiva de Deus, João Calvino escreve: "O Senhor susteve esta economia e esta ordem na administração do pacto de sua misericórdia, de sorte que, quanto mais com o correr do tempo se aproximava o dia da plena revelação, com tanto maior clareza o quis anunciar. Assim, no início, quando a primeira promessa de salvação foi dada a Adão (Gênesis 3:15), ela brilhou como uma faísca fraca. Então, ao ser a ela adicionada, a luz cresceu em plenitude, rompendo cada vez mais e derramando o seu brilho mais amplamente. Finalmente - quando todas as nuvens se dispersaram - Cristo, o Sol da Justiça, plenamente iluminou toda a Terra" (Institutas, 2.10.20).
A revelação progressiva não significa que o povo de Deus no Antigo Testamento não tinha qualquer revelação ou compreensão. Aqueles que viveram antes de Cristo, diz Calvino, não estavam "sem a pregação que contém a esperança de salvação e de vida eterna, mas. . . eles só tinham um vislumbre de longe e em um esboço sombrio aquilo que vemos hoje em plena luz do dia" (Institutas, 2.7.16; 2.9.1; comentário sobre Gálatas 3:23).
O fato de que ninguém é salvo sem a morte e ressurreição de Cristo é claramente indicado na Escritura (João 14:6). A base da salvação tem sido, e sempre será, o sacrifício de Cristo na cruz, e o meio de salvação sempre tem sido a fé em Deus. No entanto, o conteúdo da fé de uma pessoa sempre dependia da quantidade de revelação que Deus estava contente em dar em um determinado tempo.
Teofania é uma manifestação de Deus na Bíblia que é tangível aos sentidos humanos. Em seu sentido mais restritivo, é uma aparência visível de Deus no período do Antigo Testamento, muitas vezes, mas não sempre, em forma humana. Algumas das teofanias são encontradas nestas passagens:
1. Gênesis 12:7-9 - O Senhor apareceu a Abraão em sua chegada na terra que Deus prometeu a ele e a seus descendentes.
2. Gênesis 18:1-33 - Um dia, Abraão teve alguns visitantes: dois anjos e o próprio Deus. Ele os convidou para ir à sua casa, e ele e Sara os entretiveram. Muitos comentaristas acreditam que este também poderia ser um exemplo de Cristofania, uma aparência pré-encarnada de Cristo.
3. Gênesis 32:22-30 - Jacó lutou com o que parecia ser um homem, mas era na verdade de Deus (versículos 28-30). Isso também pode ter sido um exemplo de Cristofania.
4. Êxodo 3:2 - 4:17 - Deus apareceu a Moisés na forma de uma sarça ardente, dizendo-lhe exatamente o que queria que ele fizesse.
5. Êxodo 24:9-11 - Deus apareceu a Moisés, com Arão e seus filhos e os 70 anciãos.
6. Deuteronômio 31:14-15 - Deus apareceu a Moisés e Josué na transferência de liderança para Josué.
7. Jó 38-42 - Deus respondeu a Jó de um redemoinho e falou longamente em resposta às perguntas de Jó.
Frequentemente, o termo "glória do Senhor" reflete uma teofania, como em Êxodo 24:16-18, a "nuvem" tem uma função similar em Êxodo 33:9. Uma introdução frequente de teofanias pode ser vista nas palavras "o Senhor desceu", como em Gênesis 11:5, Êxodo 34:5, Números 11:5 e 12:5.
Alguns comentaristas da Bíblia acreditam que sempre que alguém recebeu uma visita do "anjo do Senhor", isso era de fato Cristo pré-encarnado. Essas aparições podem ser vistas em Gênesis 16:7-14, Gênesis 22:11-18; Juízes 5:23, 2 Reis 19:35 e outras passagens. Outros comentaristas acreditam que estes eram de fato angelofanias, ou aparições de anjos. Embora não existam Cristofanias indiscutíveis no Antigo Testamento, cada teofania na qual Deus assume forma humana prefigura a encarnação, quando Deus tomou a forma de um homem para viver entre nós como Emanuel, "Deus conosco" (Mateus 1:23).
A essência do utilitarismo é o seu conceito de prazer e dor. A filosofia utilitarista vê "bom" como qualquer coisa que aumente o prazer e reduza a dor. É uma filosofia de resultados. Se o resultado de uma ação servir para aumentar o prazer e reduzir a dor, então a ação é considerada boa. No seu coração, o utilitarismo é uma filosofia hedonista. A história do utilitarismo pode ser rastreada de volta ao antigo filósofo grego Epicuro, mas como uma escola de pensamento, o utilitarismo é frequentemente creditado ao filósofo inglês Jeremy Bentham.
Quais são alguns dos problemas do utilitarismo? Primeiro é o seu foco nos resultados. Na realidade, uma ação não é boa só porque o seu resultado é bom. A Bíblia diz que "porque eu o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração" (1 Samuel 16:7). Deus não está tão preocupado com resultados quanto com as intenções dos nossos corações. Boas ações com más intenções não agradam a Deus. Obviamente, não podemos ver as intenções dos outros. Não somos sequer capazes de discernir completamente nossas próprias intenções. Mas isso não é desculpa, todos nós temos que vir diante de Deus e prestar conta de nossas ações.
Um segundo problema com o utilitarismo é o seu foco no prazer em oposição ao que é verdadeiramente bom. O prazer é uma definição humana do que é bom e, como tal, pode ser muito subjetivo. O que é prazeroso para um pode não ser agradável para o outro. Segundo a Bíblia, Deus é a definição do que é bom (Salmo 86:5; 119:68) e, já que Deus não muda (Tiago 1:17), a definição do que é bom também não pode mudar; ela é objetiva e não subjetiva. A bondade não flutua com as tendências do desejo humano ou com a passagem do tempo. Além disso, ao igualar bom com prazer, corremos o risco de definir o bom como simplesmente a satisfação dos nossos desejos carnais. Como é evidenciado por pessoas que sucumbem a um estilo de vida hedonista, o mais que se entrega a um prazer, o menos intenso o prazer se torna e o mais que é necessário se entregar para atingir o mesmo estímulo. É a lei dos rendimentos decrescentes, aplicada ao prazer. Os toxicodependentes que usam drogas progressivamente mais fortes para alcançar a mesma sensação são um exemplo disso.
Um terceiro problema com o utilitarismo é a prevenção da dor. Nem toda dor é ruim. Não é que a dor em si seja boa, mas pode levar a algo bom. A história da humanidade está cheia de aprender com os erros. Como muitos dizem, o fracasso é o melhor professor. Ninguém está defendendo que devemos ativamente buscar a dor. Mas dizer que toda dor é um mal e deve ser evitada é tolice. Deus está mais interessado em nossa santidade do que com a nossa felicidade. Sua exortação ao Seu povo é ser santo como Ele é santo (Levítico 11:44, 1 Pedro 1:15-16). A Bíblia também diz que devemos nos alegrar quando nos deparamos com provações de todos os tipos (Tiago 1:2-4), não porque essas provações sejam alegres em si, mas porque levam a maior perseverança e fidelidade.
Em resumo, a filosofia do utilitarismo focaliza-se em fazer desta vida o mais sem dor quanto possível para tantas pessoas quanto possível. Na superfície, isso parece ser uma meta admirável. Quem não gostaria de aliviar o sofrimento de pessoas em todo o mundo? Contudo, a Bíblia nos diz que há mais à nossa existência do que apenas esta vida na Terra. Se tudo para o qual estamos vivendo é maximizar o prazer nesta vida, perdemos a perspectiva maior. Jesus disse que aquele que vive para essa vida será muito desapontado (Mateus 6:19). O apóstolo Paulo diz que os problemas desta vida não se comparam com a glória que receberemos na eternidade (2 Coríntios 4:17). As coisas dessa vida são transitórias e temporárias (v. 18). Nosso foco deve ser em maximizar a nossa glória no céu, não a nossa vida na Terra.
A palavra teleologia vem de telos, que significa "objetivo" ou "propósito". A ideia é que leva um criador para que haja um "propósito" e, por isso, onde vemos coisas que foram obviamente destinadas a um propósito, podemos supor que essas coisas foram feitas por uma razão. Em outras palavras, um projeto implica um designer. Nós instintivamente fazemos essas conexões o tempo todo. A diferença entre o Grand Canyon e o Monte Rushmore é óbvia: um foi projetado, o outro não. O Grand Canyon foi claramente formado por processos naturais e irracionais, enquanto que o Monte Rushmore foi claramente criado por um ser inteligente, um designer. Quando estamos caminhando em uma praia e encontramos um relógio de pulso, não supomos que o tempo e o acaso produziram o relógio aleatoriamente com areia. Por quê? Porque tem as marcas claras de design - tem um propósito, transmite informação, é especificamente complexo, etc. Em nenhum campo científico é o design considerado espontâneo; sempre implica um designer, e quanto maior o design, maior o designer. Assim, tomando os pressupostos da ciência, o universo tem que ter um designer além de si mesmo (ou seja, um designer sobrenatural).
O argumento teleológico aplica este princípio a todo o universo. Se os projetos implicam um designer, e o universo mostra marcas de design, então o universo foi projetado. Claramente, toda forma de vida na história da Terra tem sido altamente complexa. Um único fio de DNA equivale a um volume da Enciclopédia Britânica. O cérebro humano tem cerca de 10 bilhões de gigabytes de capacidade. Além das coisas viventes aqui na Terra, todo o universo parece ter sido projetado para a vida. Literalmente centenas de condições são necessárias para a vida na Terra - tudo, da densidade de massa do universo à atividade sísmica, deve ser ajustado para que a vida possa existir. A chance de todas estas coisas aleatoriamente acontecendo é, literalmente, impossível. A probabilidade contra isso acontecer é muitas ordens de magnitude maior do que o número de partículas atômicas em todo o universo! Com um projeto tão impressionante, é difícil acreditar que somos simplesmente um acidente. Na verdade, a recente conversão do famoso ateu e filósofo Antony Flew ao teísmo foi baseada em grande parte neste argumento.
Além de demonstrar a existência de Deus, o argumento teleológico expõe falhas na teoria da evolução. O movimento do Design Inteligente na ciência aplica a teoria da informação aos sistemas de vida e mostra que o acaso não pode sequer começar a explicar a complexidade da vida. Na verdade, até mesmo as bactérias unicelulares são tão complexas que, sem todas as suas partes trabalhando em conjunto e ao mesmo tempo, elas não teriam potencial de sobrevivência. Isso significa que essas partes não poderiam ter se desenvolvido por acaso. Darwin reconheceu que isso poderia ser um problema um dia ao avaliar o olho humano. Mal sabia ele que até mesmo as criaturas unicelulares têm muita complexidade que não pode ser explicada sem um criador!
A ética situacional é uma visão particular da ética moral que sustenta que a moralidade de um ato é determinada por seu contexto. A ética situacional afirma que se há um certo e errado, ele é simplesmente determinado pelo resultado desejado da situação. A ética situacional é diferente do relativismo moral porque o relativismo moral afirma que não há certo ou errado. A ética situacional desenvolve um código de ética no qual atender às necessidades de cada situação determina o que é certo ou errado.
De capa a capa, a Bíblia é verdadeira, consistente e aplicável. A Bíblia ensina, admoesta ou até mesmo inclina-se a defender a ética situacional? A resposta curta é "não". Vamos considerar três princípios: 1) Deus é o criador e sustentador. 2) Toda a Palavra de Deus é verdadeira, até mesmo as partes de que não gostamos ou entendemos. 3) O certo e o errado são determinados e definidos por quem Deus é.
1. Deus é o criador e sustentador. A ética situacional afirma que a moralidade é determinada pelo ambiente ou circunstância. A Palavra de Deus diz que a moralidade é determinada pela soberania de Deus, pois Ele é o criador e sustentador. Isso não é uma questão de semântica, mas de fato. Ainda que Deus desse um comando para um grupo de pessoas e o proibisse a um outro grupo, a determinação de se é certo ou errado, ético ou não, não se baseia na situação, mas sim no comando de Deus. Deus tem a autoridade para governar o certo e o errado. Romanos 3:4 diz: "Antes seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso."
2. Toda a Palavra de Deus é verdadeira. Sugerir que a Bíblia defende a ética situacional seria implicar que ela contém erros. Isso não é possível. Não é possível por causa do número 1, Deus é o criador e sustentador.
3. O certo e o errado são definidos por quem Deus é. O amor é a natureza de Deus. Ele define o que o amor é, não pelo que faz, mas simplesmente por quem é. A Bíblia diz: "Deus é amor" (1 João 4:16). O amor é desinteressado e atencioso com os outros, nunca procura a sua própria glória ou prazer (1 Coríntios 13). Portanto, em virtude de quem é Deus, a Bíblia, sendo dada por Deus e sendo completamente verdadeira, não pode conter um sistema de ética que desafiaria a natureza de Deus. A ética situacional encontra o certo e o errado para agradar a maioria ou uma única pessoa por egoísmo. O amor é o oposto. O amor procura incentivar e encorajar outras pessoas.
Dois problemas fundamentais com a ética situacional são a realidade de uma verdade absoluta e o conceito de amor real. A Bíblia ensina a verdade absoluta, a qual ensina que o certo e o errado são pré-determinados por um Deus Santo. E o amor - a definição de Deus do amor verdadeiro, honesto e real - não deixa espaço para motivações egoístas ou impuras. Mesmo se alguém dissesse que a situação exige abnegação, ainda é uma determinação humana e não divina. As razões de um ser humano para determinar o que é melhor sem o amor verdadeiro são fundacionalmente egoístas.
Então o que acontece quando as coisas parecem certas, mas Deus diz que são erradas? Temos de confiar na soberania de Deus e confiar "que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Romanos 8:28). Se nós pertencemos a Cristo, Deus nos deu o Seu Espírito (João 16), e por meio dEle temos uma compreensão do que é certo e errado. Através dEle, somos convencidos, incentivados e orientados para a justiça. Um desejo sincero de conhecer a verdade de um assunto, juntamente com a busca de Deus, será recompensado com a resposta de Deus. "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos" (Mateus 5:6).
O Dispensacionalismo é um método de interpretação histórico que divide a obra de Deus e Seus propósitos para a humanidade em diferentes períodos de tempo. Geralmente há sete dispensações identificadas, embora alguns teólogos acreditem que haja nove. Outros contam de três até mesmo 37 dispensações. Neste artigo, vamos nos limitar às sete dispensações básicas encontradas nas Escrituras.
A primeira dispensação é chamada de Dispensação da Inocência (Gênesis 1:28-30 e 2:15-17). Esta dispensação abrangeu o período de Adão e Eva no Jardim do Éden. Nesta dispensação, os mandamentos de Deus eram (1) povoar a terra, (2) dominar a terra, (3) ter domínio sobre os animais, (4) cuidar do jardim, e (5) abster-se de comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Deus advertiu contra o castigo da morte física e espiritual por desobediência. Esta dispensação foi curta. Ela foi levada ao fim pela desobediência de Adão e Eva em comer o fruto proibido e sua expulsão do jardim.
A segunda dispensação é chamada de Dispensação da Consciência, e durou cerca de 1.656 anos a partir do momento da expulsão de Adão e Eva do jardim até e o dilúvio (Gênesis 3:8 - 8:22). Esta dispensação demonstra o que a humanidade fará se abandonada à sua própria vontade e consciência, as quais foram contaminadas pela natureza do pecado herdado. Os cinco principais aspectos desta dispensação são: 1) uma maldição sobre a serpente, 2) uma mudança na condição da mulher e gravidez, 3) uma maldição sobre a natureza, 4) a imposição de trabalho sobre a humanidade para produzir alimentos, e 5) a promessa de Cristo como a semente que ferirá a cabeça da serpente (Satanás).
A terceira dispensação é a Dispensação do Governo Humano, a qual começou em Gênesis 8. Deus tinha destruído a vida na terra com um dilúvio, salvando apenas uma família para reiniciar a raça humana. Deus fez as seguintes promessas e comandos para Noé e sua família:
1. Deus não vai amaldiçoar a terra novamente.
2. Noé e família devem povoar a terra com pessoas.
3. Eles devem exercer domínio sobre a criação animal.
4. Eles são autorizados a comer carne.
5. A lei da pena de morte é estabelecida.
6. Nunca haverá outro dilúvio mundial.
7. O sinal da promessa de Deus será o arco-íris.
Os descendentes de Noé não se espalharam e encheram a terra como Deus havia ordenado, assim falhando em sua responsabilidade nesta dispensação. Cerca de 325 anos depois do dilúvio, os habitantes da terra começaram a construir uma torre, um grande monumento à sua solidariedade e orgulho (Gênesis 11:7-9). Deus deu um fim à construção, criando diferentes idiomas e reforçando o Seu comando de encher a terra. O resultado foi o surgimento de diferentes nações e culturas. A partir desse ponto, os governos humanos têm sido uma realidade.
A quarta dispensação, chamada de Dispensação da Promessa, começou com a chamada de Abraão, continuou através das vidas dos patriarcas e terminou com o Êxodo do povo judeu do Egito, um período de aproximadamente 430 anos. Durante esta dispensação, Deus desenvolveu uma grande nação que Ele havia escolhido como o Seu povo (Gênesis 12:1-Êxodo 19:25).
A promessa básica durante a Dispensação da Promessa foi a Aliança Abraâmica. Aqui estão alguns dos pontos-chave dessa aliança incondicional:
1. De Abraão viria uma grande nação que Deus abençoaria com prosperidade natural e espiritual.
2. Deus faria o nome de Abraão grande.
3. Deus abençoaria aqueles que abençoassem os descendentes de Abraão e amaldiçoaria aqueles que os amaldiçoassem.
4. Em Abraão todas as famílias da terra serão abençoadas. Isso se realiza em Jesus Cristo e Sua obra de salvação.
5. O sinal da aliança é a circuncisão.
6. Esta aliança, que foi repetida para Isaque e Jacó, está confinada ao povo hebreu e às 12 tribos de Israel.
A quinta dispensação é chamada de Dispensação da Lei. Durou quase 1.500 anos, do Êxodo até ser suspensa após a morte de Jesus Cristo. Esta dispensação continuará durante o Milênio, com algumas modificações. Durante a Dispensação da Lei, Deus lidou especificamente com a nação judaica através da Aliança Mosaica, ou a Lei, encontrada em Êxodo 19-23. A dispensação envolvia a adoração no templo dirigida pelos sacerdotes, com mais direção dada através dos porta-vozes de Deus, os profetas. Eventualmente, devido à desobediência do povo à aliança, as tribos de Israel perderam a Terra Prometida e foram submetidas à escravidão.
A sexta dispensação, a que vivemos hoje, é a Dispensação da Graça. Ela começou com a Nova Aliança no sangue de Cristo (Lucas 22:20). Esta "Era da Graça" ou "Era da Igreja" ocorre entre a semana 69 e 70 de Daniel 9:24. Ela começa com a morte de Cristo e termina com o arrebatamento da igreja (1 Tessalonicenses 4). Esta dispensação é mundial e inclui tanto os judeus quanto os gentios. A responsabilidade do homem durante a Dispensação da Graça é crer em Jesus, o Filho de Deus (João 3:18). Nesta dispensação, o Espírito Santo habita os crentes como o Consolador (João 14:16-26). Esta dispensação tem durado mais de 2.000 anos, e ninguém sabe quando vai acabar. Sabemos, no entanto, que acabará com o arrebatamento da terra ao céu, com Cristo, de todos os crentes nascidos de novo. Após o arrebatamento, teremos os juízos de Deus com a duração de sete anos.
A sétima dispensação é chamada do Reino Milenar de Cristo e terá a duração de 1.000 anos enquanto o próprio Cristo reina sobre a terra. Este Reino cumprirá a profecia para a nação judaica de que Cristo voltará e será o seu rei. As únicas pessoas autorizadas a entrar no Reino são os crentes nascidos de novo durante a Idade da Graça e os sobreviventes justos dos sete anos de tribulação. Nenhuma pessoa descrente terá acesso a este reino. Satanás é preso durante os 1.000 anos. Este período termina com o julgamento final (Apocalipse 20:11-14). O velho mundo é destruído pelo fogo, e o Novo Céu e Nova Terra de Apocalipse 21 e 22 começarão.