Há muitos conceitos errôneos sobre a identidade do Espírito Santo. Alguns vêem o Espírito Santo como uma força mística. Outros entendem o Espírito Santo como sendo um poder impessoal que Deus disponibiliza aos seguidores de Cristo. O que diz a Bíblia a respeito da identidade do Espírito Santo? Colocando de forma simples – a Bíblia diz que o Espírito Santo é Deus. A Bíblia também nos diz que o Espírito Santo é uma Pessoa, um Ser com mente, emoções e uma vontade.
O fato do Espírito Santo ser Deus é claramente visto em muitas Escrituras, incluindo Atos 5:3-4. Neste verso Pedro confronta Ananias em por que ele tinha mentido para o Espírito Santo, e a ele diz “não mentiste aos homens, mas a Deus”. É uma declaração clara de que mentir ao Espírito Santo é mentir a Deus. Podemos também saber que o Espírito Santo é Deus porque Ele possui os atributos ou características de Deus. Por exemplo, a onipresença do Espírito Santo é vista em Salmos 139:7-8: “Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também.” Em I Coríntios 2:10 vemos a característica de onisciência do Espírito Santo: “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.”
Podemos saber que o Espírito Santo é mesmo uma Pessoa porque Ele possui uma mente, emoções e vontade. O Espírito Santo pensa e sabe (I Coríntios 2:10). O Espírito Santo pode se entristecer (Efésios 4:30). O Espírito intercede por nós (Romanos 8:26-27). O Espírito Santo toma decisões de acordo com Sua vontade (I Coríntios 12:7-11). O Espírito Santo é Deus, a terceira “Pessoa” da Trindade. Como Deus, o Espírito Santo pode verdadeiramente agir como o Confortador e Consolador que Jesus prometeu que ele seria (João 14:16,26; 15:26).
O Apóstolo Paulo claramente ensinou que recebemos o Espírito Santo no momento em que cremos em Jesus Cristo como nosso Salvador. I Coríntios 12:13 diz: “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito.” Romanos 8:9 nos diz que se uma pessoa não tem o Espírito Santo, não pertence a Cristo: “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.” Efésios 1:13-14 nos ensina que o Espírito Santo é o selo da salvação para todo aquele que crê: “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória.”
Estas três Escrituras deixam claro que o Espírito Santo é recebido no momento da salvação. Paulo não poderia dizer que nós todos fomos batizados por um Espírito e que a todos foi dado um Espírito para beber se todos os crentes de Corinto não tivessem o Espírito Santo. Romanos 8:9 é ainda mais forte. Se uma pessoa não tem o Espírito, esta não pertence a Cristo. Por esta razão, possuir o Espírito é fator de identificação em ter ou não a salvação. Além disso, o Espírito Santo não poderia ser o “selo da salvação” (Efésios 1:13-14) se Ele não fosse recebido no momento da salvação. Inúmeras Escrituras deixam muitíssimo claro que a salvação é assegurada no momento no qual recebemos a Cristo como Salvador.
Esta discussão é polêmica porque há bastante confusão entre dois dos ministérios do Espírito Santo. Receber o Espírito Santo (ou seja, passar a ser por Ele habitado) ocorre no momento da salvação. Estar cheio do Espírito é um processo contínuo na vida Cristã. Enquanto defendemos a posição de que o batismo do Espírito também ocorre no momento da salvação, alguns Cristãos não veem assim. Isto às vezes resulta em confusão entre o Batismo do Espírito Santo e “receber o Espírito” como um ato subsequente à salvação. Concluindo, como recebemos o Espírito Santo? Recebemos o Espírito Santo simplesmente crendo no Senhor Jesus Cristo como nosso Salvador (João 3:5-16). Quando recebemos o Espírito Santo? O Espírito Santo se torna nossa posse permanente no momento em que cremos.
A questão da “blasfêmia contra o Espírito” no Novo Testamento é mencionada em Marcos 3:22-30 e Mateus 12:22-32. O termo blasfêmia pode ser geralmente definido como “irreverência desafiante”. Aplicaríamos o termo a pecados como amaldiçoar a Deus, ou, propositadamente, degradar coisas relativas a Deus. Também o é atribuir mal a Deus, ou negar atribuir-lhe algum bem devido. Este caso de blasfêmia, entretanto, é específico, chamado de “A Blasfêmia contra o Espírito Santo” em Mateus 12:31. Em Mateus 12:31-32, os Fariseus, tendo testemunhado provas irrefutáveis que Jesus fazia milagres no poder do Espírito Santo, afirmaram que, ao contrário, o Senhor estava possuído pelo demônio “Belzebu” (Mateus 12:24). Note que em Marcos 3:30 Jesus é muito específico a respeito do que exatamente eles fizeram para cometer a “blasfêmia contra o Espírito Santo”.
Esta blasfêmia tem a ver com alguém acusando Jesus Cristo de ser possuído por demônios ao invés de estar cheio do Espírito. Há outras maneiras de blasfemar contra o Espírito Santo, mas esta foi “A” blasfêmia imperdoável. Como resultado, a blasfêmia contra o Espírito Santo não pode acontecer hoje. Jesus Cristo não está sobre a terra, mas assentado ao lado direito de Deus. Ninguém pode testemunhar que Jesus Cristo esteja fazendo um milagre e atribuir este poder a Satanás ao invés do Espírito. Apesar de não haver blasfêmia do Espírito hoje, devemos sempre lembrar que há um estado de existência imperdoável: o estado de incredulidade. Não há perdão para alguém que morre em incredulidade. A contínua rejeição às exortações a crer em Jesus Cristo é a blasfêmia imperdoável. Lembre-se do que foi dito em João 3:16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. A única condição na qual alguém não pode ter perdão é se esse alguém não estiver entre “todo aquele que nele crê”.
Não há fórmula mágica ou “teste” para sabermos quais são nossos dons espirituais. O Espírito Santo distribui os dons como Ele mesmo determina (I Coríntios 12:7-11). Ao mesmo tempo, Deus não quer que sejamos ignorantes em como Ele quer que nós o sirvamos. O problema é que é muito fácil que fiquemos tão presos à idéia de dons espirituais que busquemos apenas servir a Deus na área em que sentimos ter um dom espiritual. Não é assim que os dons espirituais funcionam. Deus nos chama para servirmos a Ele com obediência. Ele nos equipará com qualquer dom ou dons que precisarmos para realizar a tarefa ou tarefas que Ele nos chamar a fazer.
Identificar nosso dom espiritual é algo que podemos conseguir de várias formas. “Testes” e avaliações, nos quais não podemos confiar totalmente, podem, entretanto, nos ajudar a compreender onde pode estar nosso dom. A confirmação por parte de outras pessoas também pode dar uma luz quanto ao nosso dom espiritual. Outras pessoas que nos vêem servindo ao Senhor podem freqüentemente identificar um dom espiritual em uso que nós mesmos não percebemos ou reconhecemos. A oração também é importante. A única pessoa que sabe exatamente como somos espiritualmente capacitados é o mesmo que nos capacita com dons: o Espírito Santo. Podemos pedir a Deus que nos mostre como somos capacitados, para que possamos melhor usar esses dons espirituais para Sua glória.
Sim, Deus chama alguns para serem professores e dá a eles o dom do ensino. Deus chama alguns para serem servos e os abençoa com o dom de generosidade. Entretanto, saber especificamente nosso dom espiritual não é desculpa para que não sirvamos a Deus em áreas fora de nosso dom. É então proveitoso saber que dons espirituais Deus nos deu? Claro que sim. É errado se concentrar tanto nos dons espirituais que perdemos outras oportunidades de servir a Deus? Sim! Se formos dedicados, com disposição para sermos usados por Deus, Ele nos equipará com os dons espirituais de que precisamos.
Um versículo chave que discute a plenitude do Espírito Santo neste tempo é João 14:16, onde Jesus prometeu que o Espírito habitaria os crentes em caráter permanente. É importante distinguir entre ter dentro de si o Espírito com estar cheio do Espírito. Ter permanentemente o Espírito habitando dentro de si não é para alguns poucos crentes, mas para todos. Há muitas referências nas escrituras que embasam esta conclusão. A primeira é que o Espírito Santo é um dom dado a todos os crentes em Jesus, sem exceção, e nenhuma condição é imposta a isto, a não ser a fé em Cristo (João 7:37-39). A segunda é que o Espírito Santo é dado no momento da salvação. Efésios 1:13 indica que o Espírito Santo é dado no momento da salvação. Gálatas 3:2 também enfatiza esta mesma verdade, dizendo que o selo e o ato de receber o Espírito aconteceram no momento em que se creu. Terceiro, o Espírito Santo habita em cada crente permanentemente. O Espírito Santo é dado aos crentes como garantia ou validação de sua futura glorificação em Cristo (II Coríntios 1:22; Efésios 4:30).
Isto está em contraste com o mandamento para estarmos cheios do Espírito encontrado em Efésios 5:18. Devemos ceder ao Espírito Santo de tal maneira que Ele possa nos possuir totalmente, e neste sentido, ficarmos plenos. Romanos 8:9 e Efésios 1:13-14 afirmam que Ele habita dentro de cada crente, mas que pode se entristecer (Efésios 4:30), e sua atividade dentro de nós pode se extinguir (I Tessalonicenses 5:19). Quando permitimos que isto aconteça, não experimentamos a plenitude da operação e poder do Espírito Santo, dentro e através de nós. Para estarmos plenos do Espírito, Ele deve ter liberdade para ocupar cada parte de nossas vidas, nos guiando e controlando. Seu poder, então, pode ser exercitado através de nós a fim de que o que façamos produza frutos para Deus. Estar cheio do Espírito não se aplica somente a atos externos; também se aplica aos pensamentos mais secretos e motivações para nossos atos. Salmos 19:14 diz: “Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!”
O pecado é o que nos separa de estarmos cheios do Espírito Santo, e a obediência a Deus é a maneira pela qual continuamos cheios do Espírito. Nosso foco deve ser a plenitude, como dito em Efésios 5:18, mas apesar disso, orar para estarmos cheios do Espírito Santo não é o que faz com que o sejamos. Somente nossa obediência aos mandamentos de Deus permite ao Espírito liberdade para trabalhar dentro de nós. Por sermos criaturas pecadoras, é impossível estarmos cheios do Espírito todo o tempo. Devemos lidar imediatamente com o pecado em nossas vidas, e assim renovar nosso compromisso em estarmos cheios do Espírito e por Ele guiados.
Podemos definir o Batismo do Espírito Santo como a obra através da qual o Espírito de Deus coloca o crente em união com Cristo e em união com outros crentes no Corpo de Cristo, no momento da salvação. I Coríntios 12:12-13 e Romanos 6:1-4 são as passagens centrais na Bíblia onde encontramos esta doutrina. I Coríntios 12:13 declara: “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito.” Romanos 6:1-4 declara: “Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.” Apesar de Romanos 6 não mencionar especificamente o Espírito de Deus, descreve a posição dos crentes perante Deus e I Coríntios 12 nos diz como isto acontece.
É necessário que observemos três fatos que ajudam a solidificar nossa compreensão do Batismo do Espírito. Primeiramente, I Coríntios 12:13 afirma claramente que todos fomos batizados no momento em que bebemos (recebemos o Espírito para habitar em nós). Em segundo lugar, em nenhum lugar das Escrituras ela exorta que os crentes sejam batizados com/ no/ pelo Espírito. Isto indica que todos os crentes já experimentaram este ministério. Por último, Efésios 4:5 parece se referir ao batismo do Espírito. Se este é mesmo o caso, o batismo do Espírito já é a realidade de cada crente, assim como o são “uma fé” e “um Pai”.
Concluindo, o batismo do Espírito Santo faz duas coisas: (1) nos une ao Corpo de Cristo, e (2) valida nossa co-crucificação com Cristo. Sermos parte de Seu corpo significa que somos levantados com Ele para novidade de vida (Romanos 6:4). Devemos então exercitar nossos dons espirituais a fim de mantermos este corpo funcionando adequadamente como afirma o contexto de I Coríntios 12:13. Experimentar o batismo do Espírito funciona como base para mantermos a unidade da igreja, como no contexto de Efésios 4:5. Sermos associados com Cristo em Sua morte, sepultamento e ressurreição através do batismo do Espírito estabelece a base para a conquista da nossa separação do poder do pecado que está dentro de nós e nossa caminhada em novidade de vida (Romanos 6:1-10, Colossenses 2:12).
Primeiramente, é importante reconhecer que esta não é uma questão de saber se Deus ainda faz milagres nos dias de hoje. Seria tolo e não-bíblico afirmar que Deus não cura as pessoas, não fala às pessoas e nem que faz sinais miraculosos e maravilhas nos dias de hoje. A questão é se os dons miraculosos do Espírito, descritos principalmente em I Coríntios capítulos 12 -14, ainda se encontram ativos na igreja de hoje. Esta também não é questão do Espírito Santo “poder” dar a alguém um dom miraculoso. A questão é “se” o Espírito Santo ainda dispensa os dons miraculosos nos dias de hoje. Acima de tudo, reconhecemos plenamente que o Espírito Santo é livre para dispensar dons de acordo com Sua vontade (I Coríntios 12:7-11).
No livro de Atos e nas Epístolas, a vasta maioria dos milagres é feita pelos apóstolos e seus companheiros. II Coríntios 12:12 nos dá a razão: “Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas.” Se cada crente em Cristo fosse equipado com a habilidade de fazer sinais, prodígios e maravilhas, sinais, prodígios e maravilhas não poderiam, de modo algum, ser marcas que identificam um apóstolo. Atos 2:22 nos diz que Jesus foi “reconhecido” por “maravilhas, prodígios e sinais”. De modo parecido, os apóstolos foram “marcados” como genuínos mensageiros de Deus pelos milagres que faziam. Atos 14:3 descreve a mensagem do Evangelho sendo “confirmada” pelos milagres que Paulo e Barnabé faziam.
I Coríntios capítulos 12-14 lida principalmente com o assunto dos dons do Espírito. Parece, pelo texto, que aos cristãos “comuns”, às vezes eram dados dons milagrosos (12:8-10; 28-30). Não é dito a nós o quão comum isto era. Pelo que aprendemos acima, que os apóstolos eram “marcados” por sinais e maravilhas, poderia parecer que era exceção, e não regra, que os dons miraculosos fossem dados a cristãos “comuns”. Fora os apóstolos e seus colaboradores chegados, o Novo Testamento, em nenhum lugar, descreve especificamente pessoas exercendo os dons miraculosos do Espírito.
Também é importante saber que a igreja primitiva não possuía a Bíblia em sua totalidade, como temos hoje em dia (II Timóteo 3:16-17). Por isto, os dons de profecia, conhecimento, sabedoria, etc., eram necessários para que os cristãos primitivos soubessem o que Deus os faria fazer. O dom da profecia capacitava os crentes a comunicar novas verdades e revelações de Deus. Agora que a revelação de Deus é completa na Bíblia, os dons de “revelação” não se fazem mais necessários, pelo menos não na mesma capacidade como eram no Novo Testamento.
Deus miraculosamente cura as pessoas todos os dias. Deus ainda fala a nós nos dias de hoje, tanto com voz audível, ou em nossas mentes, ou através de impressões e sentimentos. Deus ainda faz milagres assombrosos, sinais e prodígios, e às vezes faz tais milagres através de um cristão. Entretanto, o que acaba de ser descrito não necessariamente diz respeito aos dons miraculosos do Espírito. O propósito principal dos dons miraculosos era provar que o Evangelho era verdadeiro e que os apóstolos eram verdadeiramente mensageiros de Deus. A Bíblia não diz de forma clara e direta que os dons miraculosos já cessaram, mas explica por que talvez não sejam mais necessários.
A primeira ocorrência de falar em línguas ocorreu no Dia do Pentecostes em Atos 2:1-4. Os apóstolos saíram e compartilharam o Evangelho com as multidões, falando a elas em suas próprias línguas, “Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus” (Atos 2:11). A palavra grega traduzida “línguas” significa literalmente “idiomas”. Por esta razão, o dom de falar em línguas é falar em uma língua que não se sabe falar a fim de ministrar a uma outra pessoa que fala esta língua. Em I Coríntios capítulos 12-14, onde Paulo discute os dons milagrosos, ele faz o seguinte comentário: “E agora, irmãos, se eu for ter convosco falando em línguas, que vos aproveitaria, se não vos falasse ou por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da doutrina?” (I Coríntios 14:6). De acordo com o Apóstolo Paulo, e de acordo com as línguas descritas em Atos, falar em línguas é de grande valor para o que ouve a mensagem de Deus em seu próprio idioma, mas de nada serve para os demais, a não ser que haja uma interpretação, ou tradução.
A pessoa com o dom de interpretar línguas (I Coríntios 12:30) poderia entender o que uma que fala as línguas estivesse dizendo mesmo que ela não soubesse a língua sendo falada. O intérprete de línguas então comunicaria a mensagem do que fala línguas a todos os demais, e todos poderiam entender. “Por isso, o que fala em língua desconhecida, ore para que a possa interpretar” (I Coríntios 14:13). A conclusão de Paulo a respeito de línguas não interpretadas é poderosa: “Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida” (I Coríntios 14:19).
É o dom de línguas para os dias de hoje? I Coríntios 13:8 menciona que cessa o dom de línguas, apesar de conectar este cessar com a chegada do “perfeito” em I Coríntios 13:10. Alguns apontam para uma diferença na língua na profecia e conhecimento “cessando” com línguas “sendo cessadas” como prova para línguas cessando antes da chegada do “perfeito”. Mesmo sendo possível, isto não é explicitamente claro a partir do texto. Alguns ainda apontam passagens como Isaías 28:11 e Joel 2:28-29 como prova de que o falar em línguas era um sinal do julgamento vindouro de Deus. I Coríntios 14:22 descreve línguas como um “sinal para os infiéis”. De acordo com esta discussão, o dom de línguas foi uma advertência para os Judeus de que Deus julgaria Israel por rejeitar Jesus Cristo como Messias. Por isto, quando Deus de fato julgou Israel (com a destruição de Jerusalém pelos Romanos em 70 D.C.), o dom de línguas não mais serviria para os propósitos planejados. Enquanto esta visão é possível, o propósito principal das línguas, sendo cumprido, não necessariamente exige que elas então cessem. As Escrituras não afirmam conclusivamente que o dom de falar em línguas já cessou.
Ao mesmo tempo, se o dom de falar em línguas fosse ativo na igreja hoje, seria executado de acordo com as Escrituras. Seria uma linguagem real e inteligível (I Coríntios 14:10). Seria para o propósito de comunicar a Palavra de Deus com uma pessoa de outra língua (Atos 2:6-12). Estaria de acordo com a ordem dada por Deus através do Apóstolo Paulo: “E, se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus” (I Coríntios 14:27-28). Estaria também em submissão a I Coríntios 14:33: “Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.”
Deus certamente pode dar à pessoa o dom de falar em línguas para capacitá-la a se comunicar com uma pessoa que fala uma outra língua. O Espírito Santo é soberano na distribuição de dons espirituais (I Coríntios 12:11). Imagine só quanto mais produtivos poderiam ser os missionários se não precisassem freqüentar uma escola de idiomas, e seriam instantaneamente capazes de falar a outros povos em seus próprios idiomas. Entretanto, parece que Deus não está agindo assim. As línguas não estão ocorrendo hoje em dia da maneira como ocorriam no Novo Testamento, apesar de que seria imensamente útil. A vasta maioria dos crentes que afirmam praticar o dom de falar em línguas não o faz de acordo com as passagens das Escrituras mencionadas acima. Este fato leva à conclusão de que o dom de línguas já cessou, ou é, pelo menos, raro nos planos de Deus para a igreja de hoje.
Aqueles que acreditam no dom de línguas como uma “língua para orações” para a auto-edificação baseiam seu ponto de vista em I Coríntios 14:4 e/ou 14:28: “O que fala em língua desconhecida edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja.” Por todo o capítulo 14, Paulo enfatiza a importância de haver uma interpretação, uma tradução das línguas. Veja I Coríntios 14:5-12. O que Paulo está dizendo no verso 4 é: “Se você falar em línguas sem interpretação, a única coisa que você está fazendo é edificar a si mesmo, parecendo ser mais espiritual do que os outros. Se você falar em línguas e elas forem interpretadas, você estará edificando a todos.” O Novo Testamento, em nenhum lugar, dá o propósito de “orar em línguas”, ou descreve especificamente uma pessoa “orando em línguas”. Indo além, se “orar em línguas” for para auto-edificação, não é isto por acaso injusto com os outros que não têm do dom de línguas, e que por isto não poderão edificar a si mesmos? I Coríntios 12:29-30 indica claramente que nem todos têm o dom de falar em línguas.
Romanos 12:3-8 e 1 Coríntios 12 deixam bem claro que cada Cristão recebe dons espirituais de acordo com a escolha de Deus. Dons espirituais são distribuídos com o propósito de edificar o corpo de Cristo (1 Coríntios 12:7; 14:12). O tempo exato de quando essa distribuição acontece na vida do crente não é especificamente mencionado. Muitos acreditam que os dons espirituais sejam distribuídos no momento do nascimento espiritual (no momento da salvação). No entanto, há alguns versículos que aparentam indicar que Deus às vezes distribua esses dons espirituais mais tarde. Tanto 1 Timóteo 4:14 como 2 Timóteo 1:6 mencionam um “dom” que Timóteo tinha recebido no momento de sua ordenação “por profecia”. Isso provavelmente indica que um dos presbíteros durante a ordenação de Timóteo falou sob a influência de Deus sobre um dom espiritual que Timóteo receberia para melhor equipá-lo para o seu ministério futuro.
1 Coríntios 12:28-31 e 1 Coríntios 14:12-13 também nos dizem que Deus (não nós mesmos) é quem escolhe os dons. Essas passagens também indicam que nem todo mundo vai ter um dom em particular. Paulo diz aos crentes da igreja de Coríntios que se vão desejar ou cobiçar certos dons espirituais, então devem deixar de lado sua fascinação com os dons “espetaculares” ou “ostentosos”, mas ao invés devem procurar os dons que sejam melhores para edificar, tais como o dom de profecia (falando a palavra de Deus para a edificação de outras pessoas). Agora, por que Paulo diria-lhes com tanta veemência que desejassem os “melhores” dons, se eles já tivessem recebido tudo que iriam receber e não tivessem mais oportunidade nenhuma de ganhar esses “melhores” dons? Essa passagem pode levar alguém a acreditar que como até mesmo Salomão procurou ganhar sabedoria de Deus para poder ser um bom governante de seu povo, que Deus vai nos conceder esses dons dos quais precisamos para podermos trazer grande proveito à Sua igreja.
Tendo dito isso, ainda é verdade que esses dons são distribuídos de acordo com a escolha de Deus, não a nossa. Se todo crente de Coríntios desejasse fortemente um dom em particular, tal como o dom de profecia, Deus não iria dar esse mesmo dom a todo mundo só porque assim era o seu desejo. Por quê? Onde estariam todos os outros que são necessários para servir as outras funções do corpo de Cristo?
Há uma coisa que é extremamente clara: o comando de Deus é o que Deus usa para capacitar alguém a seguir tal comando. Se Deus nos comanda a fazer algo (tal como testificar, amar os que não são amáveis, discipular as nações, etc.), então Ele vai nos capacitar para seguir Seu chamado. Alguns talvez não sejam tão “dotados” em evangelismo como outros, mas Deus comanda todos os crentes a testificar e discipular (Mateus 28:18-20; Atos 1:8). Todos nós somos chamados a evangelizar, quer tenhamos o dom de evangelização ou não. Um Cristão determinado que deseja aprender da Palavra de Deus e desenvolver sua habilidade de ensinar vai se tornar um professor melhor do que aquele que talvez tenha o dom espiritual de ensinar, mas não o usa.
Em resumo, os dons espirituais nos são dados quando recebemos a Cristo, ou são cultivados através da nossa caminhada com Deus? A resposta é os dois. Normalmente, os dons espirituais são dados no momento de salvação, mas também precisam ser cultivados através de crescimento espiritual. Será que você pode ir atrás de um desejo do seu coração e desenvolvê-lo em um dom espiritual? Você pode ir atrás de certos dons espirituais? 1 Coríntios 12:31 aparenta indicar que seja possível procurar, “com zelo, os melhores dons”. Você pode pedir a Deus por um dom espiritual e ser zeloso com ele através de sua procura de tentar desenvolver essa área. Ao mesmo tempo, se não for da vontade de Deus, você não vai receber certo dom espiritual, não importa quão ardentemente você o procure. Deus é infinitamente sábio e sabe em quais dons você vai ser o mais produtivo para o Seu reino.
Não importa quão dotados sejamos em um dom ou outro, todos nós somos chamados a desenvolver certas áreas mencionadas na lista de dons espirituais.... somos chamados a ser hospitaleiros, mostrar atos de misericórdia, servir uns aos outros, evangelizar, etc.... À medida que procuramos servir a Deus com amor, com o propósito de encorajar uns aos outros para a Sua glória, Ele vai trazer glória ao Seu nome, edificar Sua igreja e nos retribuir (1 Coríntios 3:5-8; 12:31-14:1). Deus promete que quando nos deleitamos nEle, Ele vai nos dar os desejos de nosso coração (Salmo 37:4-5). Isso com certeza incluiria nos preparar para servi-lO de uma forma que nos traga propósito e gratificação.
Enquanto certos ministérios do Espírito Santo envolvem um "sentimento", tal como a convicção de pecado, conforto e receber Seu poder para fazer algo que Deus quer que façamos – as Escrituras não nos ensinam a basear nosso relacionamento com o Espírito Santo em como nos sentimos. Todo Cristão que é nascido de novo tem o Espírito Santo habitando dentro de si. Jesus nos disse que quando o Consolador viesse, Ele estaria conosco e em nós. “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós” (João 14:16-17). Em outras palavras, Jesus está mandando alguém como Ele mesmo para estar conosco e em nós.
Sabemos que o Espírito Santo está conosco porque a Palavra de Deus nos diz assim. Todo crente verdadeiramente nascido de novo é habitado pelo Espírito Santo, mas nem todo crente é "controlado" pelo Espírito santo; há uma diferença distinta entre os dois. Quando andamos na nossa carne, não estamos sob o controle do Espírito Santo, apesar de que ainda somos habitados por Ele. O Apóstolo Paulo comenta sobre essa verdade, e ele usa uma ilustração para nos ajudar a entender. “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Efésios 5:18). Muitas pessoas leem esse versículo e o interpretam como se o Apóstolo Paulo estivesse falando contra o vinho. No entanto, o contexto dessa passagem é a caminhada e a luta do crente que está cheio do Espírito Santo. Portanto, nesse versículo, há algo que vai mais além do que uma simples advertência contra beber muito vinho.
Quando pessoas estão bêbadas com muito vinho, elas exibem certas características: elas cambaleiam, o seu falar é arrastado e seu discernimento é prejudicado. O Apóstolo Paulo faz uma comparação aqui. Da mesma forma que há certas características que nos permitem enxergar quando alguém esta sob o controle de muito vinho, também deve haver certas características que nos permitem ver quando alguém está sob o controle do Espírito Santo. Lemos em Gálatas 5:22-24 sobre o "fruto" do Espírito. Esse é o Seu fruto, e é exibido pelo crente que é nascido de novo e que anda sob o controle do Espírito.
O tempo verbal em Efésios 5:18 indica um processo contínuo de estar cheio do Espírito Santo. Já que é uma exortação para estarmos “cheios do Espírito”, isso indica que também é possível que não estejamos "cheios" ou controlados pelo Espírito. O resto do capítulo 5 de Efésios nós dá as características de um Cristão cheio do Espírito Santo: "falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo" (Efésios 5:19-21).
Portanto, o crente que é nascido de novo não deve ser controlado por nada mais do que o Espírito Santo. Não somos cheios do Espírito porque "sentimos" que somos, mas porque esse é um privilégio e garantia que temos em Cristo. Ser cheio ou controlado pelo Espírito é o resultado de andar em obediência ao SENHOR. Esse é um presente da graça de Deus e não um sentimento emocional. Emoções podem e vão nos enganar – ao ponto que podemos entrar em um estado emocional de muito furor e ser puramente uma obra da carne e não do Espírito Santo. "Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito" (Gálatas 5:16,25).
Tendo dito isso, não podemos ignorar o fato de que em certos momentos podemos estar bem maravilhados pela presença e poder do Espírito, e isso é frequentemente uma experiência emocional. Quando isso acontece, é uma alegria incomum! O Rei Davi "dançava" de alegria (2 Samuel 6:14) quando trouxeram a Arca da Aliança para Jerusalém. Experimentar do gozo do Espírito é compreender que, como filhos de Deus, estamos sendo abençoados por Sua graça. Então, certamente, os ministérios do Espírito Santo podem envolver nossos sentimentos e emoções. Ao mesmo tempo, enquanto que o trabalho do Espírito Santo nas nossas vidas pode incluir um “sentimento”, não devemos basear nossa segurança de possessão do Espírito Santo em como nos sentimos.
A cláusula filioque era, e ainda é, uma controvérsia na igreja em relação ao Espírito Santo. A pergunta é: de quem o Espírito Santo procedeu, do Pai, ou do Pai e Filho? A palavra "filioque" significa "e filho" em Latim. É chamada de cláusula filioque porque a frase "e filho" foi adicionada ao Credo Niceno, indicando que o Espírito Santo procedeu do Pai "e Filho". Houve tanta controvérsia por causa desse assunto que acabou culminando na separação das Igrejas Católica Romana e Ortodoxa em 1054 D.C. As duas igrejas ainda hoje não chegaram a um acordo sobre a cláusula filioque.
João 14:26 nos diz: "mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome....". João 15:26 nos diz: "Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim." Veja também João 14:16 e Filipenses 1:19. Essas passagens aparentam indicar que o Espírito é enviado pelos dois: Pai e Filho. O assunto que realmente importa é que a cláusula filioque é um desejo de proteger a divindade do Espírito Santo. A Bíblia ensina claramente que o Espírito Santo é Deus (Atos 5:3-4). Aqueles que se opõem à cláusula filioque acreditam que o Espírito Santo seja procedente do Pai e Filho; fazendo dEle "subserviente" ao Pai e Filho. Aqueles que defendem a cláusula filioque acreditam que o Espírito Santo procedendo do Pai e Filho não tenha nenhuma influência no fato de que Ele é igualmente Deus, assim como o Pai e Filho.
A controvérsia da cláusula filioque provavelmente é um aspecto da pessoa de Deus que nunca poderemos compreender completamente. Deus, sendo um ser infinito, é essencialmente incompreensível a nós, seres humanos e finitos. O Espírito Santo é Deus.... e Ele foi enviado por Deus como a "substituição" de Cristo aqui na terra. Quer o Espírito Santo tenha sido enviado pelo Pai, ou pelo Pai e Filho – isso provavelmente não pode ser respondido, nem há uma necessidade de ser respondido. A cláusula filioque provavelmente vai continuar sendo uma controvérsia.
Gálatas 5:22-23 nos diz: "Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio..." O fruto do Espírito Santo é o resultado da presença do Espírito Santo na vida do Cristão. A Bíblia deixa bem claro que todos recebem o Espírito Santo no momento em que acreditam em Jesus Cristo (Romanos 8:9; 1 Coríntios 12:13; Efésios 1:13-14). Um dos propósitos principais do Espírito Santo ao entrar na vida de um Cristão é transformar aquela vida. É a tarefa do Espírito Santo conformar-nos à imagem de Cristo, fazendo-nos mais e mais como Ele.
Os frutos do Espírito Santo estão em direto contraste com as obras da natureza pecaminosa em Gálatas 5:19-21: "Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam." Gálatas 5:19-21 descreve a vida das pessoas, em proporções diferentes, quando elas não conhecem a Cristo e, portanto, não estão sob a influência do Espírito Santo. Nossa carne pecaminosa produz certos tipos de fruto (Gálatas 5:19-21), e o Espírito Santo produz outros tipos de fruto (Gálatas 5:22-23).
A vida Cristã é uma batalha entre as obras da natureza pecaminosa e os frutos do Espírito Santo. Como pecadores, ainda estamos presos a um corpo que deseja coisas pecaminosas (Romanos 7:14-25). Como Cristãos, temos o Espírito Santo produzindo fruto em nós e o Seu poder disponível para nos ajudar a vencer as ações da nossa natureza de pecado (2 Coríntios 5:17; Filipenses 4:13). Um Cristão nunca vai ser completamente vitorioso em sempre demonstrar os frutos do Espírito Santo. No entanto, um dos propósitos principais da vida Cristã é progressivamente permitir que o Espírito Santo produza mais e mais de Seu fruto em nossas vidas – e de permitir que o Espírito vença os desejos pecaminosos que se opõem aos Seus frutos. O fruto do Espírito é o que Deus deseja que nossa vida demonstre.... e com a ajuda do Espírito Santo, isso é possível!
Quando a palavra "apagar" é usada nas Escrituras, está falando de suprimir fogo. Quando os crentes embraçam o escudo da fé, como parte da armadura de Deus (Efésios 6:16), eles estão suprimindo o poder dos dardos inflamados de Satanás. Cristo descreveu o inferno como um lugar onde o fogo não seria "apagado" (Marcos 9:44, 46, 48). Do mesmo modo, o Espírito Santo é uma chama que habita dentro de cada Cristão. Ele quer Se expressar através de nossas ações e atitudes. Quando os crentes não permitem que o Espírito seja visto através das suas ações, quando fazemos o que é errado, então suprimimos ou “apagamos” o Espírito. Não permitimos que o Espírito Se revele do que jeito que Ele quer.
Para entendermos o que significa "entristecer" o Espírito, precisamos primeiramente entender que isso é uma característica de alguém que tem personalidade. Só uma pessoa pode ser "entristecida"; portanto, o Espírito tem que ser uma pessoa para poder ter tal emoção. Quando entendemos esse aspecto, podemos entender melhor como Ele é "entristecido", especialmente porque nós também somos entristecidos. Efésios 4:30 nos diz que não devemos "entristecer" o Espírito. Vamos permanecer naquela passagem para entender o que Paulo estava tentando nos dizer. Podemos "entristecer" o Espírito quando andamos como os gentios (4:17-19), quando nos rendemos à nossa natureza pecaminosa (4:22-24), quando mentimos (4:25), quando nos iramos (4:26-27), quando furtamos (4:28), quando usamos linguagem torpe (4:29), quando temos amargura (4:31), quando não perdoamos (4:32), quando cometemos imoralidade sexual (5:3-5). "Entristecer" o Espírito é agir de uma forma pecaminosa, quer seja em pensamento e ação, ou em pensamento apenas.
Tanto "apagar" quanto "entristecer" o Espírito são parecidos quanto aos seus efeitos; os dois atrapalham os crentes de viverem um estilo de vida que agrade a Deus. Os dois acontecem quando o crente peca contra Deus e segue os seus desejos mundanos. A única estrada correta a ser seguida é a estrada que guia o Cristão para mais perto de Deus e pureza, e mais longe do mundo e do pecado. Assim como não gostamos de ser entristecidos, e assim como não procuramos apagar aquilo que é bom – não devemos entristecer ou apagar o Espírito Santo por nos recusarmos a escutar a Sua liderança.
Como pano de fundo, por favor leia o nosso artigo sobre o dom de falar em línguas. Há quatro passagens principais que são usadas como evidência para orar em línguas: Romanos 8:26; 1 Coríntios 14:4-17; Efésios 6:18 e Judas versículo 20. Efésios 6:18 e Judas versículo 20 mencionam “orando no Espírito”. No entanto, línguas como uma linguagem de oração é bem improvável que seja uma interpretação para “orando no Espírito”.
Romanos 8:26 nos ensina: “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis”. Dois pontos importantes fazem bem improvável com que Romanos 8:26 esteja se referindo a línguas como uma linguagem de oração. (1) Romanos 8:26 indica que é o Espírito que expressa “gemidos”, e não os Cristãos. (2) Romanos 8:26 indica que esses gemidos do Espírito são “inexprimíveis”. A essência de falar em línguas é expressar palavras.
Isso nos deixa com 1 Coríntios 14:4-17 e versículo 14 especialmente: “Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera”. 1 Coríntios 14:14 menciona claramente “orar em outra língua”. O que isso significa? Primeiro, estudar o contexto é de grande valor. 1 Coríntios capítulo 14 é primeiramente uma comparação / contraste entre o dom de falar em línguas e o dom de profecia. Versículos 2-5 deixam bem claro que Paulo enxerga profecia como um dom superior ao dom de línguas. Ao mesmo tempo, Paulo exclama o valor de línguas e declara que se alegra por falar em línguas mais do que qualquer outra pessoa (versículo 18).
Atos capítulo 2 descreve a primeira ocorrência do dom de línguas. No dia de Pentecostes, os apóstolos falaram em línguas. Atos capítulo 2 deixa bem claro que os apóstolos estavam falando em uma linguagem humana (Atos 2:6-8). A palavra traduzida “línguas” em Atos 2 e 1 Coríntios 14 é “glossa”, o que significa “linguagem”. É a palavra da qual temos a palavra moderna “glossário”. Falar em línguas era a habilidade de falar em uma língua que você não conhecia, para comunicar o Evangelho a alguém que falava aquela língua. Na área multicultural de Corinto, parece que o dom de línguas era de grande valor e importância. Os Cristãos de Corinto puderam comunicar melhor o Evangelho e a Palavra de Deus como resultado do dom de línguas. No entanto, Paulo deixou bem claro, mesmo com esse uso de línguas, que a mensagem era para ser traduzida ou “interpretada” (1 Coríntios 14:13,27). Um crente de Corinto falaria em línguas, ministrando a verdade de Deus para alguém que falava aquela língua, e então aquele crente, ou outro na igreja, era para interpretar o que estava sendo falado, para que toda a assembleia pudesse entender o que estava sendo dito.
O que, então, é orar em línguas e como é diferente de falar em línguas? 1 Coríntios 14:13-27 indica que orar em línguas também é para ser interpretado. Como resultado, aparenta ser o caso que orar em línguas era oferecer uma oração a Deus. Essa oração ministraria a alguém que falava aquela língua, mas também precisaria ser interpretada para que todo o corpo pudesse ser edificado.
Essa interpretação não concorda com uma outra explicação que enxerga orar em línguas como uma linguagem de oração. Essa outra interpretação pode ser resumida de tal forma: orar em línguas é uma linguagem de oração pessoal entre aquele que crê e Deus (1 Coríntios 13:1), que o crente usa para se edificar (1 Coríntios 14:4). Esse interpretação não é bíblica pelos seguintes motivos: (1) Como é que orar em línguas pode ser uma linguagem particular, se é para ser interpretado (1 Coríntios 14:13-17)? (2) Como é que orar em línguas pode ser para auto-edificação quando a Bíblia ensina que os dons espirituais são para a edificação da igreja, não de nós mesmos (1 Coríntios 12:7)? (3) Como é que orar em línguas pode ser uma linguagem particular de oração se é para ser um “sinal para os incrédulos” (1 Coríntios 14:22)? (4) A Bíblia deixa bem claro que nem todo mundo possui o dom de línguas (1 Coríntios 12:11, 28-30). Como é que línguas pode ser um dom de auto-edificação se nem todo crente o possui? Não é verdade que todos nós precisamos ser edificados?
Há um outro entendimento de orar em línguas que precisa ser mencionado. Alguns acreditam que orar em línguas seja um “código de linguagem secreta” que não permita que Satanás e seus demônios entendam nossas orações e ganhem uma certa vantagem sobre nós. Essa interpretação não é bíblica por duas razões: (1) O Novo Testamento é consistente em descrever línguas como uma linguagem humana. É pouco provável que Satanás e seus demônios não sejam capazes de entender linguagens humanas. (2) A Bíblia registra inúmeros crentes orando em sua própria língua, em voz alta, sem se preocuparem com Satanás interceptando a oração. Até mesmo se Satanás e/ou seus demônios escutassem e entendessem as orações que fazemos – eles não têm nenhum poder para prevenir que Deus responda às orações de acordo com a Sua vontade. Sabemos que Deus escuta nossas orações, e esse fato torna irrelevante que Satanás e seus demônios as escutem e entendam.
Tendo dito tudo isso, o que dizer dos vários Cristãos que têm experimentado orar em línguas e acham que é realmente poderoso para edificar? Primeiramente, precisamos basear nossa fé e prática na Bíblia, não em experiência. Precisamos enxergar nossas experiências de acordo com a Bíblia, não interpretar a Bíblia de acordo com as nossas experiências. Segundo, muitos dos cultos e religiões mundiais também registram ocorrências de falar/orar em línguas. É claro que o Espírito Santo não está distribuindo o dom de línguas aos incrédulos. Então, parece ser o caso que os demônios podem falsificar o dom de falar em línguas. Isso deve fazer com que comparemos com mais cuidado ainda nossas experiências com a Bíblia. Terceiro, muitos estudos têm mostrado que falar/orar em línguas pode ser um comportamento que se aprende. Quando se escuta e observa outros falando em línguas, uma pessoa poder aprender tal procedimento, mesmo que subconscientemente. Essa é a explicação mais provável para a grande maioria de exemplos de pessoas falando/orando em línguas entre os Cristãos. Quarto, o sentimento de “auto-edificação” é natural. O corpo humano produz adrenalina e endorfina quando experimenta algo novo, empolgante, emocionante e/ou desconectado de pensamento racional.
Orar em línguas com certeza é um assunto que os Cristãos devem discordar com amor e respeito uns pelos outros. Orar em línguas não é o que determina salvação. Orar em línguas não é o que separa um Cristão maduro de um imaturo. Se orar em línguas é ou não uma linguagem de oração não é fundamental à fé Cristã. Então, embora acreditemos que a interpretação bíblica de orar em línguas não sustente a ideia de uma linguagem pessoal para auto-edificação – também reconhecemos que muitos que o praticam são nossos irmãos e irmãs em Cristo e merecem nosso amor e respeito.
De todos os presentes que Deus tem dado à humanidade, não há um maior do que a presença do Espírito Santo. O Espírito tem muitas funções, papéis e atividades. Primeiro, Ele trabalha nos corações de todas as pessoas em todos lugares. Jesus disse aos seus discípulos que enviaria o Espírito ao mundo para convencer “o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (João 16:7-11). Todas as pessoas têm uma consciência de que Deus existe, quer admitam ou não, pois o Espírito aplica as verdades de Deus às mentes dos homens para convencê-los com argumentos suficientes e justos de que são pecadores. Responder a essa convicção leva os homens à salvação.
Quando somos salvos e pertencemos a Deus, o Espírito passa a residir em nossos corações para sempre, selando-nos com a promessa que confirma, certifica e assegura nosso estado eterno como Seus filhos. Jesus disse que enviaria o Espírito para ser nosso Consolador, Conselheiro e Guia. “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco” (João 14:16). A palavra grega traduzida como “consolador” significa um que é chamado para o lado de alguém, e dá a ideia de alguém que encoraja e exorta. A palavra para “esteja” tem a ver com sua residência permanente nos corações dos crentes (Romanos 8:9; 1 Coríntios 6:19, 20; 12:13). Jesus enviou o Espírito como uma “compensação” por Sua ausência, para executar as funções que Ele mesmo teria executado se tivesse permanecido pessoalmente conosco.
Uma dessas funções é revelar a verdade. A presença do Espírito dentro de nós nos capacita a entender e interpretar a Sua Palavra. Jesus disse aos seus discípulos: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade” (João 16:13). Ele revela a nossas mentes o conselho completo de Deus em relação ao louvor, doutrina e vida cristã. Ele é o verdadeiro guia, indo na nossa frente, mostrando o caminho, removendo os obstáculos, abrindo as portas para o entendimento e fazendo todas as coisas claras e evidentes. Ele nos mostra o caminho que devemos seguir em todas as coisas espirituais. Sem um guia assim, seríamos propensos a cair em erro. Uma parte crucial da verdade que Ele revela é que Jesus é quem disse ser (João 15:26; 1 Coríntios 12:3). O Espírito nos convence da divindade e procedência de Cristo, assim como de Sua encarnação, de Sua identidade como o Messias, de Seus sofrimentos e morte, de Sua ressurreição e ascensão, de Sua exaltação à mão direita de Deus e de Sua função como o Juiz de tudo. Ele dá glória a Cristo em tudo (João 16:14).
Uma outra parte de sua função é distribuir dons. 1 Coríntios 12 descreve os dons espirituais outorgados aos crentes para que possamos funcionar como o corpo de Cristo na terra. Todos esses dons, grandes e pequenos, são dados pelo Espírito para que possamos ser Seus embaixadores ao mundo, mostrando Sua graça e glorificando a Ele.
O Espírito também funciona como o produtor de fruto em nossas vidas. Quando Ele habita em nós, Ele começa o processo de colher fruto em nossas vidas - amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio (Gálatas 5:22-23). Esses não são frutos da carne, que é incapaz de produzir tal fruto, mas são os produtos da presença do Espírito em nossas vidas.
O conhecimento de que o Espírito Santo de Deus passou a residir em nossas vidas, que Ele executa todas essas funções tão milagrosas, que Ele habita conosco para sempre e nunca vai nos abandonar ou deixar – tudo isso é motivo de grande alegria e conforto. Graças a Deus por esse Presente tão precioso – o Espírito Santo e Seu trabalho em nossas vidas!
A ideia de “cair no Espírito” é quando um pastor impõe as mãos sobre alguém e essa pessoa cai no chão, supostamente dominada pelo poder do Espírito. Os que praticam "cair no Espírito" usam passagens bíblicas que falam de pessoas tornando-se "como morto" (Apocalipse 1:17), ou caindo sobre o próprio rosto (Ezequias 1:28; Daniel 8:17-18; Daniel 10:7-9). No entanto, há vários contrastes entre os exemplos bíblicos de "cair sobre o próprio rosto" e a prática de "cair no Espírito".
1. Biblicamente falando, cair no chão era o resultado da reação de uma pessoa ao que tinha visto em uma visão, quando ia muito além de acontecimentos comuns, tal como a transfiguração de Cristo (Mateus 17:6). Na prática não-bíblica de "cair no Espírito", essa pessoa responde ao "toque" de uma outra pessoa ou ao movimento do braço do pastor.
2. Os exemplos bíblicos foram bem raros, de tal forma que aconteciam apenas nas vidas de uns poucos. No fenômeno de "cair no Espírito", cair no chão é um evento semanal naquelas igrejas e essa experiência acontece com muitos.
3. Nos exemplos bíblicos, as pessoas caíam sobre o próprio rosto quando maravilhadas pelo que viam ou por Quem viam. Na farsa de "cair no Espírito", elas caem para trás, ou em resposta ao movimento do braço do orador, ou como resultado do toque de um líder da igreja (ou empurrão, em alguns casos).
Não estamos clamando que todos os exemplos de "cair no Espírito" sejam falsos ou apenas uma resposta a um toque ou empurrão. Muitas pessoas sentem uma energia ou uma força que as leva a cair para trás. No entanto, não achamos nenhuma base bíblica para esse conceito. Sim, talvez haja uma energia ou força envolvida, mas se esse for o caso, provavelmente não vem de Deus e não é o resultado do trabalho do Espírito Santo.
Infelizmente, muitas pessoas buscam essas falsificações estranhas que não produzem fruto espiritual nenhum, ao invés de buscarem o fruto prático que o Espírito distribui com o propósito de glorificar a Cristo com nossas vidas (Gálatas 5:22-23). Ser cheio do Espírito não é evidenciado por tais farsas, mas sim por uma vida que transborda com a Palavra de Deus de tal forma que a pessoa esteja sempre cheia de cânticos espirituais e de gratidão a Deus. Que Efésios 5:18-20 e Gálatas 5:22-23 sejam um retrato das nossas vidas!
Colocado de forma simples, não, o Espírito Santo nunca abandonará um cristão. Essa verdade é revelada em muitas passagens diferentes no Novo Testamento. Por exemplo, Romanos 8:9 nos diz: “E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.” Esse versículo deixa bem claro que se alguém não tem o Espírito Santo habitando dentro de si, então ele/ela não é salvo; portanto, se o Espírito Santo fosse deixar um cristão, ele/ela teria perdido seu relacionamento com Cristo e perdido sua salvação. No entanto, isso é contrário ao que a Bíblia ensina sobre a “segurança eterna” dos cristãos. Um outro versículo que fala claramente da permanência da presença do Espírito Santo habitando na vida dos cristãos é João 14:16. Aqui Jesus fala que o Pai vai mandar um outro Consolador para que “esteja para sempre convosco”.
O fato de que o Espírito Santo nunca abandonará o cristão também é ensinado em Efésios 1:13-14, onde diz que os crentes são “selados” com o Espírito Santo: “o qual é o penhor da nossa herança, ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.” O retrato de ser selado com o Espírito Santo é um de posse e propriedade. Deus prometeu vida eterna aos que acreditam em Cristo, e como garantia de que cumprirá a Sua promessa, Ele enviou o Espírito Santo para habitar dentro de cada cristão até o dia da redenção. Da mesma forma que fazemos um pagamento como entrada em um carro ou casa, Deus providenciou aos cristãos um pagamento como entrada do seu relacionamento futuro com Ele ao ter enviado o Espírito Santo para habitá-los. O fato de que todos os crentes são selados com o Espírito Santo também é visto em 2 Coríntios 1:22 e Efésios 4:30.
Antes da morte, ressurreição e ascensão de Cristo aos Céus, o Espírito Santo tinha um relacionamento de “ir e vir” com as pessoas. O Espírito Santo habitou Saulo, mas depois Se retirou (1 Samuel 16:14). Ao invés, o Espírito veio a Davi (1 Samuel 16:13). Depois de seu adultério com Bate-Seba, Davi ficou com medo de que o Espírito ia Se retirar dele (Salmos 51:11). O Espírito Santo veio a Bezalel para capacitá-lo a produzir o que era necessário para o tabernáculo (Êxodo 31:2-5), mas isso não é descrito como um relacionamento permanente. Tudo isso mudou depois da ascensão de Cristo ao Céu. Começando com o dia de Pentecostes (Atos 2), o Espírito Santo começou a permanentemente habitar dentro dos crentes. A habitação permanente do Espírito Santo é o cumprimento da promessa de Deus de sempre estar conosco e de nunca nos abandonar.
Enquanto o Espírito Santo nunca abandonará um crente, é possível que o nosso pecado “apague o Espírito Santo” (1 Tessalonicenses 5:19) ou “entristeça o Espírito Santo” (Efésios 4:30). O pecado sempre tem consequências no nosso relacionamento com Deus. Embora o nosso relacionamento com Deus esteja seguro em Cristo, o pecado não confessado nas nossas vidas pode atrapalhar nossa comunhão com Deus e efetivamente apagar o trabalho do Espírito Santo em nossas vidas. Por isso é tão importante que confessemos nossos pecados, porque “Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9). Então, apesar de que o Espírito Santo nunca vai nos abandonar, os benefícios e a alegria de Sua presença podem, de fato, retirar-se de nós.
Há semelhanças e diferenças entre talentos e dons espirituais. Os dois são dádivas divinas. Os dois crescem em efetividade com o uso. Os dois são para ser usados a favor de outras pessoas, não para propósitos egoístas. 1 Coríntios 12:7 diz que os dons espirituais são dados para beneficiar outras pessoas.... não a nós mesmos. Como os dois maiores mandamentos são para amar a Deus e a outras pessoas, dá-se a entender que talentos devem ser usados para esse propósito. No entanto, talentos e dons espirituais diferem em para quem são dados e quando. Uma pessoa (independente de sua crença em Deus e Cristo) recebe talento natural como resultado de uma combinação da genética (alguns têm a habilidade natural para música, arte ou matemática) e ambiente (crescendo em uma família musical vai ajudar o desenvolvimento do talento em música), ou simplesmente porque Deus quis favorecer certas pessoas com certos talentos (por exemplo, Bezalel em Êxodo 31:1-6). Os dons espirituais são dados aos cristãos pelo Espírito Santo (Romanos 12:3,6) no mesmo tempo em que colocam sua fé em Cristo para obter perdão de seus pecados. Naquele momento, o Espírito Santo dá ao novo crente o(s) dom(ns) espirituais que deseja que aquele crente tenha (1 Coríntios 12:11). Há três listas principais de dons espirituais...
Romanos 12:3-8 nos dá uma lista de dons espirituais: profecia, ministério de servir (em um sentido geral), ensinar, exortar, generosidade, liderança e mostrando misericórdia. 1 Coríntios 12:8-11 faz uma lista dos dons como sendo a palavra da sabedoria (habilidade de comunicar sabedoria espiritual), a palavra do conhecimento (habilidade de comunicar verdade prática), fé (confiança incomum em Deus), operações de milagres, profecia, discernimento de espíritos, línguas (habilidade de falar em uma língua que tal pessoa nunca estudou) e interpretação das línguas. A terceira lista é encontrada em Efésios 4:10-12, a qual fala de Deus dando à Sua igreja apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Também há a pergunta de quantos dons espirituais existem, já que nenhuma lista é igual a outra. Também é possível que essas listas não sejam completas, que talvez existam dons espirituais adicionais aos que a Bíblia menciona.
Enquanto o que frequentemente acontece é que alguém desenvolve seus talentos e depois direciona sua profissão ou hobby de acordo com esses talentos, os dons espirituais foram dados pelo Espírito Santo para a edificação da igreja de Cristo. Com isso, todos os cristãos devem ser ativos em fazer a sua parte na propagação do evangelho de Cristo. Todos são chamados e equipados para serem envolvidos no "desempenho do seu serviço" (Efésios 4:12). Todos são dotados para que possam contribuir à causa de Cristo como uma forma de mostrar gratidão por tudo o que Ele tem feito. Ao fazerem isso, também acharão satisfação na vida através do seu trabalho para Cristo. Os líderes da igreja têm o trabalho de ajudar a edificar os santos para que sejam mais bem equipados para o ministério ao qual Deus os tem chamado. O que se espera receber dos dons espirituais é que a igreja como um todo possa crescer, assim como ser fortificada e unificada, pelo que cada membro oferece ao Corpo de Cristo.
Para resumir as diferenças entre dons espirituais e talentos: (1) Um talento é um resultado de genética e/ou treinamento, enquanto que um dom espiritual é o resultado do poder do Espírito Santo. (2) Qualquer pessoa, cristã ou não, pode possuir um certo talento enquanto que apenas os cristãos possuem dons espirituais. (3) Embora ambos os talentos e dons espirituais devam ser usados para a glória de Deus e para ministrar uns aos outros, os dons espirituais se focalizam nesses serviços apenas, enquanto que os talentos podem ser usados para objetivos completamente não espirituais.
Os Cristãos têm o Espírito de Cristo e a esperança da glória dentro deles (Colossenses 1:27). Aqueles que andam no Espírito demonstram sua santidade diariamente, em cada momento. Isso acontece quando o Cristão conscientemente escolhe por fé depender do Espírito Santo para guiar cada pensamento, palavra e ação (Romanos 6:11-14). A falha de depender da direção do Espírito Santo resulta em um Cristão que não está vivendo de acordo com a missão e posição que salvação providencia (João 3:3; Efésios 4:1; Filipenses 1:27). Podemos saber se estamos andando no Espírito se as nossas vidas demonstram o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio (Gálatas 5:22-23). Estar cheio (andar) do Espírito é o mesmo que permitir que a Palavra de Cristo (a Bíblia) habite em nós ricamente (Colossenses 3:16).
O resultado é gratidão, cânticos de louvor e gozo (Efésios 5:18-20; Colossenses 3:16). Os Filhos de Deus serão guiados pelo Espírito de Deus (Romanos 8:14). Quando os Cristãos escolhem não andar no Espírito, assim pecando e o entristecendo, Deus já providenciou uma forma de restauração através da confissão do pecado (Efésios 4:30; 1 João 1:9). “Andar no Espírito” é seguir a liderança do Espírito. É essencialmente “andar com” o Espírito, permitindo-lhe que guie seus caminhos e conforme a sua mente. Em resumo, do mesmo modo que temos recebido a Cristo através da fé, por fé Ele nos pede que andemos com Ele, até que sejamos levados ao céu e escutemos “Muito bem!” (Colossenses 2:5; Mateus 25:23).
Há três ocasiões no livro de Atos em que falar em línguas era acompanhado pelo recebimento do Espírito Santo (Atos 2:4; 10:44-46; 19:6). No entanto, essas três ocasiões são os únicos lugares na Bíblia onde falar em línguas era uma evidência de receber o Espírito Santo. Por todo o livro de Atos, milhares de pessoas acreditaram em Jesus e nada é dito deles falando em línguas (Atos 2:41; 8:5-25; 16:31-34; 21:20). O Novo Testamento não ensina em lugar algum que falar em línguas seja a única evidência de que uma pessoa recebeu o Espírito Santo. Na verdade, o Novo Testamento ensina o contrário. Somos ensinados que todo Cristão tem o Espírito Santo (Romanos 8:9; 1 Coríntios 12:13; Efésios 1:13-14), mas que nem todo Cristão fala em línguas (1 Coríntios 12:29-31).
Então, por que falar em línguas era a evidência do Espírito Santo naquelas três passagens em Atos? Atos capítulo 2 registra os apóstolos sendo batizados no Espírito Santo e recebendo o Seu poder para proclamar o Evangelho. Os Apóstolos eram capazes de falar em outras linguagens (línguas) para que pudessem compartilhar a verdade com as outras pessoas em suas próprias linguagens. Atos capítulo 10 registra o Apóstolo Pedro sendo enviado a compartilhar o Evangelho com pessoas que não eram judaicas. Pedro e os outros Cristãos primitivos, sendo judeus, teriam dificuldade em aceitar gentios (pessoas que não eram judaicas) na igreja. Deus capacitou os gentios a falarem em línguas para demonstrar que eles tinham recebido o mesmo Espírito Santo que os Apóstolos tinham recebido (Atos 10:47; 11:17).
Atos 10:44-47 descreve: “Ainda Pedro falava estas coisas quando caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, que vieram com Pedro, admiraram-se, porque também sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo; pois os ouviam falando em línguas e engrandecendo a Deus. Então, perguntou Pedro: ‘Porventura, pode alguém recusar a água, para que não sejam batizados estes que, assim como nós, receberam o Espírito Santo?’” Mais tarde Pedro se refere a esta ocasião como prova de que Deus estava realmente salvando os gentios (Atos 15:7-11).
Falar em línguas em nenhum lugar da Bíblia é apresentado como um dom pelo qual todos os Cristãos devem esperar receber quando aceitam Jesus Cristo como seu Salvador e são, portanto, batizados no Espírito Santo. Na verdade, de todos os registros de conversões no Novo Testamento, apenas dois têm em seu contexto o falar em línguas. Falar em línguas era um dom milagroso que tinha um propósito específico por um certo período de tempo. Não era, e nunca foi, a evidência do recebimento do Espírito Santo.
Sabemos que só Deus deve ser adorado. Só Deus exige adoração, e só Deus merece adoração. A questão de se devemos adorar o Espírito Santo só pode ser respondida ao se determinar se o Espírito é Deus. Ao contrário das ideias de algumas seitas, o Espírito Santo não é apenas uma "força", mas uma personalidade. Ele é referido em termos pessoais (João 15:26; 16:7-8, 13-14). Ele age como um Ser com personalidade atuaria - Ele fala (1 Timóteo 4:1), Ele ama (Romanos 15:30), Ele ensina (João 14:26), Ele intercede (Romanos 8:26) e assim por diante.
O Espírito Santo possui a natureza da divindade - Ele compartilha os atributos de Deus. Ele não é nem angélico nem humano na sua essência. Ele é eterno (Hebreus 9:14). Ele é onipresente (Salmo 139:7-10). O Espírito é onisciente, isto é, Ele sabe de "todas as coisas, até mesmo as coisas mais profundas de Deus" (1 Coríntios 2:10-11). Ele ensinou aos apóstolos "todas as coisas" (João 14:26). Ele estava envolvido no processo de criação (Gênesis 1:2). O Espírito Santo é mencionado em associação íntima com o Pai e o Filho (Mateus 28:19, João 14:16). Como pessoa, pode-se mentir ao Espírito (Atos 5:3-4) e entristecê-lo (Efésios 4:30). Além disso, algumas passagens do Antigo Testamento que são atribuídas a Deus são aplicadas ao Espírito no Novo Testamento (ver Isaías 6:8 com Atos 28:25 e Êxodo 16:7 com Hebreus 3:7-9).
Uma Pessoa divina é digna de adoração. Deus é "digno de louvor" (Salmo 18:3). Deus é Grande e "digno de todo louvor" (Salmo 48:1). Somos ordenados a adorar a Deus (Mateus 4:10, Apocalipse 19:10; 22:9). Se, então, o Espírito é divindade, a terceira pessoa do nosso trino Deus, Ele é digno de adoração. Filipenses 3:3 nos diz que os verdadeiros crentes, aqueles cujos corações foram circuncidados, adoram a Deus pelo Espírito e se gloriam e alegram em Cristo. Aqui está uma bela imagem de adoração de todos os três membros da Trindade.
Como devemos adorar o Espírito Santo? Da mesma forma que adoramos o Pai e o Filho. O louvor cristão é espiritual, decorrente do trabalho interior do Espírito Santo ao qual respondemos quando oferecemos nossas vidas a Ele (Romanos 12:1). Adoramos o Espírito através de obediência aos Seus mandamentos. Referindo-se a Cristo, o apóstolo João explica que "Os que obedecem aos seus mandamentos permanecem nele, e ele neles. Deste modo sabemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos deu" (1 João 3:24). Vemos aqui a ligação entre obedecer a Cristo e o Espírito Santo que habita em nós, convencendo-nos de todas as coisas -- especialmente a nossa necessidade de adoração através de obediência -- e a nossa capacitação para a adoração.
A adoração é em si uma função do Espírito. Jesus diz que devemos adorar "em espírito e em verdade" (João 4:24). Os verdadeiramente espirituais são aqueles habitados pelo Espírito que testifica a nós que pertencemos a Ele (Romanos 8:16). Sua presença em nossos corações nos permite retornar adoração a Ele no Espírito. Estamos nEle assim como Ele está em nós, assim como Cristo está no Pai e o Pai está em nós através do Espírito (João 14:20, 17:21).
O cessacionismo é a visão de que os "dons milagrosos" de línguas e cura cessaram, ou seja, que o fim da era apostólica trouxe um fim aos milagres associados a esse período. A maioria dos cessacionistas creem que, embora Deus possa e ainda faça milagres hoje, o Espírito Santo não mais usa indivíduos para realizar sinais miraculosos.
O registro bíblico mostra que os milagres ocorreram durante períodos específicos para a finalidade específica de autenticar uma nova mensagem de Deus. Moisés foi capaz de fazer milagres para autenticar o seu ministério diante do Faraó (Êxodo 4:1-8). Elias executou milagres para autenticar o seu ministério diante de Acabe (1 Reis 17:1; 18:24). Os apóstolos executaram milagres para autenticar o seu ministério diante de Israel (Atos 4:10, 16).
O ministério de Jesus também foi marcado por milagres, chamados pelo Apóstolo João de "sinais" (João 2:11). O ponto de João é que os milagres eram provas da autenticidade da mensagem de Jesus.
Após a ressurreição de Jesus, à medida que a Igreja estava sendo estabelecida e o Novo Testamento estava sendo escrito, os apóstolos demonstraram "sinais", tais como línguas e o poder de curar. "Portanto, as línguas são um sinal para os descrentes, e não para os que creem; a profecia, porém, é para os que creem, e não para os descrentes" (1 Coríntios 14:22, um versículo que diz claramente que esse dom nunca teve a intenção de edificar a igreja).
O Apóstolo Paulo previu que o dom de línguas cessaria (1 Coríntios 13:8). Aqui estão seis provas de que já cessou:
1) Os apóstolos, por quem veio o dom de línguas, foram os únicos na história da igreja. Uma vez que o seu ministério foi finalizado, a necessidade de autenticar os sinais deixou de existir.
2) Os dons (ou sinais) de milagres só são mencionados nas primeiras epístolas, tal como 1 Coríntios. Os livros posteriores, como Efésios e Romanos, contêm passagens detalhadas sobre os dons do Espírito, mas o dom de milagres não é mencionado, embora Romanos mencione o dom da profecia. A palavra grega traduzida como "profecia" significa "proclamar" e não necessariamente inclui a previsão do futuro.
3) O dom de línguas foi um sinal para a descrente Israel de que a salvação de Deus estava agora disponível para outras nações. Veja 1 Coríntios 14:21-22 e Isaías 28:11-12.
4) O dom de línguas era um dom inferior ao da profecia (pregação). Pregar a Palavra de Deus edifica os crentes, ao passo que o dom das línguas não o faz. Os crentes são instruídos a buscar profetizar e não o falar em línguas (1 Coríntios 14:1-3).
5) A história indica que o dom de línguas cessou, pois os pais pós-apostólicos não o mencionaram de forma alguma. Outros escritores, tais como Justino Mártir, Orígenes, Crisóstomo e Agostinho, consideravam o sinal de línguas como algo que aconteceu apenas nos primeiros dias da Igreja.
6) A observação atual confirma que o milagre de línguas cessou. Se esse dom ainda estivesse disponível hoje, não haveria necessidade de missionários frequentarem uma escola de línguas. Os missionários seriam capazes de viajar para qualquer país e falar qualquer língua fluentemente, assim como os apóstolos foram capazes de fazer em Atos 2. Quanto ao dom miraculoso de cura, vemos nas Escrituras que a cura era associada com o ministério de Jesus e dos apóstolos (Lucas 9:1-2). E vemos que à medida em que a era dos apóstolos chegou a um fim, a cura, como línguas, tornou-se menos frequente. O apóstolo Paulo, o qual ressuscitou Êutico dos mortos (Atos 20:9-12), não curou Epafrodito (Filipenses 2:25-27), Trófimo (2 Timóteo 4:20), Timóteo (1 Timóteo 5:23) ou a si mesmo (2 Coríntios 12:7-9). As razões por que Paulo "falhou em curar" são: 1) o dom nunca teve a intenção de curar cada cristão, mas de autenticar o apostolado; e 2) a autoridade dos apóstolos tinha sido suficientemente provada, fazendo com que milagres adicionais fossem desnecessários.
Os motivos mencionados acima são provas do cessacionismo. De acordo com 1 Coríntios 13:13-14:1, faríamos bem em "buscar o amor", o maior dom de todos. Se buscarmos algum dom, devemos desejar pregar a Palavra de Deus para que todos sejam edificados.
O movimento carismático é um movimento de renovação interdenominacional cristão e é uma das forças mais populares e de mais rápido crescimento no mundo cristão de hoje. O movimento tem suas raízes em 1906, na missão da Rua Azusa em Los Angeles, Califórnia, um avivamento patrocinado pelos metodistas. Foi lá que as pessoas alegaram terem sido "batizadas pelo Espírito Santo" na mesma forma que em Atos capítulo 2, durante a celebração de Pentecostes. As pessoas falando em línguas e milagres de cura despertaram-nas a um frenesi espiritual. Os que estavam presentes nessas reuniões espalharam o seu entusiasmo por todo os Estados Unidos e o movimento pentecostal/carismático começou.
Pelo início dos anos 1970, o movimento se espalhou para a Europa, e durante a década de 1980, expandiu-se com um número de novas denominações evoluindo a partir dele. Não é incomum ver a sua influência em muitas outras denominações, tais como as batistas, episcopais, luteranas, assim como nas igrejas não-denominacionais.
O movimento tira o seu nome da palavra grega charis, que é a transliteração da palavra grega para "graça", e mata, a palavra grega que significa "dons". Charismata, então, significa "dons da graça". Ele enfatiza as manifestações dos dons do Espírito Santo como um sinal da Sua presença. Estes dons são também conhecidos como os "carismas" bíblicos, ou dons espirituais que supostamente dão a um indivíduo influência ou autoridade sobre um grande número de pessoas. Os dons de destaque entre esses "carismas" são falar em línguas e profetizar. Os carismáticos afirmam que as manifestações do Espírito Santo dadas àqueles na igreja do primeiro século ainda podem ser vividas e praticadas hoje.
O movimento carismático é mais conhecido por sua aceitação do falar em línguas (também conhecido como glossolalia), cura divina e profecias como evidência do Espírito Santo. A maioria das reuniões serve para orar e cantar de forma animada, dançar, gritar "no espírito" e levantar as mãos e os braços em oração. Além disso, ungir os enfermos com óleo é muitas vezes parte do culto de adoração. Estas são as principais razões para o crescimento do movimento e popularidade. Embora o crescimento e popularidade sejam certamente desejáveis, não podem ser usados como um teste para a verdade.
A questão permanece: é o movimento carismático bíblico? Podemos melhor responder a essa pergunta da seguinte maneira: sabemos que desde a criação da humanidade o plano-mestre insidioso de Satanás foi simplesmente colocar um véu entre os filhos de Deus e a inerrante Palavra de Deus. Tudo começou no Jardim do Éden, quando a serpente perguntou a Eva: "Deus realmente disse. . .?" (Gênesis 3:1), causando assim dúvidas quanto à autoridade e autenticidade do que Deus tinha dito. Desde aquele dia, ele continua a atacar a inerrância e suficiência da Bíblia. Sem dúvida, sabemos que Satanás tem intensificado o ritmo dessa estratégia (1 Pedro 5:8).
Hoje em dia, estamos testemunhando uma crescente presença de atividade demoníaca no reino do miraculoso. Onde Satanás não consegue tirar a Bíblia de nós, ele trabalha duro para tirar-nos da Bíblia. Ele faz isso simplesmente ao encorajar os cristãos a centralizarem a sua atenção sobre as reivindicações de homens e mulheres com alguma experiência sobrenatural. Como resultado, aqueles que buscam as experiências dos outros não têm nem tempo nem interesse em pesquisar as Escrituras pela verdade de Deus.
Não há como negar que Deus realiza milagres. Um pouco do que ocorre no movimento carismático pode muito bem ser uma verdadeira obra do Espírito Santo. No entanto, a verdade essencial é esta: o Corpo de Cristo não precisa de novos apóstolos, nem de novos curandeiros da fé, nem dos trabalhadores de milagres com o seu estilo próprio. O que a Igreja precisa é voltar para a Palavra de Deus e proclamar todo o conselho de Deus no poder e no amor do Espírito Santo.
Glossolalia, um fenômeno por vezes referido como "expressões de êxtase", é proferir sons ininteligíveis que se parecem com linguagem enquanto em um estado de êxtase. Glossolalia é muitas vezes confundido com xenoglossia, o qual é o bíblico "dom de línguas". No entanto, enquanto glossolalia é falar em um idioma inexistente, xenoglossia é a capacidade de falar fluentemente em uma língua nunca anteriormente aprendida.
Além disso, embora a xenoglossia não seja uma habilidade inata ou natural, estudos têm mostrado que a glossolalia é um comportamento aprendido. Uma pesquisa realizada pelo Centro Médico Luterano demonstra que a glossolalia é facilmente aprendida com instruções simples. Do mesmo modo, foi-se observado que os alunos puderam exibir "falar em línguas" na ausência de qualquer indicação de estupores ou comportamentos de transe. Um outro teste realizado com sessenta alunos mostrou que depois de escutar uma amostra de um minuto de glossolalia, 20 por cento dos alunos foram capazes de imitar os sons com precisão. Depois de algum treino, 70 por cento conseguiu.
A glossolalia pode ser observada em praticamente toda parte do mundo. Religiões pagãs por todo o globo são obcecadas com línguas, algumas delas são os Xamãs no Sudão, o culto Xangô da Costa Oeste da África, o culto Zor da Etiópia, o culto Vodu no Haiti e os aborígines da América do Sul e Austrália. Murmurar ou falar sons inteligíveis que soam como uma compreensão mística profunda por santos homens é uma prática antiga.
Existem basicamente dois aspectos para a glossolalia. O primeiro é falar ou murmurar em sons que se parecem com linguagem. Quase todo mundo é capaz de fazer isso, até mesmo crianças antes de aprenderem a falar podem imitar a linguagem real, embora de forma ininteligível. Não há nada de extraordinário nisso. O outro aspecto da glossolalia é o êxtase ou a demonstração de euforia em transe. Também não há nada de incomum sobre isso, embora seja mais difícil fazê-lo intencionalmente do que meramente proferir sons que se parecem com linguagem.
Há alguns cristãos, especialmente dentro do movimento pentecostal, que acreditam que exista uma explicação sobrenatural para a glossolalia semelhante ao descrito no Novo Testamento. Eles acreditam que o principal propósito do dom de falar em línguas é manifestar o Espírito Santo sendo derramado sobre eles, assim como no dia de Pentecostes (Atos 2), o que foi profetizado por Joel (Atos 2:17).
Entre as igrejas cristãs que defendem a prática da glossolalia de uma forma ou de outra, não há um acordo uniforme quanto ao seu funcionamento. Por exemplo, alguns insistem que realmente seja um dom do Espírito Santo, enquanto outros minimizam sua importância, dizendo que Paulo ensinou que o dom de "falar em línguas" não era tão importante quanto os outros dons do Espírito Santo (veja 1 Coríntios 13). Além disso, existem aqueles que desejam evitar a divisão da igreja em questões como essa e por isso não mencionam o assunto de forma alguma ou apenas descartam-no como uma simples experiência psicológica. Há também aqueles que consideram a glossolalia como um engano do próprio Satanás.
Línguas exóticas são ouvidas e compreendidas em todo o mundo, mas as línguas existentes não são ouvidas ou compreendidas quando faladas como "expressões de êxtase" ou "línguas". O que se ouve é uma profusão de engano, reivindicações, confusão e barulho. Simplesmente não podemos declarar, como no tempo da primeira igreja, que "ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos" (Atos 2:8).
Simplificando, a prática da glossolalia não é o dom de línguas bíblico. Paulo deixou claro que o principal objetivo do dom de falar em línguas era para ser um sinal para aqueles que não acreditam e para espalhar a boa notícia, o evangelho de Cristo (1 Coríntios 14:19, 22).
O Espírito Santo é conhecido por muitos nomes e títulos, a maioria dos quais denota alguma função ou aspecto do Seu ministério. Abaixo estão alguns dos nomes e descrições que a Bíblia usa para o Espírito Santo:
Autor da Escritura: (2 Pedro 1:21, 2 Timóteo 3:16) A Bíblia é inspirada, literalmente "soprada por Deus", pelo Espírito Santo, a terceira Pessoa da Trindade. O Espírito moveu os autores de todos os 66 livros para gravar exatamente o que Ele soprou em seus corações e mentes. Como um navio é movido pelas águas pelo vento em popa, assim os escritores bíblicos foram movidos pelo impulso do Espírito.
Consolador/Conselheiro/Ajudador: (Isaías 11:2, João 14:16, 15:26, 16:7) Todas as três palavras são traduções do grego parakletos, do qual temos "Paráclito", um outro nome para o Espírito. Quando Jesus foi embora, os discípulos ficaram muito tristes por terem perdido a Sua presença reconfortante. Entretanto, Ele prometera enviar o Espírito para confortar, consolar e orientar aqueles que pertencem a Cristo. O Espírito também "testifica" com os nossos espíritos que pertencemos a Ele e, assim, garante a nossa salvação.
Convencedor do Pecado: (João 16:7-11) O Espírito aplica as verdades de Deus às mentes dos homens a fim de convencê-los por argumentos justos e suficientes de que são pecadores. Ele faz isso através da convicção em nossos corações de que não somos dignos de estar diante de um Deus santo, de que precisamos de Sua justiça e de que a sentença é certa e virá a todos os homens um dia. Aqueles que negam essas verdades se rebelam contra a condenação do Espírito.
Depósito/ Selo/ Garantia: (2 Coríntios 1:22; 5:5, Efésios 1:13-14) O Espírito Santo é o selo de Deus sobre o Seu povo, Sua reivindicação sobre nós como pertencentes a Ele. O dom do Espírito para os crentes é uma entrada da nossa herança celestial, a qual Cristo nos prometeu e garantiu na cruz. É porque o Espírito nos selou que temos a certeza da nossa salvação. Ninguém pode quebrar o selo de Deus.
Guia: (João 16:13) Da mesma forma em que o Espírito guiou os escritores das Escrituras para registrar a verdade, assim Ele promete guiar os crentes a conhecer e compreender essa verdade. A verdade de Deus é "loucura" para o mundo, porque é "discernida espiritualmente" (1 Coríntios 2:14). Aqueles que pertencem a Cristo têm a habitação do Espírito que nos guia em tudo o que precisamos saber a respeito de assuntos espirituais. Aqueles que não pertencem a Cristo não têm um "intérprete" para orientá-los a conhecer e compreender a Palavra de Deus.
Habitador dos Crentes: (Romanos 8:9-11, Efésios 2:21-22, 1 Coríntios 6:19) O Espírito Santo habita nos corações do povo de Deus, e essa habitação é a característica distintiva da pessoa regenerada. De dentro dos crentes, Ele dirige, orienta, conforta e nos influencia, bem como produz em nós o fruto do Espírito (Gálatas 5:22-23). Ele fornece a conexão íntima entre Deus e Seus filhos. Todos os verdadeiros crentes em Cristo têm o Espírito residindo em seus corações.
Intercessor: (Romanos 8:26) Um dos aspectos mais encorajadores e confortantes do Espírito Santo é o Seu ministério de intercessão em nome daqueles em quem habita. Porque muitas vezes não sabemos o que ou como orar quando nos aproximamos de Deus, o Espírito intercede e ora por nós. Ele interpreta os nossos "gemidos", para que quando estivermos oprimidos e esmagados pelas provações e preocupações da vida, Ele se aproxime para prestar assistência assim como nos sustentar diante do trono da graça.
Revelador/Espírito da Verdade: (João 14:17, 16:13, 1 Coríntios 2:12-16) Jesus prometeu que, depois da ressurreição, o Espírito Santo viria "guiar em toda verdade". Por causa do Espírito em nossos corações, somos capazes de compreender a verdade, especialmente em assuntos espirituais, de uma maneira que os descrentes não podem. De fato, a verdade que o Espírito nos revela é "loucura" para eles, e não podem entendê-la. Entretanto, nós temos a mente de Cristo na Pessoa do Seu Espírito dentro de nós.
Espírito de Deus/o Senhor/Cristo: (Mateus 3:16, 2 Coríntios 3:17, 1 Pedro 1:11) Estes nomes nos ensinam que o Espírito de Deus é de fato parte da Santíssima Trindade e que é tanto Deus quanto o Pai e o Filho. Ele é o primeiro revelado a nós na criação, quando estava "pairando sobre as águas", denotando a Sua parte na criação, juntamente com a de Jesus, que "fez todas as coisas" (João 1:1-3). Vemos essa mesma Trindade de Deus novamente no batismo de Jesus, quando o Espírito desce sobre Jesus e a voz do Pai é ouvida.
Espírito de Vida: (Romanos 8:2) A frase "Espírito de vida" significa que o Espírito Santo é aquele que produz ou dá a vida, não o que inicia a salvação, mas sim o que concede novidade de vida. Quando recebemos a vida eterna por Cristo, o Espírito fornece o alimento espiritual que é o sustento da vida espiritual. Aqui, novamente, vemos o Deus trino trabalhando. Somos salvos pelo Pai através da obra do Filho, e essa salvação é sustentada pelo Espírito Santo.
Mestre: (João 14:26, 1 Coríntios 2:13) Jesus prometeu que o Espírito iria ensinar os seus discípulos "todas as coisas" e trazer à lembrança as coisas que disse enquanto ainda estava com eles. Os escritores do Novo Testamento foram movidos pelo Espírito para recordar e compreender as instruções que Jesus dera para a construção e organização da Igreja, as doutrinas sobre Si mesmo, as diretrizes para uma vida santa e a revelação das coisas futuras.
Testemunha: (Romanos 8:16, Hebreus 2:4; 10:15) O Espírito é chamado de "testemunha" porque verifica e atesta os fatos de que somos filhos de Deus, de que Jesus e os discípulos que realizaram milagres foram enviados por Deus e de que os livros da Bíblia são de inspiração divina. Além disso, ao dar os dons do Espírito aos crentes, Ele testemunha e confirma a nós e ao mundo que realmente pertencemos a Deus.
O Espírito Santo é referido como o "penhor", "selo" e "garantia" no coração dos cristãos (2 Coríntios 1:22; 5:5, Efésios 1:13-14; 4:30). O Espírito Santo é o selo de Deus sobre o Seu povo, a Sua reivindicação sobre nós como pertencentes a Ele. A palavra grega traduzida como "garantia" nestas passagens é arrhabōn que significa "penhor, entrada", isto é, parte do dinheiro de compra ou de propriedade dada antecipadamente como garantia para o resto. O dom do Espírito para os crentes é um sinal da nossa herança celestial que Cristo nos prometeu e garantiu na cruz. É porque o Espírito nos selou que temos a certeza da nossa salvação. Ninguém pode quebrar o selo de Deus.
O Espírito Santo é dado aos crentes como uma "primeira parcela" para assegurar-nos de que a nossa plena herança como filhos de Deus será entregue. O Espírito Santo nos é dado para confirmar que pertencemos a Deus, o qual nos concede o Seu Espírito como um dom, assim como Sua graça e fé são dons (Efésios 2:8-9). Através do dom do Espírito, Deus renova e nos santifica. Ele produz em nossos corações os sentimentos, esperanças e desejos que são evidência de que somos aceitos por Deus, que somos considerados Seus filhos adotivos, que a nossa esperança é genuína e que a nossa redenção e salvação são certas da mesma forma que um selo garante um testamento ou acordo. Deus concede-nos o Seu Espírito Santo como o penhor certo de que somos Seus para sempre e seremos salvos no último dia. A prova da presença do Espírito é a Sua transformação no coração que produz o arrependimento, o fruto do Espírito (Gálatas 5:22-23), a conformidade com os mandamentos e vontade de Deus, uma paixão pela oração e louvor, assim como amor pelo Seu povo. Essas coisas são as evidências de que o Espírito Santo renovou o coração e que o cristão está selado para o dia da redenção.
Por isso, é através do Espírito Santo, Seus ensinamentos e poder orientador que somos selados e confirmados até o dia da redenção, completos e livres da corrupção do pecado e da morte. Porque temos o selo do Espírito em nossos corações, podemos viver com alegria, confiantes de nosso lugar certo em um futuro que contém glórias inimagináveis.
Quando falamos dos bíblicos dons de sinais, estamos nos referindo a milagres como falar em línguas, visões, cura, ressuscitar os mortos e profetizar. Entre os crentes isso não é uma questão de se existiam ou não, pois a Bíblia os descreve claramente. No entanto, eles discordam entre si quanto à sua finalidade, bem como se devemos vivenciá-los hoje. Alguns dizem que esses dons são um sinal da nossa salvação, enquanto outros dizem que são um sinal do batismo do Espírito Santo, e ainda outros dizem que sua finalidade é autenticar a mensagem do evangelho. Como podemos saber o que é verdade? Devemos examinar as Escrituras para aprender o que Deus diz sobre essas coisas.
Uma das primeiras referências a dons de sinais presentes na Bíblia é encontrada em Êxodo 4, quando Moisés está sendo instruído por Deus sobre a libertação iminente do Egito. Moisés estava preocupado que as pessoas não acreditariam que Deus o enviara, por isso Deus lhe deu os sinais da haste tornando-se uma serpente e sua mão tornando-se leprosa. Deus disse sobre os sinais: "Isso é para que eles acreditem que o Deus dos seus antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó, apareceu a você" (v. 5). Se as pessoas ainda não acreditassem, Deus disse a Moisés para tirar água do Nilo e derramá-la no chão, onde se tornaria sangue (v. 9). O propósito era que os filhos de Israel acreditassem no mensageiro de Deus.
Deus também deu a Moisés sinais milagrosos para mostrar a Faraó a fim de que o líder egípcio libertasse o povo. Em Êxodo 7:3-5, Deus disse a Moisés que multiplicaria Seus sinais e maravilhas no Egito, pois "os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando eu estender a minha mão contra o Egito e tirar de lá os israelitas." Deus queria que o povo egípcio soubesse que Ele era o único por trás da libertação dos israelitas. Em Êxodo 10:7, Moisés disse a Faraó que a praga final, a que mataria o primogênito, tinha o objetivo de mostrar que Deus fazia uma distinção entre os egípcios e os israelitas. Os sinais e maravilhas confirmaram a mensagem de Deus ao Faraó e aos egípcios para que soubessem que Moisés tinha sido enviado por Deus.
Quando Elias enfrentou os falsos profetas no Monte Carmelo (1 Reis 18), ele orou para que Deus milagrosamente enviasse fogo do céu para que as pessoas soubessem "que tu és Deus em Israel e que sou o teu servo e que fiz todas estas coisas por ordem tua....para que este povo saiba que tu, ó Senhor, és Deus, e que fazes o coração deles voltar para ti" (v. 36-37). Os milagres que ele e os outros profetas realizaram foram uma confirmação de que Deus havia lhes enviado e estava trabalhando entre os israelitas.
Joel recebeu uma mensagem do juízo de Deus sobre Israel, e dentro dessa mensagem havia uma profecia de misericórdia e esperança. Quando o julgamento veio como profetizado, e as pessoas responderam com arrependimento, Deus disse que iria remover os julgamentos e restaurar a Sua bênção: "Então vocês saberão que eu estou no meio de Israel. Eu sou o Senhor, o seu Deus, e não há nenhum outro; nunca mais o meu povo será humilhado" (Joel 2:27). Imediatamente após essa declaração, Deus falou sobre derramar o Seu Espírito sobre o povo para que profetizassem, tivessem visões e vissem maravilhas acontecendo. Quando os discípulos começaram a falar em línguas no dia de Pentecostes (Atos 2:1-21), Pedro declarou: "isto é o que foi predito pelo profeta Joel." Qual era o propósito? Que as pessoas soubessem que a mensagem trazida por Pedro e os outros era realmente de Deus.
O ministério de Jesus foi acompanhado por vários sinais e maravilhas. Qual era o propósito de Seus milagres? Em João 10:37-38, Jesus estava respondendo aos judeus que queriam apedrejá-lo por blasfêmia, e Ele disse: "Se eu não realizo as obras do meu Pai, não creiam em mim. Mas se as realizo, mesmo que não creiam em mim, creiam nas obras, para que possam saber e entender que o Pai está em mim, e eu no Pai". Assim como no Antigo Testamento, o propósito dos milagres de Jesus era confirmar a mão de Deus em Seu Mensageiro.
Quando os fariseus pediram a Jesus que lhes mostrasse um sinal, Jesus disse: "Uma geração perversa e adúltera pede um sinal miraculoso! Mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal do profeta Jonas. Pois assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre de um grande peixe, assim o Filho do homem ficará três dias e três noites no coração da terra. Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração e a condenarão; pois eles se arrependeram com a pregação de Jonas, e agora está aqui o que é maior do que Jonas" (Mateus 12:39-41). Jesus deixou bem claro que o propósito de um sinal era para que as pessoas reconhecessem a mensagem de Deus e respondessem adequadamente. Da mesma forma, em João 4:48, Ele disse ao nobre: "Se vocês não virem sinais e maravilhas, nunca crerão." Os sinais foram uma ajuda para aqueles que tinham dificuldade para acreditar, mas a mensagem da salvação em Cristo era o foco.
Esta mensagem de salvação foi descrita por Paulo em 1 Coríntios 1:21-23: "Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana, agradou a Deus salvar aqueles que creem por meio da loucura da pregação. Os judeus pedem sinais miraculosos, e os gregos procuram sabedoria; nós, porém, pregamos a Cristo crucificado, o qual, de fato, é escândalo para os judeus e loucura para os gentios." Os sinais têm a sua finalidade, mas são um meio para um fim maior -- a salvação das almas através da pregação do evangelho. Em 1 Coríntios 14:22, Paulo afirma claramente que "as línguas são um sinal para os descrentes." Deus usou sinais milagrosos como falar em línguas para convencer os incrédulos de que a mensagem de Cristo era a verdade, mas como o resto do contexto mostra, a coisa mais importante foi a declaração clara da mensagem do evangelho.
Uma coisa que é muitas vezes ignorada nas discussões sobre sinais e milagres é o seu momento e colocação nas Escrituras. Ao contrário da crença popular, as pessoas nos tempos bíblicos não viam milagres o tempo todo. Na verdade, os milagres da Bíblia são geralmente agrupados em torno de interações especiais de Deus com a humanidade. A libertação de Israel do Egito e a entrada na Terra Prometida foram acompanhadas por muitos milagres, mas eles desapareceram logo depois. Durante os últimos anos do reino, quando Deus estava prestes a colocar o povo no exílio, Ele permitiu que alguns dos Seus profetas fizessem milagres. Quando Jesus veio viver entre nós, Ele fez milagres, e no início do ministério dos apóstolos, eles fizeram milagres, mas fora desses momentos, vemos pouquíssimos milagres ou sinais na Bíblia. A grande maioria das pessoas que viveram nos tempos bíblicos nunca viu sinais e maravilhas com seus próprios olhos. Elas tinham que viver pela fé no que Deus já havia lhes revelado.
Na igreja primitiva, os sinais e maravilhas eram principalmente centrados na primeira apresentação do evangelho entre os vários grupos de pessoas. No dia de Pentecostes, lemos que havia "judeus, tementes a Deus, vindos de todas as nações do mundo" reunidos em Jerusalém (Atos 2:5). Foi a estes judeus, que tinham sido criados em outras terras e falavam línguas estrangeiras (v. 6-11), que o sinal de línguas foi primeiramente dado. Eles reconheceram que estavam ouvindo em suas línguas nativas sobre as obras maravilhosas de Deus, e Pedro disse-lhes que a única resposta apropriada era de se arrepender de seus pecados (v. 38). Quando o evangelho foi apresentado pela primeira vez entre os samaritanos, Filipe fez sinais e maravilhas (Atos 8:13).
Mais uma vez, quando Pedro foi enviado a Cornélio, um gentio, Deus deu um sinal miraculoso para confirmar a Sua obra. "Os judeus convertidos que vieram com Pedro ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo fosse derramado até sobre os gentios, pois os ouviam falando em línguas e exaltando a Deus" (Atos 10:45-46). Quando Pedro foi questionado pelos outros apóstolos, ele deu isso como evidência da direção de Deus, e os outros "louvaram a Deus, dizendo: ‘Então, Deus concedeu arrependimento para a vida até mesmo aos gentios!’" (Atos 11:18).
Em todos os casos, os dons de sinais foram uma confirmação da mensagem e do mensageiro de Deus para que as pessoas pudessem ouvir e crer. Uma vez que a mensagem foi confirmada, os sinais desapareciam. Normalmente não precisamos que esses sinais sejam repetidos em nossas vidas, mas precisamos receber a mesma mensagem do evangelho.
A Bíblia descreve Deus como "um fogo consumidor" (Hebreus 12:29), então não é surpreendente que o fogo apareça frequentemente como um símbolo da presença de Deus. Exemplos incluem a sarça ardente (Êxodo 3:2), a glória Shekinah (Êxodo 14:19; Números 9:14-15) e a visão de Ezequiel (Ezequiel 1:4). O fogo tem muitas vezes sido um instrumento do julgamento de Deus (Números 11:1, 3; 2 Reis 1:10, 12) e um sinal do Seu poder (Juízes 13:20; 1 Reis 18:38).
Por razões óbvias, o fogo era importante para os sacrifícios do Antigo Testamento. O fogo sobre o altar do holocausto era uma dádiva divina, tendo sido aceso originalmente pelo próprio Deus (Levítico 9:24). Deus encarregou os sacerdotes de manter o Seu fogo aceso (Levítico 6:13) e deixou claro que o fogo de qualquer outra fonte era inaceitável (Levítico 10:1-2).
No Novo Testamento, o altar pode servir como um retrato de nosso compromisso com o Senhor. Como crentes em Jesus Cristo, somos chamados a oferecer nossos corpos como um "sacrifício vivo" (Romanos 12:1) rodeados pelo dom divino: o fogo inextinguível do Espírito Santo. No início do Novo Testamento, o Espírito Santo é associado com o fogo. João Batista acredita que Jesus vai ser o único que "batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mateus 3:11). Quando o Espírito Santo começou o Seu ministério da habitação da igreja primitiva, Ele escolheu aparecer como "línguas de fogo" descansando em cada um dos crentes. Naquele momento, "Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava" (Atos 2:3-4).
O fogo é uma figura maravilhosa da obra do Espírito Santo. O Espírito é como um fogo em pelo menos três maneiras: Ele traz a presença de Deus, a paixão de Deus e a pureza de Deus. O Espírito Santo é a presença de Deus por habitar no coração do crente (Romanos 8:9). No Antigo Testamento, Deus mostrou a Sua presença aos israelitas quando inundou o tabernáculo com fogo (Números 9:14-15). Esta presença ardente fornecia luz e orientação (Números 9:17-23). No Novo Testamento, Deus guia e conforta os Seus filhos com o Espírito Santo habitando em nossos corpos -- o "tabernáculo" e o "templo do Deus vivo" (2 Coríntios 5:1; 6:16).
O Espírito Santo cria a paixão de Deus em nossos corações. Depois que os dois discípulos viajantes conversaram com o Jesus ressurreto, eles descreveram seus corações como "ardendo dentro de nós" (Lucas 24:32). Depois que os apóstolos receberam o Espírito em Pentecostes, eles passaram a ter uma paixão que dura uma vida e impele-os a proclamar a palavra de Deus com ousadia (Atos 4:31).
O Espírito Santo produz a pureza de Deus em nossas vidas. O propósito de Deus é nos purificar (Tito 2:14) e o Espírito é o agente da nossa santificação (1 Coríntios 6:11, 2 Tessalonicenses 2:13, 1 Pedro 1:2). Como o artesão usa o fogo para limpar as impurezas do metal precioso, assim também Deus usa o Espírito para remover os nossos pecados (Salmo 66:10, Provérbios 17:3). O Seu fogo limpa e refina.
Um erro comum cometido em relação ao Espírito Santo encontra-se em referir-se ao Espírito como "algo", o que a Bíblia nunca faz. O Espírito Santo é uma pessoa. Ele tem os atributos de personalidade, executa as ações de pessoas e tem relações pessoais. Ele tem entendimento (1 Coríntios 2:10-11). Ele sabe das coisas, o que requer um intelecto (Romanos 8:27). Ele tem uma vontade (1 Coríntios 12:11). Ele convence do pecado (João 16:8). Ele faz milagres (Atos 8:39). Ele guia (João 16:13). Ele intercede entre as pessoas (Romanos 8:26). Ele é para ser obedecido (Atos 10:19-20). Pode-se mentir a Ele (Atos 5:3), resisti-lo (Atos 7:51), entristecê-lo (Efésios 4:30), blasfemá-lo (Mateus 12:31) e até mesmo insultá-lo (Hebreus 10:29). Ele se relaciona com os apóstolos (Atos 15:28) e com cada membro da Trindade (João 16:14, Mateus 28:19, 2 Coríntios 13:14). A personalidade do Espírito Santo é apresentada sem qualquer dúvida na Bíblia, mas qual o seu sexo?
Linguisticamente, é claro que a terminologia teísta masculina domina as Escrituras. Ao longo de ambos os testamentos, as referências a Deus usam pronomes masculinos. Os nomes específicos de Deus (ex: Yahweh, Elohim, Adonai, Kurios, Theos, etc.) estão todos no gênero masculino. Deus nunca recebe um nome feminino e nunca é mencionado com pronomes femininos. O Espírito Santo é mencionado no masculino em todo o Novo Testamento, embora a palavra para "espírito" por si só (pneuma) seja na verdade neutra. A palavra hebraica para "espírito" (ruach) é feminina em Gênesis 1:2. Entretanto, o gênero de uma palavra em grego ou hebraico não tem nada a ver com a identidade do gênero.
Teologicamente falando, já que o Espírito Santo é Deus, podemos fazer algumas afirmações sobre Ele a partir de afirmações gerais sobre Deus. Deus é espírito, em oposição ao físico ou material. Deus é invisível e espírito (ou seja, sem corpo) - (João 4:24, Lucas 24:39; Romanos 1:20, Colossenses 1:15, 1 Timóteo 1:17). É por isso que nenhuma coisa material jamais podia ser usada para representar Deus (Êxodo 20:4). Se o gênero é um atributo do corpo, então um espírito não tem sexo. Deus, em Sua essência, não tem sexo.
As identificações do gênero de Deus na Bíblia não são unânimes. Muitas pessoas pensam que a Bíblia apresenta Deus em termos exclusivamente masculinos, mas esse não é o caso. O livro de Jó retrata Deus dando à luz e Isaías o retrata como uma mãe. Jesus descreveu o Pai sendo como uma mulher em busca de uma moeda perdida em Lucas 15 (e Ele mesmo como uma "galinha" em Mateus 23:37). Em Gênesis 1:26-27 Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”, e então “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Assim, a imagem de Deus era masculina e feminina - e não apenas uma ou a outra. Isso é confirmado em Gênesis 5:2, o qual pode ser traduzido literalmente como "Ele os criou homem e mulher; quando foram criados, ele os abençoou e os chamou de Adão." O termo hebraico "adão" significa "homem" - com o contexto mostrando se significa "homem" (em oposição à mulher) ou "humanidade" (no sentido coletivo). Portanto, em qualquer grau que a humanidade seja feita à imagem de Deus, o gênero não é um problema.
No entanto, o retrato masculino na revelação não é sem significado. A segunda vez que foi especificamente dito que Deus se revelava através de uma imagem física foi quando Jesus recebeu o pedido de mostrar o Pai aos discípulos em João capítulo 14. Ele responde no versículo 9, dizendo: "Quem me vê, vê o Pai." Paulo deixa claro que Jesus era a imagem exata de Deus em Colossenses 1:15 ao chamar Jesus de "a imagem do Deus invisível." Este versículo é colocado em uma seção que demonstra a superioridade de Cristo sobre toda a criação. A maioria das religiões antigas acreditava num panteão - deuses e deusas - que era digno de adoração. No entanto, uma das marcas distintivas do Cristianismo judaico é a sua crença em um Criador supremo. A linguagem masculina melhor exemplifica esta relação do criador com a criação. Assim como um homem entra em uma mulher para engravidá-la, assim Deus cria o universo ao invés de criá-lo de dentro de si mesmo. . . Assim como uma mulher não pode engravidar a si mesma, da mesma forma o universo não pode criar a si mesmo. Paulo transmite essa ideia em 1 Timóteo 2:12-14 quando se refere à ordem da criação como um modelo para a ordem da igreja.
No final, qualquer que seja a nossa explicação teológica, o fato é que Deus usou exclusivamente termos masculinos para se referir a si mesmo e quase que exclusivamente terminologia masculina em metáforas. Por meio da Bíblia Ele nos ensinou a como nos dirigirmos a Ele, e isso foi em termos relacionais masculinos. Assim, embora o Espírito Santo não seja nem masculino nem feminino em sua essência, Ele é devidamente mencionado no masculino em virtude de Sua relação com a criação e revelação bíblica. Não há absolutamente nenhuma base bíblica para enxergar o Espírito Santo como o membro "feminino" da Trindade.
O papel do Espírito Santo no Antigo Testamento é muito parecido com o seu papel no Novo Testamento. Quando falamos do papel do Espírito Santo, podemos discernir quatro áreas gerais nas quais o Espírito Santo trabalha: 1) regeneração, 2) habitação (ou enchimento), 3) contenção e 4) capacitação para o serviço. Evidências dessas áreas do trabalho do Espírito Santo são tão presentes no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento.
A primeira área do trabalho do Espírito está no processo de regeneração. Uma outra palavra para regeneração é "renascimento", do qual obtemos o conceito de “nascer de novo”. O texto de prova clássico para isto pode ser encontrado no evangelho de João: "Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo" (João 3:3). Isso levanta a questão: o que isso tem a ver com a obra do Espírito Santo no Antigo Testamento? Mais tarde, em seu diálogo com Nicodemos, Jesus diz-lhe: "Você é mestre em Israel e não entende essas coisas?" (João 3:10). O ponto que Jesus estava destacando é que Nicodemos deveria saber a verdade de que o Espírito Santo é a fonte de vida nova porque isso é revelado no Antigo Testamento. Por exemplo, Moisés disse aos israelitas antes de entrar na Terra Prometida que "O Senhor, o seu Deus, dará um coração fiel a vocês e aos seus descendentes, para que o amem de todo o coração e de toda a alma e vivam" (Deuteronômio 30:6). Esta circuncisão do coração é a obra do Espírito de Deus e pode ser realizada somente por Ele. Vemos também o tema da regeneração em Ezequiel 11:19-20 e Ezequiel 36:26-29.
O fruto do trabalho regenerador do Espírito é a fé (Efésios 2:8). Agora sabemos que havia homens de fé no Antigo Testamento porque Hebreus 11 nomeia muitos deles. Se a fé é produzida pelo poder regenerador do Espírito Santo, então este deve ser o caso dos santos do Antigo Testamento, os quais olhavam adiante para a cruz, acreditando que o que Deus havia prometido em relação à sua redenção iria acontecer. Eles viram as promessas "de longe e de longe as saudaram" (Hebreus 11:13), aceitando pela fé que Deus realizaria o que prometera.
O segundo aspecto da obra do Espírito no Antigo Testamento é habitar, ou seja, encher. Aqui é onde a principal diferença entre os papéis do Espírito no Antigo e Novo Testamento é aparente. O Novo Testamento ensina a habitação permanente do Espírito Santo nos crentes (1 Coríntios 3:16-17; 6:19-20). Quando colocamos nossa fé em Cristo para a salvação, o Espírito Santo vem morar dentro de nós. O Apóstolo Paulo chama isso de habitação permanente, a "garantia da nossa herança" (Efésios 1:13-14). Em contraste com este trabalho no Novo Testamento, a habitação no Antigo Testamento era seletiva e temporária. O Espírito "apoderava-se" de certas pessoas do Antigo Testamento como Josué (Números 27:18), Davi (1 Samuel 16:12-13) e até Saul (1 Samuel 10:10). No livro de Juízes, vemos o Espírito "apoderando-se" dos vários juízes que Deus tinha levantado para libertar Israel de seus opressores. O Espírito Santo veio sobre estes indivíduos para tarefas específicas. A habitação era um sinal do favor de Deus sobre aquele indivíduo (no caso de Davi), e se o favor de Deus abandonava uma pessoa, o Espírito sairia (por exemplo, no caso de Saul em 1 Samuel 16:14). Finalmente, o Espírito "apoderando-se" de um indivíduo nem sempre indicava a condição espiritual da pessoa (por exemplo: Saul, Sansão e muitos dos juízes). Assim, enquanto no Novo Testamento o Espírito só habita os crentes e de uma forma permanente, o Espírito veio sobre certos indivíduos do Antigo Testamento para uma tarefa específica, independentemente da sua condição espiritual. Uma vez que a tarefa foi concluída, o Espírito presumivelmente saía dessa pessoa.
O terceiro aspecto da obra do Espírito no Antigo Testamento é a Sua contenção do pecado. Gênesis 6:3 parece indicar que o Espírito Santo restringe a pecaminosidade do homem, e que essa restrição pode ser removida quando a paciência de Deus sobre o pecado chegar a um "ponto de ebulição". Este pensamento é repetido em 2 Tessalonicenses 2:3-8, quando no fim dos tempos uma crescente apostasia vai sinalizar a vinda do juízo de Deus. Até o tempo predeterminado quando o "homem do pecado" (v. 3) será revelado, o Espírito Santo restringe o poder de Satanás e o soltará apenas quando fazê-lo cumprir os Seus propósitos.
O quarto e último aspecto da obra do Espírito no Antigo Testamento é a concessão da capacidade para o serviço. Muito parecido com a maneira em que os dons espirituais operam no Novo Testamento, o Espírito capacita certos indivíduos para o serviço. Considere o exemplo de Bezalel em Êxodo 31:2-5, o qual foi dotado para fazer muito do trabalho de arte relacionado com o Tabernáculo. Além disso, recordando a habitação seletiva e temporária do Espírito Santo discutida acima, vemos que estes indivíduos foram dotados para executar determinadas tarefas, assim como reinar sobre o povo de Israel (por exemplo, Saul e Davi).
Poderíamos mencionar também o papel do Espírito na criação. Gênesis 1:2 fala do Espírito "pairando sobre as águas" e superintendendo a obra da criação. De forma semelhante, o Espírito é responsável pela obra da nova criação (2 Coríntios 5:17) ao trazer pessoas ao reino de Deus através da regeneração.
Ao todo, o Espírito em grande parte realiza na nossa época atual as mesmas funções que nos tempos do Antigo Testamento. A principal diferença é a habitação permanente do Espírito nos crentes agora. Como Jesus disse a respeito dessa mudança no ministério do Espírito: "Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês" (João 14:17).
Na verdade, existem três listas bíblicas dos "dons do Espírito", também conhecidos como dons espirituais. As três principais passagens que descrevem os dons espirituais são Romanos 12:6-8, 1 Coríntios 12:4-11 e 1 Coríntios 12:28. Os dons espirituais identificados em Romanos 12 são profetizar, servir, ensinar, incentivar, dar, liderança e misericórdia. A lista em 1 Coríntios 12:4-11 inclui a palavra de sabedoria, a palavra de conhecimento, fé, cura, poderes miraculosos, profecia, discernimento dos espíritos, falar em línguas e a interpretação de línguas. A lista em 1 Coríntios 12:28 inclui curar, ajuda, governos, variedade de línguas. Uma breve descrição de cada dom segue:
Profecia - A palavra grega traduzida como "profetizar" ou "profecia" em ambas as passagens corretamente significa "proclamar" ou declarar a vontade divina, interpretar os propósitos de Deus, ou tornar conhecida de forma alguma a verdade de Deus que é projetada para influenciar as pessoas. A ideia de predizer o futuro foi adicionada em algum momento da Idade Média e é uma contradição de outras passagens bíblicas que condenam adivinhação ou predizer o futuro (Atos 16:16-18).
Servir - Também conhecida como "ministério", a palavra grega diakonian, da qual obtemos a palavra "diácono", significa um serviço de qualquer espécie, a aplicação generalizada de uma ajuda concreta às pessoas necessitadas.
Ensinar - Este dom envolve a análise e a proclamação da Palavra de Deus, explicando o seu significado, contexto e aplicação à vida do ouvinte. O mestre talentoso é aquele que tem a capacidade especial de instruir e comunicar conhecimento de forma clara, especificamente as doutrinas da fé.
Encorajamento - Também chamado de "exortação", este dom é evidente naqueles que consistentemente encorajam outras pessoas a prestar atenção e seguir a verdade de Deus. Isso pode envolver correção ou edificar outras pessoas através do reforço da fé fraca ou do conforto durante tribulações.
Repartir – Ter o dom de repartir se aplica àqueles que alegremente compartilham o que têm com os outros, quer seja de forma material, financeira, ou o seu tempo e atenção pessoal. O doador se preocupa com as necessidades dos outros e procura oportunidades de compartilhar os bens, dinheiro e tempo conforme a necessidade surja.
Liderança - O líder talentoso é aquele que governa, preside ou tem a gestão de outras pessoas na igreja. A palavra significa literalmente "guia" e traz consigo a ideia de alguém que dirige um navio. O que possui o dom de liderança governa com sabedoria e graça e exibe o fruto do Espírito em sua vida ao liderar com o próprio exemplo.
Misericórdia - Intimamente ligado com o dom de encorajamento, o dom de misericórdia é óbvio naqueles que são compassivos com pessoas que estão em angústia, mostrando simpatia e sensibilidade juntamente com o desejo e os recursos para diminuir seu sofrimento de uma maneira afável e alegre.
Palavra de sabedoria - O fato de que este dom é descrito como a "palavra" de sabedoria indica que é um dos dons de falar. Este dom descreve alguém que pode compreender e proclamar a verdade bíblica de tal forma a aplicá-la habilmente a situações da vida com todo o discernimento.
Palavra de conhecimento - Este é um outro dom de falar que envolve compreender a verdade com um entendimento que só vem por revelação de Deus. Aqueles com o dom do conhecimento entendem as coisas profundas de Deus e os mistérios de Sua Palavra.
Fé - Todos os crentes possuem fé em alguma medida porque é um dos dons do Espírito concedidos a todos os que vêm a Cristo por fé (Gálatas 5:22-23). O dom espiritual da fé é exibido por aquele que possui uma forte e inabalável confiança em Deus, sua Palavra, suas promessas e o poder da oração para efetuar milagres.
Cura - Embora Deus ainda cure hoje, a capacidade dos homens para produzir curas milagrosas pertencia aos apóstolos da igreja do primeiro século com o propósito de afirmar que sua mensagem era de Deus. Os cristãos de hoje não têm o poder de curar os doentes ou ressuscitar os mortos. Se tivessem, os hospitais e necrotérios estariam cheios dessas pessoas "dotadas" esvaziando as camas e caixões em toda parte.
Poderes miraculosos - Também conhecido como a operação de milagres, este é um outro temporário dom de sinal que envolvia a realização de eventos sobrenaturais que só poderiam ser atribuídos ao poder de Deus (Atos 2:22). Este dom foi exibido por Paulo (Atos 19:11-12), Pedro (Atos 3:6), Estêvão (Atos 6:8), Filipe (Atos 8:6-7), entre outros.
Distinguir (discernir) os espíritos - Algumas pessoas possuem a habilidade única para distinguir a verdadeira mensagem de Deus da do enganador, Satanás, cujos métodos incluem doutrina enganosa e errada. Jesus disse que muitos viriam em seu nome e enganariam a muitos (Mateus 24:4-5), mas o dom de discernir espíritos é dado à Igreja para protegê-la de falsos mestres.
Falar em línguas - O dom de línguas é um dos temporários "dons de sinais" dados à Igreja primitiva para permitir que o evangelho fosse pregado em todo o mundo a todas as nações e em todas as línguas conhecidas. Envolvia a capacidade divina de falar em línguas até então desconhecidas ao falante. Este dom autenticava a mensagem do evangelho e aqueles que a pregavam como provenientes de Deus. A frase "diversidade de línguas" ou "diferentes tipos de línguas" efetivamente elimina a ideia de uma "linguagem de oração pessoal" como um dom espiritual.
Interpretação de línguas - Uma pessoa com o dom de interpretação de línguas podia entender o que o falador em línguas estava dizendo embora não conhecesse a língua que estava sendo falada. O intérprete de línguas então comunicaria a mensagem do falador para todos os outros, para que todos pudessem entender.
Ajuda – Esse dom é intimamente relacionado com o dom de misericórdia. Aqueles com o dom de ajuda são os que podem ajudar ou prestar assistência a outros na igreja com compaixão e graça. Isso tem uma ampla gama de possibilidades de aplicação. Mais importante, esta é a capacidade especial de identificar aqueles que estão lutando com dúvidas, medos e outras batalhas espirituais; de se aproximar daqueles em necessidade espiritual com uma palavra gentil e uma atitude compreensiva e compassiva; de falar verdade bíblica que seja ao mesmo tempo convencedora e amorosa.
É definitivamente louvável que os filhos de Deus desejem conhecer os dons espirituais que lhes foram dados pelo Espírito Santo com o propósito de servir e glorificar a Deus (2 Timóteo 1:6). Ao mesmo tempo, a Bíblia não indica que o(s) dom(ns) espiritual(is) possam ser determinados através de um teste. As muitas avaliações dos dons espirituais funcionam primariamente da mesma maneira. A pessoa fazendo o teste simplesmente responde a uma lista de afirmações ou perguntas. Depois de todas as questões serem respondidas, um valor numérico é atribuído às escolhas de resposta, então calculado, e esse número determina o(s) dom(ns) espiritual(is). Em contraste, a Bíblia ensina que o Espírito Santo concede dons espirituais de acordo com a Sua vontade, de acordo com o que Ele escolheu que o crente use para ministrar aos outros.
Um dos problemas com a abordagem de testar o dom espiritual é que, entre os cristãos de hoje, existem muitas opiniões diferentes sobre o assunto dos dons espirituais, tais como quantos são, exatamente o que significam, se alguns dons são inativos e se deve-se incluir os dons de Cristo à Sua Igreja (Efésios 4:11) na lista dos dons espirituais. Raramente essas questões são abordadas nestas avaliações. Uma outra consideração é que, com muita frequência, as pessoas tendem a se enxergar de forma diferente de como outras pessoas as enxergam, o que pode significar um resultado falso na avaliação de seus dons espirituais.
Um terceiro problema com o uso desta abordagem para determinar dons espirituais é que esses dons vêm de Deus através do Espírito Santo e o Espírito é quem os dá a quem escolhe (1 Coríntios 12:7-11). Em João 16:13, Jesus promete aos crentes que o Espírito Santo irá guiá-los em toda a verdade. É lógico que, já que o Espírito Santo é quem decide quem recebe os dons, Ele é muito mais interessado em que descubramos quais os nossos dons do que nós mesmos. Na verdade, a nossa própria curiosidade de quão "dotados" somos muitas vezes é motivada por pensamentos vãos de nossa própria importância. Por outro lado, o desejo do Espírito Santo de que conheçamos os nossos dons espirituais é sempre para o melhor, para que possamos funcionar no corpo de tal forma que traga honra e glória ao Pai.
Se estivermos realmente buscando a direção de Deus através da oração, comunhão, estudo da Palavra de Deus e ensino dos servos de Deus, os nossos dons se tornarão evidentes. Deus nos dá os desejos do nosso coração (Salmo 37:4). Isso não significa necessariamente que Deus nos dá tudo o que desejamos - ao contrário, que Ele pode e vai nos dar os próprios desejos. Ele pode colocar dentro dos nossos corações o desejo de ensinar, o desejo de repartir, o desejo de orar, o desejo de servir, etc. Quando agimos baseados nesses desejos, e temos um verdadeiro compromisso com a Sua glória no uso de nossos dons, resultados positivos resultarão - o corpo de Cristo será edificado e Deus será glorificado.